Meus inquilinos

Minha casa não é grande, mas sempre cabe mais um. Por isso, não me neguei a dar abrigo ao casal amigo.

Afinal, seria por uns poucos dias.

Eles ficaram à vontade. Sentem-se em casa. Ajeitaram seu cantinho rapidamente, com muito carinho e cuidado.

Procurei ser o mais discreto possível para não atrapalhá-los. Por vezes, sinto-me um intruso, faço um barulho indevido. Esqueço e bato a porta, por exemplo.

Percebi que eles dividem o trabalho. Enquanto um fica mais recolhido, zelando pelo espaço conquistado, o outro sai, mas não se ausenta por muito tempo.

“Isso é que é amor”, penso, com uma pontinha de inveja, ao ver aquela movimentação, aquele zelo, aquele cuidado de um com o outro.

Quando estão afastados, ouço uma cantoria que suspeito seja de um para o outro.

Por vezes, me aproximo do espaço que eles preservam com tanta dedicação. Se eles estão juntos, um deles se afasta rapidamente. O outro fica me olhando fixo. Percebo que está tenso, preocupado.

Costumo alimentar nossos inquilinos. Jogo migalhas de pão, arroz cozido e até a ração do Elvis, nosso cãozinho natureba, que devora cenoura e brócolis tanto quanto carne de gado ou de frango.

Algumas vezes flagrei meus amigos atrevidos avançando sobre os restos de ração do Elvis.

Nada contra, mas acontece que eles se assustam e acabam fazendo cocô na pia, no chão, ma mesa. Um cocô grande, molhado. Um problema. Pior ainda quando piso em cima.

Hoje, no final da tarde, percebi que o recanto deles estava vazio, algo raro nos últimos dias.

Fiquei observando à distância. Em minutos, um deles voltou com uma minhoca presa no bico.

Sem ligar pra mim, pousou suavemente no ninho de ramos secos que eles fizeram na minha luminária, junto à porta dos fundos.

Desconfiado, ele olhou no entorno. Eu fiquei paralisado, mal respirava para não atrapalhar aquele momento. Ele, enfim, sentiu-se seguro e só então compartilhou o alimento com os filhotes que pelo jeito recém haviam nascido.

Imaginei os pequenos seres de bicos abertos, erguidos, aguardando aquela iguaria.

Logo, o outro se aproximou, também com alimento no bico.

Sinto que meus inquilinos são felizes. Estão instalados num lugar seguro, ao abrigo da chuva e do vento, e contam com a nossa discrição.

Sinto-me um pouco pai dos sabiazinhos.

Em breve eles estarão crescidos e, como os filhos da gente, sairão por aí, vivendo a vida deles.

Mas sei que estarão por perto.

Por isso, o ninho ficará ali, prontinho para quando eles voltarem.

ATENÇÃO

O texto acima é a minha forma de dizer que joguei a toalha no Brasileirão.

Cruzeiro patina, Grêmio vacila e Inter se ajeita

Está acontecendo o que previ. O Cruzeiro também enfrentaria uma fase ruim, porque não tem time para manter uma diferença tão grande de pontos em relação aos demais.

Sabia que o Cruzeiro começaria a perder, mas manifestei minha descrença no surgimento de uma equipe com qualidade suficiente para tirar proveito dessa queda do líder.

É o caso do Grêmio, que perdeu 3 pontos inacreditáveis em casa para o Criciúma e sábado deixou escapar uma vitória nos minutos finais do jogo. Com os cinco pontos, o time de Renato, que continua sendo um técnico desacreditado por parte da torcida gremista, estaria com o bafo na nuca dos mineiros.

Mas o Brasileirão é isso, um perde e ganha, com resultados surpreendentes se sucedendo.

CLEMER

A decisão de manter Clemer é a típica ‘não tem tu vai tu mesmo’. Por falta de opção melhor, fica Clemer até o fim do ano. Ao menos ele conhece bem o grupo e o pessoal novo da base.

Agora, não vejo em Clemer um técnico pronto para o desafio que tem pela frente.

De qualquer modo, o Inter goleou o Náutico por 4 a 1, depois de um começo meio assustador para os colorados, e isso dá tranquilidade para Clemer ajustar melhor o time.

