Olímpico, companheiro e testemunha de fortes emoções

O Olímpico me lembra um domingo de sol na cara no tempo em que não havia a arquibancada superior, e ninguém falava em protetor solar.

Corriam os anos 70, quer dizer, se arrastavam. A cada ano, mais um título colorado, mais uma frustração. Mais uma dor no peito, como uma medalha com a agulha rasgando a carne.

Sou um sobrevivente dos anos de chumbo. Sobrevivi ao massacre colorado, que empilhou títulos regionais e conquistou três brasileiros, e ainda saí ileso dos efeitos maléficos do sol em excesso.

Quando comecei a viver o Olímpico, vindo de Lajeado – eu e o meu amigo Ricardo Marmitt -, eram anos terríveis. Era o tempo de Loivo, o “Coração de Leão’, como narrava Milton Jung ao microfone então imbatível da rádio Guaíba.

Admito que raras são as imagens que preservo daquele tempo de dinheiro curto como a esperança de um título naquele tempo de dominação vermelha.

Uma delas é quase um pesadelo: Loivo, aguerrido como sempre, rouba uma bola na linha do meio de campo e corre rumo à área, pela esquerda, em diagonal. É perseguido por zagueiros furiosos.

O goleiro sai até o risco da grande área. Era o momento colocar o pé embaixo da bola e buscar o gol por cobertura. Loivo chutou no corpo do goleiro. No corpo de goleiro!

Não me lembro quem era o adversário, menos ainda o resultado. Só não esqueço a minha irritação com esse lance. Xinguei Loivo e suas futuras gerações, sobrando até para o Milton Jung, com quem tive a honra de trabalhar alguns anos depois.

Comecei a descobrir ali, naquele dia distante do início da década de 70, que eu, um guri pacato vindo do Interior, que me associara ao Grêmio mais pelas piscinas do que pelo futebol, tinha um lado animal que até então desconhecia.

Foi esse mesmo animal que escapuliu quase num final de Gre-Nal, Olímpico lotado, o sol fritando os miolos. Quarenta e poucos do segundo tempo, O a O, a bola é lançada na área gremista e ele – vocês sabem a quem me refiro – salta mais alto que todo mundo e cabeceia para a rede. Gol. Gol de Escurinho, claro.

Não lembro quem era o goleiro, quem eram os zagueiros, só me lembro que um torcedor colorado se ergueu à minha frente, uns quatro lances de arquibancada na geral, e vibrou. Foi uma vibração contida, que ele em seguida tentou disfarçar. Mas era tarde.

Meu radinho de pilha, que naquele tempo custava caro, já estava voando na direção dele, que logo foi cercado por meia dúzia de gremistas e levou uns cascudos pra aprender a se comportar no meio da sofrida torcida adversária.

Perdi o jogo, perdi o radinho.

Mas nem tudo era só sofrimento. Em 1977, quando eu ainda cursava jornalismo na Ufrgs, a série de títulos que o Inter empilhava chegou ao fim. E o fim começou com Oberdan desembarcando e afirmando, sereno e ameaçador, que a partir daquele momento ninguém mais faria gols de cabeça no Grêmio. “Quem manda na área sou eu”, repetiu.

O Inter, com seus dois títulos nacionais, finalmente foi batido. Iúra, que está na minha seleção de todos os tempos, lançou André Catimba pela meia esquerda. Gol. Foi minha primeira grande emoção no futebol.

O próprio Olímpico parecia vibrar ao ritmo de sua torcida, como se torcida e estádio fossem um só.

Por pouco não invadi o campo antes do final como fizeram centenas de gremistas tão ou mais sofridos que eu.

Aquele 25 de setembro marcou a minha primeira grande alegria no Olímpico Monumental.

Depois, vieram outras, como as vitórias que levaram o time a conquistar o Brasileiro de 1981 contra o São Paulo – que tinha a metade da seleção brasileira – em pleno Morumbi, golaço do grande Baltazar. Comando do estrategista Ênio Andrade.

Nesse período eu já trabalhava como repórter esportivo na Folha da Tarde, onde ingressei no final de 1978, quando me desliguei do quadro social do Grêmio.

Carrego comigo a convicção de que contribuí para essa conquista memorável que abriu o caminho do mundo para o Grêmio. Mostrei um loirinho endiabrado do time junior ao distraído técnico Orlando Fantoni, o ‘titio Fantoni’, que gostou da dica e investiu no ponta Odair.

