Fernandão e o amargo sabor da derrota

Grêmio e Inter estão como irmãos siameses, coladinhos. Se um empate, o outro empata; se vence, o outro também vence; e se perde, não dá outra: é derrota certa do outro. Assim, ou morrem abraçados, ou se lambuzam juntos com uma vaga na Libertadores 2013.

Título mesmo, que é bom, fica para a próxima temporada.

O Inter, com seu time misto, perdeu por 1 a 0, um resultado aceitável, normal. Ruim mesmo é empatar ou perder em casa para equipes modestas. É ruim, mas faz parte do mundo do futebol.

Se acontecesse só com os nossos clubes, seria preocupante. Mas acontece com todo mundo. O líder Atlético Mineiro não conseguiu vencer o Goianiense, que jogou boa parte com um jogador a menos.

A gurizada colorada, tão festejada pelos ufanistas de plantão, não soube o que fazer diante de uma equipe mais gabaritada.

São uns legítimos flanelinhas. Cumpriram honrosamente seu papel. O Inter vai crescer no campeonato, sem dúvida.

Ao contrário do Grêmio, o Inter tem como reforçar sua equipe. O Grêmio tem apenas o Facundo, que está fazendo falta, e o Júlio César, que ainda vai demorar para voltar, mas quando isso acontecer será recebido com um tapete azul.

Mas há um porém, o Inter ainda vai perder jogadores importantes para as seleções.

Nesse aspecto, o risco do Grêmio é menor. Problema mesmo são os cartões amarelos que o Kleber ainda pedindo pra receber. O ataque do Grêmio sem o Kleber, único que dribla e ousa, fica reduzido a chutões para a área.

A rodada termina com o quarteto de ouro do Grêmio sofrendo sua primeira derrota. E com Fernandão experimentando pela primeira vez o sabor de uma derrota como treinador.

Dos dois resultados, o pior foi o do Grêmio, porque ser batido pela Portuguesa, que dói de ruim, é lamentável.

GROHE

Marcelo Grohe foi atacado duramente pelo Paulo Sant’Ana mais uma vez. Como já fez outras vezes, Sant’ana pegou o Marcelo para Cristo. Não importa que o Gilberto Silva perdeu um gol feito ou que o Grêmio pouco exigiu de verdade do goleiro Dida, apesar de amplo domínio.

Estoura no goleiro. Antes, sobrava para o Victor. Boa parte da torcida ficou feliz de ver o Victor pelas costas, inclusive o Sant’Ana. Estão em boa companhia.

Grohe, já escrevi aqui há tempo, é um bom goleiro. Se tiver paz e sequencia, poderá um dia ser um grande goleiro. Mas se continuar essa perseguição, ele cai no meio do caminho.

Se Victor que é o Victor, não tinha unanimidade, não será o Marcelo Grohe que a terá.

Faz parte do futebol. Alguns esqueceram, mas Danrlei não era do agrado de parte da torcida.

O importante, agora, é dar tranquilidade ao Grohe para que ele cresça, assim como Muriel vem crescendo.

Goleiro é normalmente mais sensível, precisa de afeto, compreensão.

Contra o SP Grohe foi destaque. Salvei meu time , o Alfredo, no Cartola graças a ele. Depois, o mantive contra a Portuguesa. Aí, me quebrei.

Mas vou seguir dando força ao Grohe. Até porque as opções são uma incógnita.

VIAGEM

Estou seguindo na manhã desta sexta-feira para o oeste catarinense. Por isso, devo ficar ausente do boteco. Deixo a chave com vocês. Comportem-se.

Fim do encanto do quadrado mágico

O quadrado mágico resistiu menos tempo do que a gente pensava. O quarteto individual havia vencido todos os jogos e indicava que o Grêmio até pudesse brigar pelo título caso não sofresse muito com lesões dos titulares e suspensões.

A derrota por 2 a 1, dentro de casa, contra o time aquele em que Marco Antônio era craque, foi um balde de água gelada no sonho de terminar o ano festejando um título.

Nenhum time que ambicione título e investiu uma fortuna em reforços pode perder em sua própria casa para um time tão modesto quanto esse da Lusa.