Não vejo o Inter com chance de sequer ficar perto do grupo do rebaixamento.

Há candidatos mais fortes nesse sentido.

A FORÇA DOS SECADORES

Contra o Criciúma o Grêmio se abriu todo para buscar o gol da vitória. Por incompetência ofensiva – não me refiro apenas ao centroavante-zagueiro – não conseguiu fazer, até porque não criou oportunidades, como ainda levou.

Agora, contra o Fluminense, com um jogador a mais em campo, o Grêmio manteve sua estrutura – Renato trocou seis por meia dúzia -, continuou cauteloso, e de novo levou o gol no final.

Quer dizer, levou gol das duas maneiras, tanto abertinho e faceiro como fechadinho e medroso.

O que isso significa?

O time não tem ataque. Não tem um goleador, um matador.

Kleber luta como um desesperado e apanha como uma cachorro vira-lata. Barcos até que faz umas jogadas, mostra visão de jogo e coisaetal, mas decididamente não tem explosão, não tem arranque, é lento e mesmo quando tem oportunidade não vai para cima do zagueiro. Prefere o passe para o lado ou para trás, transferindo a responsabilidade.

Hoje, a exemplo do jogo anterior, ele concluiu uma vez, de cabeça, e o goleiro de novo salvou.

O Renato poderia ter colocado outro jogador no lugar de Barcos ali pelos 25 do segundo tempo. Maxi Rodrigues talvez. Ou Zé Roberto, deixando Kleber mais adiantado. Depois da expulsão, está certo, manteve o Barcos, pensando em aproveitar a vantagem para fazer o segundo gol, que até poderia ser do argentino, que não marca há muitas horas de futebol.

Mas em lugar do Biteco, que tem pose de craque e futebol de quem vai do junior direto pro time veterano, ele poderia ter colocado o Maxi. Afinal, o time estava com um a mais em campo.

Então, Renato precisa ter uma pouco mais de ousadia.

Está certo que ele queira insistir em sua receita, mas nos últimos dois jogos o bolo embatumou.

A continuar assim, o Grêmio não apenas corre o risco de se afastar do líder como dá chance para que outros encostem.

COTAÇÃO

Marcelo Grohe foi fantástico. O Grêmio tem dois grandes goleiros. Qualquer um pode ser titular.

Na defesa, destaque para Saimon, que salvou pelo menos um gol certo. Aliás, o trio de zagueiros foi muito bem. Bressan ainda fez o gol.

Já o meio de campo me pareceu meio perdido, marcação confusa, tanto que o Fluminense levou perigo muitas vezes.

Acho que faltou entrosamento, problemas de cobertura. No lance do gol de Sobis, um lance fortuito, com a bola indo para as redes com a força do olhar dos secadores, a marcação foi negligente. Repetiu o que houve contra o Criciúma.

O ataque foi de asma. E mais não preciso dizer. Quando ficou com um jogador a mais, percebi uma certa displicência quando o time chegava perto da área, muito toquezinho e pouca objetividade.

Por fim, que erro do bandeirinha ao marcar impedimento num lance em que Kleber saiu de seu campo.

Agora, com ou sem esse erro, o Grêmio teve todas as condições de ampliar quando ficou com um jogador a mais.

Não debito o empate na conta da arbitragem, mas que foi um erro grosseiro foi.

Impediu o que poderia ser o gol de Kleber e a vitória tricolor.

A falta do terceiro zagueiro

A turminha da ‘terra arrasada’ está acesa. A derrota de 2 a 1 para o Criciúma, dentro de casa, é realmente um acinte, uma afronta.

Agora, não se pode sair por aí alardeando nas redes sociais que esse ou aquele jogador não presta, que a derrota foi por falha desse ou daquele, que Renato errou, etc.

Primeiro, o time começou com uma escalação adequada.

No meu comentário anterior, eu sugeri algo parecido. Apenas Barcos de atacante, com Zé Roberto e Maxi vindo de trás, com Adriano e Souza de volantes. A diferença básica é que eu não mexeria nos três zagueiros. Renato optou por sacar um zagueiro e colocar um meia, o Elano.