Ao lado de outros setoristas gremistas da época fiz campanha para que a gurizada da base jogasse em lugar dos ‘estrangeiros’ Uchoa e Dirceu, por exemplo. Com isso, apareceram Paulo Roberto, Casemiro, Paulo César e outros.

Em 1983, o ano mais glorioso do Grêmio: Libertadores e Mundial de Clubes. Eu estava sendo ressarcido com juros e correção monetária de todo o sofrimento da década de 70.

Enfim, o Olímpico faz parte da minha história, da minha vida. Ali vivi momentos de alegria e de tristeza; de realizações e frustrações. Situações que se intercalam como acontece na própria vida de cada um.

Hoje, quando olho para esse gigante de concreto fico com dificuldade para entender como algo tão majestoso, tão… olímpico, precisa desaparecer.

Um dia, naquele lugar, serão erguidos prédios muito altos, tão altos que darão a impressão de que tocam as nuvens, mas eu tenho a sensação de que nunca os verei realmente.

Acredito mesmo que, até o último dos meus dias, sempre que eu passar pela ‘rótula do Papa’ ainda estarei enxergando, com absoluta nitidez, tendo ao fundo o azul das manhãs mais radiantes, o velho Olímpico Monumental, companheiro e testemunha de algumas das mais fortes emoções que senti ao longo da vida.

Avalanche ameaçada

Empunhando uma resolução editada em outubro – sim, há pouco mais de um mês – a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros decidiram colocar água no chopp do Grêmio, e justamente na semana Gre-Nal.

As duas instituições, ambas de alto nível de respeitabilidade, não poderiam anunciar em hora mais inoportuna essa decisão de impedir a manutenção do espaço destinado aos avalanchistas.

Querem obrigar o Grêmio a colocar cadeiras na área da avalanche, que para quem não sabe é aquele movimento que faz um grupo de torcedores a cada gol tricolor.

Para quem não sabe ou se faz de desentendido, a avalanche já é uma marca registrada do Grêmio em território nacional. Uma ação invejada por uns e outros, alguns mais distantes e, principalmente, alguns próximos.

‘Isso é coisa de colorado’, ouvi de um gremista ao telefone logo que surgiu a notícia da iniciativa de BM e do Corpo de Bombeiros. Minutos depois já circulava na internet uma foto do comandante da BM fardado de colorado.

É claro que ele não agiu assim por ser colorado. Afinal, ocupa um cargo importante e não pode basear decisões sobre segurança pública em função de cor clubística. Se não me engano, foi o mesmo oficial que liberou o Beira-Rio em escombros para receber público. Mas é só uma coincidência, claro. Se ele não visse condições, com certeza teria interditado o estádio do seu clube. Com certeza.

Particularmente, acho a tal avalanche uma temeridade. E confesso que fiquei surpreso quando soube que haveria um espaço destinado a ela na Arena. Mas pelo que sei até hoje não aconteceu acidente durante essa manifestação de torcedores.

O que causa estranheza é que as duas entidades não tenham questionado o clube e a OAS há mais tempo sobre esse setor sem cadeiras. E que tenham agido somente agora, a duas semanas da inauguração da Arena, e a poucos dias do último jogo do Olímpico.

A BM e o CB estão contribuindo para esquentar ainda mais o clima na semana Gre-Nal.

O fato é que mais de 90% dos estádios de futebol da Europa seriam interditados pela BM e pelo nosso Corpo de Bombeiros com base na resolução recém editada e que não se resume à questão de acomodação de torcedores.

Agora, a mesma Justiça que liberou o Beira-Rio em obras para jogos de futebol vai dar ganho de causa ao Grêmio. Ou não?

Outra coisa: espero que a BM e o CB atuem com igual rigor em relação a inúmeros prédios públicos de alta circulação de pessoas e que não oferecem a mínima segurança.

Espero, também, que igual determinação ocorra para proteger os cidadãos nas ruas.

A comunidade agradece.

MONTILLO

Seria um grande reforço. O negócio envolve Marcelo Moreno. Troco agora.

ARBITRAGEM

Heber é complicado. Dá medo, mas medo pros dois lados. Ainda assim, prefiro ele a um árbitro gaúcho.