Nem o fato de o Grêmio ter jogado praticamente todos os 90 minutos no campo do adversário serve como atenuante. Ao contrário, é inaceitável jogar tão próximo da área inimiga quase todo o tempo e marcar apenas um gol.

Kleber e Elano foram os únicos que tentaram, e conseguiram, vitórias pessoais no drible. No mais, tapinha na bola pra cá, tapinha pra lá, e bolas alçadas pra área. Poucas vezes aquela bola mais pesada, em curva, que dificulta para a zaga e para o goleiro.

Não é por nada que os dois zagueiros da Portuguesa estão entre os melhores em campo, assim como o veterano Dida.

Aliás, parece que os jogadores gremistas fizeram um pacto no vestiário talvez para homenagear o goleiro de três Copas do Mundo. Era um tal de levantar a bola e bater escanteio na pequena área, onde Dida, por sua altura e experiência, é quase imbatível.

Então, o Grêmio foi insistente, buscou o gol, mesmo de forma errada, mas buscou, e merecer vencer. Contra o São Paulo, a vitória foi coisa dos deuses do futebol, porque o Grêmio pouco fez para voltar com três pontos do Morumbi.

Hoje, o Grêmio mereceu vencer, apesar da insistência em consagrar Dida e seus zagueiros com bolas pelo alto, e acabou derrotado.

A Portuguesa tem todos os méritos pelo esforço, aplicação tática, e felicidade nas poucas vezes que conseguiu ingressar na área gremista. Mas é preciso destacar o trabalho do árbitro, que deixou de marcar um pênalti, talvez até dois, sobre André Lima.

Tem ainda o lance da mão num cruzamento pela esquerda, em que o zagueiro saltou com os braços abertos e a bola bateu em sua mão. Questão de interpretação. O problema é que na dúvida esse juiz pouca prática sinalizou sempre contra o Grêmio.

Temos então que houve o encontro da arbitragem incompetente com o time incompetente, e isso nunca termina bem.

Guardiola, a piada do dia

A piada do dia vem da Espanha. Com apoio de Ronaldo, que anda metendo o nariz em tudo que é negócio, a CBF estaria tentando a contratação de Guardiola para a seleção no lugar de Mano.

É uma piada sem graça, mas eu não duvido de mais nada no futebol. De repente, tem gente pensando mesmo nisso, conforme informa o jornal Sport, que inclusive publica comentários de Guardiola sobre o assunto. Ele também trata o assunto sem seriedade, ao menos por enquanto.

Não vejo chance de Guardiola dar certo aqui: primeiro, porque para implantar o estilo de jogo do Barcelona demora muito tempo e tempo aqui no Brasil é algo raro para os treinadores; segundo, ele teria de trazer junto o Messi e o Iniesta pelo menos; por fim, seria difícil para a turma fazer esquema com um técnico vindo do exterior e que talvez não esteja acostumado com certas coisas.

Portanto, sigo rindo dessa notícia.

BEIRA-RIO

Só não dá pra rir da decisão de manter o estádio colorado aberto para jogos. É uma temeridade. Se acontecer uma tragédia, todos os que aprovaram essa aberração vão tirar o corpo fora.

A começar pelos jornalistas que apoiam escancaradamente a decisão e a maioria que fica em silêncio, um silêncio conivente, cúmplice, mas que os deixa numa posição confortável para criticar depois se for o caso.

FERNANDO

O melhor jogador do Grêmio, na média, tem sido Fernando. Eu que não dava um tostão por ele quando o vi jogar no junior, hoje me penitencio com toda a humildade. Trata-se de um grande jogador. O melhor volante do futebol brasileiro.

Agora, ele não foi bem nos dois ou três últimos jogos. Quer dizer, não jogou todo o futebol que vinha jogando e foi substituído. Ainda assim, jogou mais do que alguns dos seus colegas de time, a começar pelos dois laterais.

Mas já tem gente dizendo que ele não pode ser titular. Um absurdo.