Achei uma boa ideia, mas, agora, depois de ver o time levar dois gols de cabeça, fico imaginando que esses gols talvez não tivessem ocorrido.

Agora, para enfrentar um dos lanternas do campeonato, na Arena, a proposta de Renato estava correta.

Os primeiros 20 minutos foram muito bons, com o time em cima, criando situações. Barcos obrigou Galatto a uma grande defesa. Acho que foi a primeira conclusão a gol de Barcos, com perigo, nos últimos dez jogos. Alguma coisa está errada. Eu quero um centroavante que marque, sim, mas que marque preferencialmente gols, depois que vá marcar o o adversário. Mas essa é outra história.

Aquele início do Grêmio me deixou tranquilo. Tinha certeza de que a vitória viria com facilidade até. Aquele lançamento do agora ‘decadente’ Elano para o agora ‘decadente’ e ‘imprestável’ Zé Roberto foi um lance sensacional, mas Galatto salvou.

Escrevi no comentário anterior que seria preciso muito cuidado com o Criciúma. Afinal, o Grêmio jogaria desfalcado e o Criciúma tem alguns jogadores experientes e de boa qualidade. Citei o W. Paulista, lembrando que ele sempre faz gol no Grêmio. Não joga nada, mas faz gol no Grêmio.

O gol do Criciúma foi um balde de água fria. Ali pelos 15 minutos do segundo tempo comecei a perder a esperança numa reação.

Prestei muita atenção no Barcos. Um jogo como esse reserva alguns ensinamentos. Serve para tirar a máscara de uns e outros. Vejamos Barcos.

No esquema vitorioso – não podemos esquecer que o time estava sem seis titulares -, Barcos é destacado porque marca, prende a bola, defende a bola aérea. Por razões táticas, Barcos se torna mais um armador e um defensor do que um atacante.

Bem, no jogo contra o Criciúma, sem a obrigação de recuar para marcar e combater tanto na saída de bola, Barcos tinha que mostrar algo mais como jogador de ataque.

E aí Barcos naufragou. Recebeu inúmeras bolas, caiu em pelo menos dez delas, perdeu outras por lentidão ou falta de força e de técnica. Fez uns lances bons, mas foi muito pouco para um centroavante que precisa mostrar que é mais do que um jogador importante taticamente.

No esquema com o time titular, Barcos realmente é útil e até importante. Mas penso que Renato deveria testar a dupla Vargas e Kleber. Acho que ele não fez isso ainda porque Vargas não consegue ter continuidade, está sempre a serviço da seleção chilena. Então, ele mantém Barcos.

A noite só não foi pior porque Maxi Rodriguez iluminou a escuridão criativa do time no segundo tempo. O uruguaio fez uma bela jogada individual e marcou um golaço. Logo depois, fez outra boa jogada pela direita. Desconfio que ele saiu por cansaço. De outra forma, não tem explicação sua substituição minutos depois de fazer o gol e começar a ganhar confiança.

Renato ainda tentou algumas alternativas, como Paulinho, Deretti e Lucas Coelho. Mas seria pedir demais que esses jovens entrassem e fizessem o que os cascudos não conseguiram.

No finalzinho, o segundo gol. Lucas Coelho foi encoberto no lance, não tem culpa alguma. O que faltou foi um zagueiro naquela posição. Quem sabe um terceiro zagueiro não salvasse?

O importante é que se analise o jogo e seu resultado com calma, sem excessos como considerar que está tudo errado.

Não, não está. Foi um acidente de percurso, comum num campeonato tão longo, no qual as surpresas se sucedem.

A noite só não foi pior porque o Cruzeiro perdeu – e deve perder mais ainda, mas dificilmente deixará de ser campeão. Bom também foi o empate do Atl Paranaense. Já o Botafogo bateu o Náutico.

Grêmio segue vice, mas deixou de escapar a chance de se aproximar do líder. Frustrante.

O madrugadão e o esquema de Renato

Há muita discussão e especulação sobre o time do Grêmio para o jogo contra o Criciúma.

Antes de tudo, o time catarinense não é galinha morta. Pelo contrário. Tem alguns jogadores de qualidade, como Daniel Carvalho e o atacante Wellington Paulista, que gosta de fazer gol no Grêmio.