Homenagem ao Olímpico

Recebo do gremistão Henrique Caravantes o material abaixo. É um projeto muito interessante em homenagem ao Olímpico Monumental. Confiram:

Desde sua fundação o Estádio Olímpico, que passou a ser conhecido como Monumental após reforma na década de 1980, tem sido a casa do Grêmio Foot-ball Portoalegrense. E isso irá acabar.

Em 2012 chega ao fim uma Era de Ouro, uma Era Dourada na história do Grêmio. O bairro Azenha perderá o convívio semanal com maior torcida do Rio Grande do Sul. E, por consequência, mudará a rotina de uma cidade inteira em dias de jogos do Imortal.

Prevendo a dolorosa, mas necessária e bem-vinda, mudança de endereço, um grupo de torcedores gremistas criou o site Vista Monumental (link)  para que outros torcedores pudessem enviar fotos, vídeos e histórias de sua vida no Estádio Olímpico Monumental,

“Será muito triste deixar o Olímpico. Tenho certeza que a mudança para a Arena será um grande alto na qualidade da Instituição, mas vou ao Olímpico desde os meus 7 anos, por isso, me mareja os olhos imaginar que terei filhos e que eles nunca conhecerão o estádio que me formou torcedor, me formou gremista.” – comenta Henrique Caravantes, coordenador do Projeto Vista Monumental.

O vídeo de lançamento do site pode ser visto abaixo
http://www.youtube.com/watch?v=-EwP7GXLu3o&feature=plcp

Acompanhe a postagem de fotos também nas redes sociais
www.facebook.com/vistamonumental
www.twitter.com/vistamonumental

ATENÇÃO

Enquete polêmica.

Acesse www.cornetadorw.blogspot.com.br

Eu já dei meu voto. Que é secreto…

Grêmio: compromisso com a história

O Atlético deu um jeito de esquentar ainda mais o Gre-Nal. Virou o jogo contra o Botafogo em pleno Engenhão e transferiu a decisão pelo vice-campeonato e pela vaga direta à Libertadores para a rodada final.

Mesmo que o time mineiro tivesse perdido, o que daria a vaga ao Grêmio independente do resultado de domingo que vem, o Gre-Nal continuaria sendo importante para o momento e, principalmente, para a história.

O último Gre-Nal do Olímpico precisa ser vencido pelo Grêmio. É quase uma obrigação. Em termos de Brasileirão, talvez uma derrota garanta o segundo lugar, mas, na realidade, isso é o que menos interessa.

É importante entrar direto na Libertadores sem passar por dois jogos decisivos poucos dias depois da pré-temporada. Dá mais tranquilidade. Mas não é essencial.

Conheço muita gente que gostaria de ficar com essa vaga da pré-Libertadores da qual o Grêmio tenta escapar.

O Grêmio, de uma forma ou de outra, está na Libertadores de 2013, e isso é o que realmente importa.

O compromisso do Grêmio agora é com a história. Deixar o Olímpico Monumental com vitória é mesmo quase uma obrigação. Pra não dizer uma obrigação, uma questão de honra.

Esse time do Grêmio, com Luxemburgo no comando, tem um peso enorme sobre os ombros. Não adianta o treinador dizer que será uma semana normal. Que não será uma semana normal.

De hoje até a hora do jogo, Luxemburgo vai perceber que, por mais que se esforce, os dias que teremos pela frente não serão qualquer coisa, menos dias normais.

Para os gremistas começou uma contagem regressiva marcada pela emoção.

Para os colorados, resta o medo de levar uma goleada em função do futebol que o time vem jogando, mas existe, ainda mais forte, a esperança – e a esperança é o que move os torcedores nas horas, nos meses e nos anos ruins – de terminar o ano vencendo essa Copa do Mundo em que será transformado, gradativamente, o último Gre-Nal do Olímpico.

Decididamente, uma semana de decisão de ‘Copa do Mundo’ está longe de ser normal.

Só espero que Luxemburgo não prepare seu time para disputar um jogo normal.

Será um erro monumental, maior que o Olímpico.

A PENÚLTIMA RODADA

O Grêmio fez a sua parte com a eficiência que tem caracterizado sua participação no Brasileiro. Tinha pela frente um adversário de segunda divisão e o venceu. Mesmo fora de casa, venceu até com facilidade. Fez 3 a 0 no primeiro tempo, com Elano e Zé Roberto dando show, e no segundo administrou. Levou dois gols e antes que o Figueira se assanhasse demais Elano deixou Leandro livre na grande área.