O Grêmio hoje tem alguns jogadores incontestáveis: Fernando, Souza, Kleber, Moreno, Zé Roberto, Elano, Gilberto Silva, que está me surpreendendo, Werley e Marcelo Grohe.

Quer dizer, nada menos do que 9 jogadores. Isso significa que o Grêmio está podendo.

Só não aguento ouvir gente questionando o Fernando. Só pode ser piada.

ou sacanagem pra enfraquecer o time.

Salvação no finalzinho

Uma vitória quando tudo se encaminha para derrota ou empate é bom demais.

Sensação comparável a essa só as que senti muitas vezes no século passado quando saía à noite qual um vampiro em busca de sangue. No fim da balada – naquela tempo a gente dizia festa -, quando eu estava ali no zero a zero, comemorando o empate com a frase ‘empate fora de casa é vitória’, eis que surgia uma ovelha desgarrada, solitária, louca por um aconchego, lançando um olhar convidativo ou até intimativo, quase uma ordem.

Claro que nunca era a gata dos sonhos, mas um gol quando o garçom começa a colocar as cadeiras sobre as mesas é vitória de goleada.

Foi o que senti quando André Lima fez 2 a 1 no finalzinho do jogo contra o São Paulo. Foi o que sentiram os colorados, imagino, com o gol de Mike no final, sufocando as vaias que explodiriam se o time ficasse no 1 a 1 com a Ponte Preta.

Foram gols de fim de festa. Gols valiosos que acrescentam três pontos aos dois clubes, que continuam colados um no outro como irmãos siameses.

Se o Inter cumpriu sua obrigação, o Grêmio conseguiu quase um milagre.

Um milagre que começou com a decisão de Luxemburgo colocar Marquinhos na meia, sacando Fernando e posicionando Zé Roberto mais atrás.

Era metade do segundo tempo, e o Grêmio que até ali era presa fácil para o apenas esforçado time do São Paulo, começou a ganhar corpo no jogo. Mas ainda assim parecia impossível reverter o resultado. Imaginava que um empate já estaria de bom tamanho.

Kleber, o melhor jogador em campo disparado, cavou um escanteio. Marquinhos cobrou e Werley, a descoberta de Luxemburgo, desviou de Ceni.

O empate assustou o adversário. O Grêmio ganhou personalidade. Mas o jogo se encaminhava para o empate. Até que Zé Roberto, que não foi tão bem dessa vez, cruzou na medida para Kleber cabecear nos pés de André Lima, sempre tão criticado, mas sempre útil. Milagre! O Grêmio estava vencendo o SP.

Curioso é que Grêmio e Inter fizeram seus gols finais quase ao mesmo tempo.

Devo reconhecer que Marquinhos mais uma vez entrou muito bem. Foi com a sua entrada na equipe que o time começou a ganhar o meio de campo.

O ponto fraco continua sendo as laterais. Os dois até marcam bem, mas ofensivamente, quando o time precisa de uma jogada pelas pontas, Edilson e Pará ficam devendo. Até acertam um ou outro lance, mas é pouco.

LIDERANÇA

Enquanto isso, o Atlético Mineiro superou um começo de crise entre o presidente do clube e RG e bateu o Vasco, livrando quatro pontos de diferença. O gol da vitória foi de Jô. RG foi o melhor campo. O Atlético tem sete pontos a mais que o Grêmio, e oito de diferença sobre o Inter.

O time está acertado, quase não tem problemas com lesões e cartões.

A continuar assim, tem tudo para ser campeão.

TEQUILA

Mano Menezes não vai resistir. A seleção chegou à final das Olimpíadas sem convencer, ao menos a mim. A vitória sobre Honduras foi um crime, parecia Robin Hood roubando dos pobres.

Sábado, o castigo. O time da tequila venceu o da terra da cachaça.

Os falsos brilhantes ficaram ofuscados com o futebol eficiente e objetivo dos mexicanos.

Mano vai cair. Não sei se é justo ou não, mas é assim que funciona.

Seu sucessor não escapa desta lista: Luxemburgo, Felipão, Muricy e Tite.

Vai pesar muito as influências políticas de cada um.