Tem, ainda, o Galatto, grande goleiro. No banco, o motivador Argel, Então, é preciso cuidado. Até porque o Grêmio não terá o valoroso trio que veio do Juventude, mais dois atacantes titulares, Kleber e Vargas, e ainda Riveros.

Ramiro e Riveros são símbolos desse time do Renato. Zé Roberto está no banco porque não consegue imprimir o mesmo ritmo que esses dois, marcando e atacando num vai-e-vem incansável e constante, conforme Renato explicou num programa de TV do centro do País.

O fato é que Renato não tem dois jogadores com perfil idêntico entre seus reservas.

Portanto, não tenho dúvida – e também torço por isso -de que ele vai dar uma alteradinha básica no esquema.

Mantém os três zagueiros e os dois alas, entrando Wendel, que mais parece um ponta esquerda tal a facilidade e qualidade na parte ofensiva.

Assim, garante a estrutura defensiva desse time que quase não leva gol.

Depois, uma linha de dois volantes: Adriano e Souza.

Mais na frente, dois meias: Maxi Rodrigues e Zé Roberto, com Barcos avançado.

Jean Deretti seria uma boa alternativa ao Maxi. Não acho que Paulinho tem estofo para começar a partida.

Mas, quem sabe é o Renato. A responsabilidade é dele. É nele que vai estourar.

Eu sou um mero especulador, um palpiteiro.

BRASILEIRÃO

A disputa pelo título está sonolenta. Parece aqueles filmes antigos do madrugadão.

Só tem um jeito de o campeonato retomar a vitalidade: o Cruzeiro começar a patinar. Até agora, o time foi muito bem, não teve recaída.

O que eu espero é mais que uma recaída, uma queda mesmo.

Só assim para o campeonato esquentar, o Grêmio ter chance de título, e a gente não pegar no sono no sofá.

CLEMER

Há um esforço coletivo em apoio ao Clemer. Afinal, é um profissional que está recebendo uma grande chance de se afirmar em nova função.

Até eu, no programa Cadeira Cativa, participei desse movimento, digamos, filantrópico, ao não fazer referência ao fato de que Índio cometeu um pênalti, não marcado, e principalmente que o Fluminense jogou muito desfalcado.

O que Clemer conseguiu foi reanimar alguns jogadores. É o caso de Damião, que voltou a ser aquele centroavante mais guerreiro, sem pretensão de ser um virtuose da bola.

Damião, respeitando seus limites técnicos, é um grande atacante.

O verdadeiro teste de Clemer será contra o Flamengo.

Se passar, pega o Náutico e aí pode até ser mantido.

NOS ACRÉSCIMOS

Clemer, no Cadeira Cativa da Ulbra TV, no intervalo, me disse que jogou com Renato no Flamengo. Rasgou elogios a Renato como jogador e como companheiro. “Um grande cara, o Renato”, reforçou Clemer, que se mostrou adepto da ideia de Renato: o importante é o resultado. O importante é vencer, se jogar bem e bonito, melhor, mas a prioridade é vencer. Clemer também quer um time com velocidade.

Nó tático nas cabeças dos doutos do futebol

A vitória sobre o Botafogo, adversário direto no grupo de elite do Brasileirão, o G-4, seria difícil ao natural. Ficou quase impossível com a expulsão de Kleber, um exagero do árbitro, que deu o vermelho direto quando coubesse apenas o amarelo – o que resultaria na expulsão de qualquer maneira.

Impossível é um vocábulo que não parece existir no dicionário do Grêmio e de seu treinador, que já foi apontado como apenas um ‘sortudo’, passando por um ‘motivador’ – tudo numa tentativa de depreciar o seu trabalho – e que hoje já merece figurar na galeria dos técnicos ‘estrategistas’.

Acho difícil que, do alto de sua soberba e pseudo erudição tática, os analistas futebolísticos, com seus hexágonos mirabolantes e triângulos invertidos, da praça vão reconhecer o alto nível do trabalho de Renato, que tornou um time perdedor em vencedor em poucas semanas, e que dispensa a experiência e a qualidade de Elano e Zé Roberto – o que eu considero um equívoco, mas me rendo.