O guri bateu forte, um golaço. Fiquei feliz que Leandro tenha feito essa belo gol, um gol importante àquela altura. Torço pelos oriundos da base. Ele nunca será titular do Grêmio, mas pode ser um jogador importante, como foi neste domingo.

Já o Inter completou quatro derrotas seguidas. Imaginava-se que o time renderia mais sem Fernandão no comando.

O time jogou mal de novo, mereceu a derrota.

A torcida vaiou. Eram uns cinco mil torcedores.

Está aí um aspecto positivo da reforma do estádio. De outra forma, seriam 30 ou 40 mil vaiando.

E aí a história seria muito diferente.

Agora, um alerta: é difícil um time grande completar quatro jogos oficiais com derrota. O que dirá cinco.

Paixão, Mano e Felipão

São cada vez mais fortes os indícios de que Paulo Paixão irá trocar o Grêmio pelo Inter.

Paixão é o Celso Roth da preparação física. Sai do Grêmio para o Inter, e vice-versa. Com uma diferença: ele é um vitorioso. Por onde passa, coloca faixas.

Sei que muita gente imagina que é mais uma manobra da imprensa para criar tensão no Olímpico e favorecer o Inter.

Mas não é nada disso.

O que existe é um fato concreto: o contrato de Paixão termina dia 31 de janeiro de 2013.

Outro fato: ele não foi procurado para renovar.

Outro: o Inter quer um novo e grande preparador físico depois de ter perdido o excelente Fábio Marseredian (algo assim).

Dito isso, passo ao dado mais importante, fruto da minha intuição e experiência no ramo:

Paixão deve estar se sentindo incomodado no Grêmio.

Eu no lugar dele estaria louco para ir embora. Sei, tem o desafio da Libertadores.

Mas há um componente que pesa mais: Paixão divide função e responsabilidade na preparação física com o parceiro do técnico Luxemburgo, o Antônio Mello, outro profissional vencedor.

Ora, um profissional do porte de Paixão não se sujeita a uma situação como essa por muito tempo. Foi o que aconteceu com o Fábio no Inter, que ficou em segundo plano quando Dorival Jr foi contratado e trouxe seu fiel preparador físico, cujo nome nem lembro.

Outra coisa: alguém lembra de alguma vez o Paixão ter usado a expressão ‘pijama training’?

Será que ele concordou com essa estratégia de preparação física? Será que foi consultado? Nem discuto se é certa ou errada, mas um profissional do porte de Paixão não trabalha apenas pensando no dinheiro.

Ele quer satisfação pessoal, quer reconhecimento, quer ser importante dentro do seu grupo de trabalho. Quer ser um protagonista, não um coadjuvante.

Como Luxemburgo não vai abrir mão de seu preparador físico de todas as horas e de tantos anos, Paixão deve mesmo estar pensando em deixar o clube.

Talvez nem vá para o Inter, mas acho difícil que fique no Grêmio.

MANO

Mano caiu. Até que resistiu muito tempo.

Com isso, passou a ser a bola da vez para treinar o Inter. Desconfio que o pessoal do Inter tivesse alguma informação privilegiada ou que apenas estivesse ‘secando’ o Mano.

Claro, Dunga é o mais fácil. Mas se ele fosse o primeiro nome – e não era -, talvez até já estivesse de contrato assinado depois que Luxemburgo assinou com o Grêmio.

É possível que Dunga até seja anunciado hoje, é possível.

Mas pouco provável.

O Inter quer mesmo um treinador de ponta, não uma aposta.

Mano é o que resta no mercado. Mano, que é colorado e que já trabalhou na base do Inter.

Só não sei se ele também não tem um preparador físico para trazer a tira-colo.

Aí, sobra para o Paixão.

Se Mano for contratado, teremos aqui o duelo de dois treinadores que fracassaram na Seleção.

FELIPÃO

Felipão é o cara para assumir a Seleção. Este não fracassou com a amarelinha. Pelo contrário.

Falta pouco tempo para a Copa.

Não dá mais pra fazer experiências. É Felipão na cabeça, para desespero de uns e outros.