Os falsos brilhantes de Mano

Sempre que paira no ar esse clima de euforia que envolve a seleção brasileira, dá nisso. Frustração.

Houve algo parecido quando o Inter foi para o mundial de clubes pensando em decidir o título com a Inter, ignorando que havia um Mazembe no meio do caminho.

Confesso que pouco vi das olimpíadas até agora. Pelo pouco que assisti, percebi o entusiasmo com a seleção armada por Mano Menezes era exagerado, coisa típica de ufanistas.

Os colorados, então, com o desprezado Juan, Sandro, Oscar, Damião e Pato – será que esqueci algum ex-colorado? – estavam no céu, já vislumbrando o inédito ouro olímpico no futebol com meio time colorado.

Em função disso, muitos gremistas estavam indiferentes ou secavam o Brasil. Gre-Nal também na Olimpíada.

Lembro que véspera do jogo contra Honduas participei de um programa de debate na rádio Guaíba. Os outros participantes, os colorados da mesa em especial, previam vitória fácil.

Eu questionei sobre esse entusiasmo. Também acreditava que o Brasil venceria, mas não com aquele espírito de ‘já ganhou’ que havia no programa.

– Não vi futebol para tanta certeza na vitória -, enfatizei.

No dia seguinte, o Brasil precisou da ajuda da arbitragem para vencer Honduras.

Era para ter caído ali, longe das medalhas.

A seleção é boa, mas tem alguns nomes que comprometem. O goleiro, o zagueiro Juan e o lateral Rafael, tão confiável quanto o Gabriel, ou o Nei.

Do meio pra frente, só vejo um jogador inquestionável: Neymar.

Os demais são bons ou muito bons, mas diante de uma marcação mais firme e contra um adversário de um nível superior a Honduras, por exemplo, já não brilham tanto.

Mostram que são, na realidade, falsos brilhantes.

Foi o que aconteceu nesta manhã de verão, digo, de inverno em Porto Alegre, onde a temperatura gira em torno dos 30 graus.

O time mexicano é compenetrado, aplicado e eficiente. Nada mais do que isso.

Mas bastou para ofuscar os falsos brilhantes brasileiros.

No final das contas, a medalha de prata ficou de bom tamanho.

Mas duvido que o comando da CBF concorde comigo: sem a medalha de ouro, cai o Mano.

Muricy, que desprezou a seleção antes pode mudar de ideia se receber o convite de outro são-paulino, o Marins.

Depois, Felipão, Luxemburgo e Tite.

GRENALIZAÇÃO NO MPE

De um lado, promotores complicando a Arena, questionando as obras do entorno e, acreditem, o seu custo.

De outro, promotores defendendo a interdição do Beira-Rio.

Há empates e empates

Há empates e empates. Empatar em casa, ainda por cima com o Náutico, é ruim, e só não é pior quando a arbitragem anula um gol legítimo do modesto adversário, tão modesto que ninguém houve seu berro e a imprensa silencia cumpliciada.

Já o empate fora, num campo que mais parece um potreiro, e contra uma Ponte Preta motivada, até pode ser bom.

No caso do Grêmio, que ficou no 0 a 0 com o time de Campinas, seu primeiro empate no Brasileirão, o resultado não chega a ser ruim, mas também não pode ser comemorado.

Afinal, o Grêmio foi melhor, criou situações de gol suficientes para fazer ao menos um gol, um mísero golzinho que o levaria a encostar no Fluminense e a ficar a apenas 5 pontos do líder Atlético Mineiro.

O empate, pelo que houve no primeiro tempo, até seria saudado como vitória, mas o segundo tempo deixou a sensação de que poderia ser melhor, que os três pontos eram possíveis. E justos. Merecidos.

Está aí o melhor da noite: o Grêmio fez, talvez, o seu melhor segundo tempo desde que a dupla Elano/Zé Roberto foi formada. Pela segunda vez seguida, os dois terminaram o jogo. E terminaram correndo e jogando como guris em começo de carreira. Deu gosto de ver Zé Roberto correndo como um moleque pela lado esquerdo. Até o gol que perdeu deve ser desculpado.