Quem sou, um mero palpiteiro, para questionar quem está vencendo e, ainda está dando um ‘nó tático’ na cabeça de muita gente, entre eles muitos gremistas, que não conseguem entender, e aceitar, que um time com 3 zagueiros e 3 volantes – para essa gente não importa se os volantes têm qualidade para armar e concluir, são volantes, e pronto! – seja hoje vice-líder isolado do campeonato.

Esse pessoal todo torce para que o Cruzeiro, com seu futebol ‘bonito’ e mais explicável, seja campeão. Não faltará quem diga ‘para o bem do futebol brasileiro, com sua arte e sua malícia”.

Será insuportável para essa gente, os doutos do futebol, ver o Grêmio com seu pragmatismo estratégico e seu futebol que não se envergonha de dar chutão quando preciso, ser campeão brasileiro.

Vice ainda seria tolerável.

GOLAÇO

Alex Telles já era alvo de chacota no próprio grupo por quase nunca acertar um chute.

Pois ontem ele acertou a goleira de Jeferson em grande estilo. Marcou um golaço depois de receber a bola da linha fundo lançada por… um volante. O Rivero como um ponta-esquerda rolou na medida para Alex, que dominou e chutou forte no ângulo. Um golaço. O primeiro de muitos, sem dúvida.

A EQUIPE

O time do Grêmio começa com um goleiro gigante. Gigante no tamanho, no caráter, no profissionalismo e, claro, no talento. Ontem, ele fez mais uma defesa salvadora. A única praticamente no jogo, mas uma defesa muito difícil, com a bola ainda desviando no meio do caminho. Ele teve reflexo e agilidade para defender.

Pará e Alex Telles de novo foram muito bem. Pará chega a emocionar por sua dedicação.

O trio de zagueiros foi impecável. Rodolpho o melhor.

O trio de volantes foi soberbo. Destaque para o PGV, o Ramiro.

Na frente, Barcos útil como sempre, mas cada vez menos centroavante.

Kleber, depois de longo tempo, foi expulso.

Gostei do Lucas Coelho, que entrou quase no final.

Quem queria um técnico de optasse pelos jovens em detrimentos dos medalhões deve estar soltando foguetes e armando um altar para Renato em sua casa.

DÓRIA

Está aí um zagueiro que eu nunca contrataria. Deus cinco chutes pretensamente a gol. Foram todos para fora do Maracanã. Felizmente, claro.

O TÉCNICO

Clemer fez a sua parte. Deu uma ajeitada no time, motivou os jogadores e deu mais confiança ao grupo em geral.

Não fez nada mais do que isso, até por uma questão de tempo. Fez o que podia fazer. E foi o suficiente. O Inter voltou a vencer, mas não jogou tão bem quanto li e ouvi.

Mas o que importa é o resultado.

O Inter não jogou bonito, mas foi eficiente.

O Fluminense jogou sem alguns jogadores importantes, e isso ajudou o time colorado.

Com a vitória o Inter se afasta de vez do grupo do rebaixamento e fica tranquilo para sonhar com algo melhor no campeonato, no máximo uma vaga no G-4.

Agora, se Clemer tem bala na agulha para continuar? Acho que não.

Este é um momento em que não se pode apostar em alguém que recém dá os primeiros passos na função.

É tiro curto. Então, Celso Roth. O problema é que Roth, que não é bobo, quer um contrato até o final de 2014.

Ou seja, garantir uma grana porque no meio do caminho ele será demitido.

E fica o clube com essa dívida.

No final, ainda fico com a minha informação inicial: LISCA.

UNIÃO

Confiram no cornetadorw.blogspot.com as imitações de Koff e a história do vestiário unido.

Acho que vem agora o ‘vestiário unido parte 2’.

Ah, alguém acredita vestiário unido com D’Alessandro dando as cartas?

A queda de Dunga e a força de Chumbinho

O implacável blog cornetadorw.blogspot.com não deixa nada passar em branco.

Recuperou a frase recente do vice de futebol colorado, o Souto de Moura, publicada na ZH:

– Demitir Dunga seria jogar para a torcida.