Luxemburgo e Dunga

Que cessem todos os debates sobre se Luxemburgo ser ou não ser o técnico ideal para 2013!

Luxemburgo reuniu-se com Fábio Koff e finalmente acertou sua renovação de contrato.

Será mesmo por dois anos – o que considero um absurdo, mas o que se há de fazer? – com salário que ficaria entre 600 mil e 1 milhão de reais. Mais premiações milionárias para o caso de conquista da Libertadores e do Mundial, o que acho muito justo.

Luxemburgo já deixou com o presidente eleito uma lista preliminar de reforços.

Koff também confirmou hoje que Rui Costa será o diretor remunerado no lugar de Paulo Pelaipe.

Segunda-feira, Koff irá reunir-se com Paulo Odone.

Koff, que já convidou Antonini para continuar tocando a Arena, mostra a cada movimento que continua sendo um grande dirigente de futebol.

Cala a boca de seus críticos com ações firmes, serenas e sábias.

Enfim, depois de década e meia, o Grêmio tem de novo um PRESIDENTE.

E quem diz isso é alguém que preferia Felipão a Luxemburgo, mas que sempre salientou que acataria respeitosamente a decisão que um presidente campeão do mundo, bicampeão da Libertadores, um dos maiores vencedores do futebol brasileiro, fosse tomar.

Se Koff renovou com Luxemburgo é porque o acerto entre eles foi muito além de questões contratuais.

DUNGA

Agora, temos o seguinte quadro: um presidente que ainda não assumiu acertou a contratação de um treinador, enquanto outro presidente, em pleno exercício do poder, ainda titubeia, justificando as críticas que o apontam como um dirigente devagar quase parando.

É verdade que Giovani Luigi não tem muitas opções. Ele aparentemente esperava por uma definição do caso Luxemburgo.

Se isso é mesmo verdade, é possível que ainda hoje ele encaminhe a contratação que grande parte da mídia gaúcha defende: Dunga.

A dupla em busca de técnico

Luxemburgo desmentiu, via twitter, que estaria negociando com o Palmeiras. Havia fortes rumores nesse sentido. Inclusive, Pelaipe, seu novo melhor amigo, iria junto, repetindo a dobradinha Batman e Robin.

Os dois estão tão afinados que Pelaipe iria junto caso Luxemburgo acabe no Beira-Rio. Esse é outro boato que circula nessa época fértil para a boataria.

O que existe de concreto é que nem Grêmio nem Inter estão com treinadores contratados para 2013.

Fernandão foi demitido horas depois de ser confirmado até o fim do campeonato pelo presidente Luigi.

Quem conhece um pouco de futebol sabe que Fernandão era uma aposta, uma aposta que tinha tudo para dar errado. E deu.

Foi uma história que começou mal: o diretor remunerado assumindo o lugar do subalterno, o treinador.

Não adianta: esse tipo de coisa pega mal no vestiário. Parece puxada de tapete, trairagem.

Sem contar que Fernandão não tinha experiência nem para diretor de futebol – cargo que ele admitiu detestar -, e menos ainda para assumir um clube como o Inter, com um bando de medalhões vaidosos no vestiário.

Para piorar, ainda veio Forlán para ofuscar D’Alessandro, Dagoberto, Damião…

Se ainda Fernandão tivesse ao lado um dirigente experiente, mas havia Luciano Davi, que estreava na função.

Dois noviços num vestiário complicado.

Agora, o Inter procura  um técnico. Está mais do que na cara que seu objetivo primeiro é Luxemburgo.

Há boatos, e eles seguem aí, de que o Inter teria feito proposta milionária para ter Luxemburgo. Sinceramente, não acredito nisso.

E duvido que Luxemburgo troque o Olímpico/Arena pelo Beira-Rio assim tão rápida e abruptamente.

Já começaria com um clima pesado.

Luxemburgo desmente, mas desconfio que ele irá assumir o Palmeiras. Com Pelaipe.

Se é verdade que o Grêmio concordou com as pedidas de Luxemburgo, atendendo plenamente o que o profissional exigiu, ele já deveria ter dado o ‘sim’.

Não tem outra coisa a fazer. É uma questão ética. Havia uma negociação, uma parte resistia, mas acabou indo ao encontro do que a outra parte queria. Ponto final.

Agora, duvido que a parte financeira seja essa que li hoje na mídia: em torno de 600 mil reais por mês e premiação milionária.