E o que dizer de Elano, o melhor negócio do Grêmio nos últimos tempos? Aquele drible desconcertante que ele deu quase no final – repito, quase no final, quando as pernas normalmente se fazem de desentendidas diante das ordens do cérebro -, e depois cruzando uma bola suave e precisa para o cabeceio de Kleber.

Parecia um sonho, que virou pesadelo quando o goleiro insensível à beleza da jogada mandou a bola pra longe, impedindo o gol que seria o complemento ideal ao lance.

O jogo mostrou outras coisas positivas: por exemplo, Pará mostrou que na direita rende mais, talvez o suficiente para ser titular. Marquinhos, que eu já quis ver pelas costas, tem dado sinais de vida. Está mostrando que pode ser uma alternativa para o segundo tempo. E só para o segundo tempo.

Enfim, o Grêmio está mostrando que pode realmente brigar pelo quarto, ou no máximo, terceiro lugar do Brasileirão.

Imaginar que pode algo mais do que isso com esse grupo, é sinal de fanatismo cego ou otimismo delirante e febril.

Por favor, não esqueçam de me cobrar.

Fim da lua-de-mel?

A torcida colorada anda impaciente. Vaiou o time e, por tabela, o técnico Fernandão – ou será o contrário, vaiou Fernandão e por tabela o time? – no empate por  0 a 0 com o glorioso Náutico.

Sinal de fim de lua-de-mel?

O empate foi um resultado para deixar todo mundo ‘aflito’ no Inter. Fernandão garantiu: “Não se recupera ponto perdido em casa’. E ponto perdido fora de casa se recupera?

Questão profunda para um debate infinito nos botecos da vida.

Agora, é realmente desanimador para o torcedor colorado ver o time todo embalado por uma série de resultados positivos mesmo desfalcado, ficar só no empate com a modesta equipe pernambucana.

O pior é que poderia ter sido pior, com o perdão da redundância. No primeiro tempo, Araújo pegou rebote de Muriel e mandou para a rede. O juiz anulou atendendo marcação de impedimento do bandeirinha.

Lance difícil, assim como foi o lance do gol anulado do Bahia sobre o Grêmio e que gerou tanta onda da parcela vermelha da imprensa, que não recuou apesar de imagens posteriores revelarem que Fahel estava mesmo impedido.

Araújo, viu-se no repeteco da TV, estava em posição legal. Nada como um dia depois do outro.

Mais adiante, Nei teria sofrido um pênalti. O juiz nada marcou. Li nos sites da ZH e do CP comentários sobre o jogo. Nenhum deles disse que o gol foi mal anulado. Mas não esqueceram do tal pênalti sobre Nei, que deve mesmo ter ocorrido, por que não?

Esse é o campeonato brasileiro com mais erros de arbitragem dos últimos tempos, talvez de todos os tempos.

O que chama a atenção também é essa insistência colorada de seguir jogando em seu estádio em ruínas, local mais propício a campeonato de motocross.

Além do risco que as pessoas correm, conforme destaca o MP e ignora a valorosa Federação comandada por Noveletto, o Inter não consegue aproveitar a vantagem de jogar no que resta do seu estádio.

O empate com o Náutico mostra que o Inter não está conseguindo fazer valer em sua plenitude o fator local.

Então, por que não jogar em outro lugar?

No mínimo, será menos arriscado, mais saudável.

A proposta infeliz da BM

Está no site do governo gaúcho:

A Brigada Militar (BM), por motivos de segurança, propõe que no próximo Gre-Nal, a ser realizado em 26 de agosto, no Estádio Beira-Rio, do Sport Clube Internacional, pelo Campeonato Brasileiro, somente os torcedores do clube anfitrião estejam presentes. Conforme o subcomandante-geral da BM, coronel Altair de Freitas Cunha, as obras no estádio tornam o policiamento mais difícil, e a presença de torcidas adversárias tende a provocar situações de conflito.

Está correta a BM: realmente é mais difícil controlar as torcidas num Gre-Nal, ainda mais num estádio em obras. Ostapumes podem ser derrubados, permitindo acesso a pedras, madeiras, etc.