É quase um ‘o técnico está prestigiado’. Equivalente.

Dunga começou a ser demitido quando o presidente Luigi, após a derrota para o Vasco, a quarta seguida, foi além do prestigiado, queimou uma etapa no meu decálogo sobre demissão de treinador. Ele disse que o assunto, demissão de Dunga, seria debatido de cabeça fria. Uma frase como essa normalmente significa degola.

Com Dunga, por questão de justiça, saiu todo mundo da comissão técnica, inclusive Paulo Paixão. No blog do RW há frases de jornalistas sobre o talento do vitorioso Paixão. Vale a pena ler.

O curioso é que ficou o diretor remunerado, o Chumbinho, que seria um desafeto de Dunga, mas com o respaldo divino. Deus, como é chamado por dirigentes colorados, ironicamente, o Fernando Carvalho, seria o homem por trás -no bom sentido- de Chumbinho.

De onde concluo que Chumbinho tem mais força que Dunga.

No começo do Brasileiro, eu previ que o Inter faria uma campanha ruim no Brasileiro. Causas: o fato de jogar fora de seu estádio e, principalmente, por ter uma defesa velha, superada, cansada. Moledo, o mais eficiente, havia sido vendido para tentar equilibrar minimamente as finanças do clube.

Os dois fatores estão por trás da queda de Dunga. Suspeito que há também uma questão de grana atrasada.

Mas o próprio Dunga se mostrou incompetente para armar um time um pouco mais competitivo, com jogadores mais comprometidos.

Dunga com seu temperamento instável deve ter comprado algumas brigas com jogadores.

E técnico que não traz o grupo para o seu lado dificilmente resiste muito tempo.

O Inter fala, agora, em Abel.

Abel ganha 1 milhão 150 mil reais no Fluminense. Por mês. É fato.

Se alguém acredita que ele vem ganhando muito menos do que isso deve crer também que Lula nada teve a ver com o Mensalão.

A luta agora é para fugir do Z-4

Quando o Inter empatou seis jogos seguidos, ninguém poderia imaginar que a situação ainda poderia ser pior.

Afinal, um time com folha de pagamento que chega perto dos 10 milhões mensais, sob o comando de um técnico que já dirigiu a seleção brasileira em Copa do Mundo, em tese tem tudo para superar qualquer adversidade.

Agora, quando o Inter acumula quatro derrotas seguidas, sendo que três delas para equipes que só querem uma coisa no campeonato, fugir do rebaixamento, não posso deixar de lembrar uma das leis de Murphy:

– Nada estão tão ruim que não possa piorar.

E é a mais pura verdade. Vale para tudo na vida.

A derrota de 3 a 1 para o Vasco, que tem um zagueiro como Cris e só luta para não cair, é inaceitável. Ainda mais seguida de três derrotas.

O Inter tinha a obrigação moral de ter um enfrentamento mais duro, mais valente, mais aguerrido, com o Vasco. Mas o Inter foi frágil, moral, técnica e fisicamente.

Perder faz parte, mas ao menos é preciso perder com dignidade, lutando, mordendo, brigando pela bola como o miserável briga por um prato de comida.

O torcedor colorado, no caso, saberia reconhecer o esforço. Mas o Inter que eu vi perder para o Vasco foi pacato, uma ovelha rumo ao matadouro. E sem berrar.

Se Dunga não tem responsabilidade sobre esse estado de passividade então não entendo mais nada.

O mesmo em relação ao festejado Paulo Paixão, que teria poderes milagrosos segundo alguns da mídia.

Não se pode ignorar, contudo, que o clube andou pedindo empréstimo bancário para não atrasar a folha de pagamento.

DORIVAL

Quase no final do jogo, a TV focou o técnico Dorival Jr.

Lembrei que por muito menos em termos de resultado, ele foi demitido com todo apoio da mídia, a mesma que faz tempo se mostra tão complacente com o técnico atual.

Nesta noite mesmo ouvi alguns cronistas esportivos que a crise não passa por Dunga.

Lembrei de outra frase comum nas redações: o papel aceita tudo.

O mesmo vale para os microfones.