Ora, Luxemburgo é um profissional. Um sujeito experiente. Ele jamais faria uma proposta com salário ‘baixo’ projetando uma fortuna em caso de conquistar títulos.

Se Abel está renovando com o Fluminense por 1 milhão de reais, Luxemburgo não vai acertar por menos com nenhum clube.

Dizem que Luxemburgo gosta de um poquerzinho. Mas ele não seria maluco de projetar ganhos financeiros em cima da loteria que é um campeonato, um jogo de futebol, onde nem sempre vence o melhor time, e há fatores de toda a ordem influindo no resultado.

Temos, então, que a dupla busca treinador. A tendência é de que Grêmio e Luxemburgo se acertem.

Se eu fosse dirigente do Grêmio não ficaria com Luxemburgo. Contrataria Felipão.

Koff e Felipão: esta dobradinha tem tudo para dar certo. Sintonia fina.

Já o Inter, ao que tudo indica, vai ficar com Dunga. Outra aposta, mas uma aposta com mais condições de dar certo do que a anterior.

Olhos de ressaca para o futebol

Assisti ao empate por 2 a 2 entre Grêmio e Portuguesa com olhos de ressaca, como diria Machado de Assis.

Ressaca de futebol, de frustrações e decepções. A eliminação da Sul-Americana contra um timeco de segunda categoria, que aqui no Brasileirão seria lanterna, foi demais.

Na verdade, eu até deveria estar preparado para os maus resultados, porque há tempos venho salientando a pobreza técnica do grupo gremista. Do grupo, não do time titular.

Com a ressaca, vi a Portuguesa fazer dois gols sem maior susto ou sobressalto. Pensei: “Quem leva três do Millonarios pode levar dois de um candidato ao rebaixamento, por que não?”

Quando o Grêmio chegou ao empate após substituições bem efetuadas por Luxemburgo, nem me liguei. Confesso que estou sem forças, sem energia para vibrar ou me revoltar.

Estou me sentindo como num final de festa, com todas as mulheres interessantes, ou nem tanto, já ‘casadas’.

Vivo agora da esperança de me sair melhor na próxima. Felizmente, eu ainda terei uma bela chance, enquanto outros nem isso. Um pessoal aí que ficará me secando para que eu não me dê bem. Natural. É assim mesmo.

Quem fica de fora, não é convidado, fica secando os outros.

O Grêmio empatou e segue vice-líder, um ponto à frente do Atlético Mineiro, que por detalhe não perdeu em casa para o Atlético Goianiense.

No perde e ganha do campeonato, só o Inter insiste em contrariar essa norma. Só perde.

Pelo que soube, o time foi deprimente e mereceu levar 2 a 0 do Corinthians em casa.

No final, ao ser questionado sobre o risco de levar goleada no Gre-Nal – aliás, quem foi o ‘fora da casinha’ que conseguiu levantar essa possibilidade? -, D’Alessandro reagiu forte, diferente do que vem fazendo em campo.

Disse que nunca foi goleado em Gre-Nal e que esse talvez fosse um desejo da mídia.

É claro que não é desejo da mídia, mas o fato é que, por bem ou por mal, a mídia conseguiu remotivar o argentino para o jogo final do campeonato e, por enquanto, o derradeiro do Olímpico.

Goleiro Alberto e o caso Paysandu

Estive fora de ontem pra hoje e fiquei meio desligado do futebol. Normal, depois daquele golpe de conseguir ser eliminado por um time colombiano de quinta categoria.

Além de profunda irritação, essa derrota me rendeu provocações como pedidos pra fazer a cerveja Renteria.

Ao retornar, leio aqui no boteco uma notícia que fez passar essa revolta: a morte do goleiro Alberto, comentada pelo meu velho amigo dos tempos de Lajeado, o Gunther.

Vou procurar nos sites e encontro essa notícia:

“Goleiro do Grêmio no heptacampeonato gaúcho conquistado na década de 1960, Alberto Silveira morreu, aos 74 anos. Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) há cerca de 50 dias, ele estava internado desde então no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde sofreu de falência múltipla dos órgãos. O corpo do ex-atleta está sendo velado na capela 4 do Cemitério da Santa Casa, onde será enterrado neste sábado, às 11h30min.