Agora, no momento em que liberou o Beira-Rio para jogos, a BM não pode selecionar quais jogos podem ser realizados no estádio.

A BM está acostumada a trabalhar em situações de conflito, em casos muito mais complexos e perigosos.

Se tivesse agido com o rigor do Ministério Público que optou pela interdição do estádio, a BM não teria que vir a público agora com essa proposta de ter uma jogo para apenas uma torcida.

Por um lado, a BM não deixa de ter razão. Qualquer Gre-Nal tem componentes explosivos. Não é um jogo comum. Todo cuidado é pouco, medidas preventivas devem ser tomadas.

Não será grande o número de gremistas no Beira-Rio em obras. O estádio tem hoje capacidade para 21 mil torcedores, segundo divulga o Inter. Que se destine ao Grêmio uns mil ingressos. Não é tão difícil conter massa com essa dimensão.

Portanto, não há motivo para não reservar um espaço à torcida do Grêmio.

Em último caso, que se transfira o jogo para outro local.

O que não pode é aceitar um jogo pelo Campeonato Brasileiro ser disputado com apenas um torcida.

A CBF precisa intervir.

Haverá um desequilíbrio importante na competição caso o Gre-Nal se realize apenas com torcedores colorados no estádio. O que não pode é o Grêmio ser prejudicado porque o estádio colorado está em obras em pleno Campeonato Brasileiro.

Se fosse o contrário, eu diria a mesma coisa.

Existe uma saída: que o segundo Gre-Nal seja realizado no Olímpico apenas com a torcida do Grêmio. Teríamos, então, o equilíbrio restabelecido.

O que não pode ser admitido é um jogo apenas com a torcida do Inter, e o outro com as duas torcidas.

Seria o caso de apelar para o tal estatuto do torcedor.

Mas acredito que o bom senso irá prevalecer.

DAMIÃO

Há tempo que sou fã do Leandro Damião. Hoje, fez mais dois gols pela seleção olímpica. Sua cotação deu salto no mercado do futebol. Logo irá aparecer algum clube oferecendo 100 milhões de reais por ele.

Fico imaginando o Giovani Luigi nadando no dinheiro, em cédulas de ouro, imitando o Tio Patinhas mergulhando em seu cofre de moedas.

Damião é mais um exemplo de como as direções do Inter têm sido tão superiores as do Grêmio. Ou possuem melhores olheiros pelo Brasil.

Damião estava ali em SC dando mole. Oscar também.

O Inter foi lá e agora é cada vez mais o primo rico do futebol gaúcho.

A inveja é uma m.

Enfim, uma arbitragem a favor

Foi a pior partida do Grêmio com o seu quarteto de ouro no meio de campo. Penso que isso é indiscutível.

Para vencer, foi preciso uma ajuda da arbitragem.

Foi a primeira vez no Brasileiro que o Grêmio, tão prejudicado em alguns jogos, é favorecido.

Agora, não é tanto assim quanto esbravejam os baianos ou enfatizam a todo instante determinados analistas de jogo e de arbitragem.

O segundo gol do Bahia foi anulado porque o bandeira viu impedimento na jogada. Marcelo Grohe deu o rebote e Fael em posição regular mandou para a rede. Ao seu lado, na linha de visão do bandeira, Zé Roberto em claro impedimento. Outro detalhe: Fahel pareceu que saía de posição de impedimento quando recebeu a bola vinda de Grohe.

Não ouvi ninguém questionar a decisão antes de haver o repeteco do lance na TV. Portanto, é daqueles lances que não podem servir para condenar uma arbitragem, por ser de difícil visualização na hora.

O time baiano reclamou também do gol de Souza. Na cobrança de escanteio, que não teria existido, Souza cabeceou e a bola bateu nas costas de Kleber e entrou. Kleber estaria em impedimento, quase ao lado do goleiro. Mas não vi o atacante empurrando ou segurando o goleiro, conforme ouvi alguns dizendo.

É outro lance que só ficou ‘claro’ depois do repeteco. Na hora ninguém viu a bola desviando em Kleber, e até agora não sei se ele estava mesmo em posição irregular.