DEMISSÃO

Na rodada anterior, previ que Dunga seria demitido. Errei. Ele continuou.

O presidente Luigi declarou após o jogo desta noite que a questão Dunga será discutida com calma.

Quer dizer, demissão quase certa. Quase, porque tudo o que vem de Luigi deve ser analisado com prudência.

Sugiro que leiam o decálogo que escrevi um mês atrás sobre os passos de uma demissão de técnico.

A meu ver, os dez passos já foram dados.

Só falta a palavra mágica: prestigiado. Confira: http://botecodoilgo.com.br/?p=3501

REBAIXAMENTO

D”Alessandro sentenciou que Dunga não tem culpa. Vamos ver se prevalece a opinião do líder do time.

O meia alertou que a partir de agora o importante é somar pontos, avançar.

Quer dizer, ficar distante da zona de rebaixamento.

Quem ambicionava o G-4 precisa agora fugir do Z-4.

Grêmio vence e mostra time mais equilibrado

O Grêmio venceu um jogo de seis pontos contra o Atlético PR. Outro rival, o Botafogo, empatou. Já o Cruzeiro voltou a vencer. É o campeão brasileiro de 2013.

Então, cabe ao Grêmio agora consolidar-se como vice-campeão.

Se repetir a atuação desta noite na Arena, o Grêmio dificilmente deixará escapar o segundo lugar.

Fazia tempo que o Grêmio não aparecia com tanta força no ataque. Não fosse por alguns detalhes, poderia ter vencido com mais tranquilidade.

Vou começar pelo árbitro Wilson Seneme, tão elogiado pelos tais comentaristas de arbitragem.

Aos 2 minutos do segundo tempo, Barcos sofreu pênalti ao tentar um balãozinho. Levou um toco na perna e caiu. O Juiz nada deu e a TV não repetiu o lance. Barcos reclamou, mas ficou por isso mesmo.

Depois, ali pelos 18min, Vargas levou um soco de leve na nuca e, em vez de cair, optou por dar um pontapé de leve em Léo, seu agressor.

Vargas levou o amarelo. Léo, espertamente, ficou estirado no campo, foi atendido fora, e voltou dois minutos depois mancando. Na verdade, fingia descaradamente para escapar do cartão vermelho, ele que já tinha amarelo. Ficou por isso mesmo.

Depois, o juiz acertou nas expulsões que se seguiram. A lamentar que Renato não tenha substituído antes o Vargas, que, decididamente, é um cabecinha fraca, e fatalmente seria expulso.

Agora, voltando ao que interessa. O Grêmio resistiu bem ao ataque agressivo do time paranaense. Dida foi soberbo em todas as intervenções. É um goleiro que me transmite muita segurança, e isso passa para os zagueiros.

O Atlético criou menos chances claras de gol que o SP domingo. E o ataque gremista desta vez foi um ataque de verdade.

Destaco o Kleber na frente, pela combatividade, inteligência, retenção de bola.

Barcos participou do gol e foi útil de novo. Foi dele o passe de cabeça para Riveros marcar um golaço, o gol da vitória.

Riveros, o melhor em campo, porque foi incansável na marcação e eficiente nas avançadas. E marcou aquilo que interessa e que leva um time a conquistar alguma coisa: o gol. Ah, tenho o Riveros no Cartola.

A defesa toda esteve bem. Repito, o Atlético assediou muito, mas esbarrou na muralha gremista.

Sua chance mais clara de gol, e bota chance nisso, foi com Ederson, que driblou Dida e concluiu, mas apareceu o Rodolpho, o melhor da defesa, para salvar.

O Grêmio foi um time mais equilibrado.  E isso é preciso destacar. Talvez pelo fato de jogar em casa, onde tem conseguido excelente aproveitamento, ao contrário do que andaram dizendo durante a semana.

Destaque ainda para o lateral Pará pelo lance em que quase marcou um gol antológico quando o goleiro saiu para cabecear na área do Grêmio. Pará chutou bem em direção a goleira vazia, mas a bola passou sobre o travessão. Antes, ele perdeu um gol por puro preciosismo.

Elano e Zé Roberto ficaram de fora de novo.

Assim, teremos mais onda nos próximos dias.