Titular nas conquistas do Gauchão do Grêmio em 1963, 65, 66, 67 e 68, Alberto formou uma defesa que tinha ainda Altemir, Airton Pavilhão, Áureo e Ortunho. Também jogou ao lado lendas gremistas como Everaldo e Alcindo e chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, atuando na companhia de Pelé e outros astros. Em 1968, foi considerado o melhor goleiro do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o embrião do Campeonato Brasileiro.

Seu nome era cotado como possível convocado para a Copa do Mundo de 1970, mas um impasse na renovação de contrato com o Grêmio, em 1969, acabou emperrando a carreira do goleiro. Grêmio e Alberto não chegaram a um acordo e o então atleta foi colocado na “geladeira” _ ficou mais de um ano sem jogar”.

Eu morava em Lajeado quando vi Alberto fazer defesas espetaculares em jogos contra o Botafogo e o Vasco, no Rio, com Alcindo estraçalhando no ataque. Isso lá em 1968 ou 69.

Eram imagens em preto e branco.

Mas aqueles lances me marcaram muito. Alberto foi convocado para a Seleção Brasileira e fez alguns amistosos antes da Copa de 70.

Alberto seria o goleiro do Brasil no México. Sem dúvida alguma.

Imaginem, naquela época, ter jogador gaúcho em seleção era coisa incomum.

Sempre que me perguntam qual o melhor goleiro que eu vi jogar – e só vi pela TV -, eu respondo prontamente, sem qualquer vacilo:

– Alberto.

Pode ser os meus olhos de guri, pode ser.

O fato é que eu nunca vou esquecer aquelas defesas de Alberto no Maracanã.

Defesas em preto e branco, mas coloridas na minha memória.

O CASO PAYSANDU

Transcrevo o que foi publicado no CP de sábado, excelente matéria do grande repórter Fabrício Falkowski:

17/11/2012 08:16 – Atualizado em 17/11/2012 08:51

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase descenso do Inter

José Artur Guedes Tourinho garantiu que quatro jogadores se venderam antes do jogo

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter<br /><b>Crédito: </b> Carlos Silva / CP Memória

Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter
Crédito: Carlos Silva / CP Memória
Ex-dirigente do Paysandu reacende polêmica após quase rebaixamento do Inter
Crédito: Carlos Silva / CP Memória
“Quatro jogadores do Paysandu se venderam. Não tenho provas e, por isso, não vou citar nomes, mas é certo que aconteceu.” Assim, o ex-presidente do clube paraense fala, pela primeira vez, sobre os rumores que cercaram a partida daquele 17 de novembro de 2002. José Artur Guedes Tourinho hoje está afastado do futebol e ocupa a presidência da Junta Comercial de Belém. Na época, presidia o Paysandu. ‘É a lei da oferta e da procura. A torcida não aceita que um clube do tamanho do Inter caia”, observa.Tourinho revela detalhes de como tudo teria acontecido. Segundo ele, o assédio começou na quinta-feira que antecedeu a partida, quando os primeiros contatos de pessoas ligadas ao Inter ocorreram. No dia seguinte, prevendo que a oferta também chegaria aos jogadores, Tourinho procurou um contraveneno: uma premiação extra para vitória, não para derrota. Buscou junto à Amazônia Celular um bicho extra de R$ 50 mil para dividir entre os atletas. “Na sexta-feira à noite, peguei os R$ 50 mil, juntei com mais R$ 20 mil do caixa do Paysandu e fui para o hotel da concentração. Reuni o grupo, olhei na cara de cada um e disse: “Tem alguém que quer se vender aqui?”. Ninguém confirmou. Então, disse que daria os R$ 70 mil para o time ganhar do Inter. O rebaixamento do Inter seria uma notícia mundial, e todo mundo ganharia, inclusive o patrocinador”, afirma ele.

Mas o plano teria dado errado. “Os quatro jogadores tiveram uma reunião com um empresário no sábado, véspera da partida. Foi no almoço. Acho que foi ali que acertaram tudo”, lembra. Hoje, o empresário citado encontra-se preso em Belém acusado de duplo homicídio.

O ex-presidente do Paysandu conta que, depois do jogo, foi até o vestiário sob um chuva de moedas atiradas pela revoltada torcida. Chegando lá, conta que perdeu a razão e tentou agredir um dos “vendidos”. ‘Fui para cima dele. Mas o pessoal separou”, conta. Segundo Tourinho, houve também um sério desentendimento dos quatro atletas com o resto do grupo. Afinal, segundo a versão do dirigente, os quatro receberam uma bolada, enquanto que os outros nem os R$ 70 mil puderam amealhar.

Para Clemer, “papo-furado”

Já na época da partida, as informações de que alguns jogadores do Paysandu teria “facilitado” circulou tanto em Porto Alegre quanto em Belém. A manchete do jornal O Liberal, um dos principais do Pará, anunciou no dia seguinte ao jogo: “Papão envergonha a Fiel”.

O Correio do Povo também noticiou o fato e naquele época entrevistou Tourinho, que confirmou ter sido assediado por “pessoas interessadas em intermediar um encontro” entre ele e dirigentes colorados. Hoje, como naquela época, todos ligados ao Inter negam com ênfase e indignação: “Isto tudo é papo-furado. Aquele jogo foi muito difícil”, relembra Clemer

Luxemburgo e mais uma eliminação

O presidente eleito Fábio Koff foi obrigado a agir rapidamente para apagar o incêndio causado por um assessor pouca prática, um boca-grande, que saiu a deitar falação sobre os valores que Vanderlei Luxemburgo teria pedido para renovar seu contrato.

Sempre tem um dirigente de segundo escalão para repassar informações sigilosas para algum repórter. Eles querem ficar bem com algum repórter ou colunista ou simplesmente mostrar que ‘estão por dentro’, próximos do poder e participando das decisões, quando normalmente são os sujeitos que nada decidem, mas que tudo ouvem.

O fato é que Koff deu uma de bombeiro. As informações sobre a proposta de Luxemburgo acabaram vazando. Luxa ficou irritado e informou seu empresário, Gilmar Veloz, que manteve contato com quem decide, Koff. Era uma negociações sigilosa que uma das partes deixou vazar. Sentindo-se prejudicado, Luxemburgo já não estaria mais disposto a renovar com o Grêmio. Culpa do boca-grande.

Koff, então, acelerou todo o processo, e chegou aos números propostos por Luxemburgo, em especial a exigência de um contrato de dois anos.

O salário ficaria em torno de 1 milhão de reais, mais premiações pela Libertadores e Mundial, que juntas chegariam a 8 milhões de reais.

Se Luxemburgo for demitido durante o contrato, o clube terá de seguir pagando até completar os 24 meses.

Se for assim, sou contrário. Considero um absurdo firmar contrato com treinador, qualquer treinador, por dois anos.

Prefiro pegar esse dinheiro todo e aplicar em jogadores de qualidade.

Não há treinador que consiga grandes títulos sem grandes jogadores.

O próprio Luxemburgo só conquistou títulos importantes quando teve ao seu dispor uma série de jogadores diferenciados.

O medo de perder Luxemburgo em função do assessor boca-grande levou Koff a ceder.

Não tenho dúvida de que Koff vai acabar esfriando esse assessor ou dirigente, forçando seu pedido de demissão.

SUL-AMERICANA

O Grêmio foi eliminado da Sul-Americana de forma dolorida.

Saiu na frente com gol de Werley. Depois, no segundo tempo, o time começou a sentir os efeitos da altitude, mas principalmente faltou qualidade.

É claro que a arbitragem foi tendenciosa, favorecendo o time da casa.

Mas, acima de tudo, faltou aquela qualidade que o time tem apenas quando está com seus titulares. Elano entrou no segundo tempo, mas sem suas melhores condições. Kleber entrou e logo saiu, sentindo a lesão.

Por outro lado, o time colombiano foi insistente. O Grêmio cansou, sentiu a altitude.

Os colombianos viraram o placar. Mas o Grêmio garantia a vaga mesmo perdendo por 2 a 1. Nos acréscimos, Werley cometeu pênalti.

Renteria cobrou e marcou.

O Grêmio segue sem conquistar grandes títulos.

Felizmente, Fábio Koff voltou.

PERGUNTINHA

Aqueles que gritaram ‘fica Luxemburgo’ continuam gritando depois do quarto título do ano que o Grêmio perdeu?

Fato: Luxemburgo disputou quatro competições. Nenhum título.

Será que ele merece mesmo ganhar toda essa grana que está sendo comentada?

Eu sou contra.