O fato é que foram dois lances complicados, que o juiz, ao contrário do que tem acontecido, dessa vez pendeu para o Grêmio.

Ao longo do campeonato o Grêmio deixou de somar pontos por causa de decisões de arbitragem. E isso vai acontecer mais vezes, a favor e contra.

A ruindade campeia.

KLEBER

Talvez o maior erro desse juiz do Espírito Santo foi não ter expulsado Kleber por uma entrada grosseira no goleiro, ainda no primeiro tempo. Ele poderia ter dado o vermelho direto, mas optou pelo amarelo. Não sei se a imagem do lance não resulte em punição maior ao Kleber, não sei.

A entrada de Kleber, violenta e espalhafatosa, não combina com o seu comportamento atual. Lembrou o velho Kleber do Palmeiras. Tentei entender e na hora lembrei que no minuto anterior ele roubou uma bola no meio de campo, Elano avançou com ela ao seu lado. Kleber corria livre esperando o passe. Elano preferiu concluir e mandou para fora. Kleber gesticulou reclamando. Elano pediu desculpas.

Depois da entrada no goleiro e do cartão amarelo, Elano se aproximou de Kleber para conversar. Teria sido esse o motivo da dura entrada do atacante no goleiro do Bahia?

ELANO E ZÉ ROBERTO

A dupla que elevou o nível técnico do time gremista conseguiu ficar em campo os 90 minutos. Depois da vitória por 3 a 1 e dos três pontos, foi o que de melhor aconteceu no Olímpico. Foi um jogo pegado, o Bahia cresceu muito no segundo tempo e fez por merecer um empate. Zé Roberto e Elano resistiram bem, em especial Elano, principal jogador em campo.

Como prova de que estava bem fisicamente, no finalzinho Elano meteu uma bola açucarada para Moreno marcar um golaço, com muita categoria.

SUBSTITUIÇÕES

É grave depender de Léo Gago e Marquinhos para resolver um jogo encrencado. O time precisava alguém para driblar, partir pra cima da zaga. Rondinelly seria a melhor opção.

Melhor ainda o Facundo Bertoglio, que está para voltar ao time. Ele seria uma excelente alternativa para quebrar o futebol burocrático do time.

Outro problema são as laterais. Pará realmente só quebra o galho. Edilson é um pouco melhor, mas foi só Caio Jr colocar um driblador em cima dele que já abriu um rombo na defesa.

Penso que aí Luxemburgo demorou a agir. Deveria ter encostado alguém para ajudar Edilson.

Depois, Tony entrou. Foi só para mostrar que Edilson é o melhor que o time tem para a lateral-direita.

INTER

Ouvi um torcedor dizendo na rádio Guaíba que estava feliz com a vitória, mas principalmente pelo fato de o time continuar na frente do Inter na classificação. Ele gritou: “Eles nunca vão nos ultrapassar”.

Pois eu não tenho dúvida nenhuma que o Inter vai passar o Grêmio, e não vai demorar.

O time misto do Inter, sob o comando de Fernandão, está surpreendendo. Vencer o Palmeiras fora não é fácil, que o diga o Grêmio.

Fernandão está dando sorte, sem dúvida, mas o importante é que o Inter, sem seu goleador e seu maestro, está pontuando no campeonato.

Com sua força máxima, o Inter vai garantir um lugar no G-4. E talvez até brigar pelo título.

Bons tempos

Há uns cinco ou seis anos o pessoal do Correio do Povo realizou um Gre-Nal no campo do Zequinha.

Um jogaço. Meu time, o Grêmio, goleou o Inter.

Foi um retumbante e inesquecível 8 a 2.

Os destaques do jogo: eu, com a camisa número 18, o goleiro Chico Izidro e uns carinhas que fizeram os gols.

No segundo tempo, dei uma chegada mais forte num neguinho bom do time deles. Me senti um Lugano.

Depois, tem um lance em que exibo parte do meu futebol exuberante. Um Mauro Galvão.

Bons tempos. Confiram que vale a pena: