O 2013 na visão de um botequeiro

Entrego as chaves do boteco ao Gustavo Medeiros, analista de negócios em TI, que mora em Colonia, na Alemanha.

De longe, ele acompanha o Grêmio, porque não há distância que consiga afastar um gremista do seu clube.

Gremista desde 1979, ele está na expectativa do primeiro filho, que desembarca no planeta em março – será meu irmão de signo?

Quem sabe o novo gremistinha não traga sorte, a sorte que faltou neste ano para conquistar a Copa do Brasil?

Bem, vamos ao texto do Gustavo, autor da ideia de colocar os botequeiros no comando do boteco.

Retrospectiva 2013 – O ano do último jogo no Olímpico

O ano de 2012 acabava de um jeito promissor, para nós, torcedores gremistas. Afinal teríamos uma casa nova, time classificado para a Libertadores da América 2013 (sim, nós jogamos Libertadores na inauguração do nosso estádio), manutenção de uma boa base, dos quais destaco: Grohe, Werley, Souza, Zé Roberto, Elano, Fernando, Marcelo Moreno e Kleber .Além disso, mantivemos o técnico que conhecia bem o elenco e era admirado pela torcida, e para coroar tudo isso, quem iria nos liderar em 2013 seria o presidente mais vitorioso da história do Grêmio, Fábio André Koff.

Quem não passou uma virada de ano, em 2012, cheio de sonhos para o Grêmio?

Bom, logo começou 2013, e como ele vieram alguns reforços como Vargas, Bressan, Saimon, Alex Telles e Willian José, e em janeiro já fizemos dois jogos de vida ou morte na Libertadores, contra a LDU.

A classificação só viria no jogo de volta, na Arena, nas cobranças de pênaltis, através do herói do dia, esquecido por muitos, e que colocou o Grêmio na fase de grupos: Marcelo Grohe. A notícia triste ficou por conta da queda do alambrado,pela avalanche, após o gol do Elano, e que começaria a deixar claro que existem forças inexplicáveis no Rio Grande do Sul, interditando a área da geral na Arena, e liberando áreas em outros estádios em condições extremamente inferiores.

Agora, oficialmente, para a imprensa gaúcha, o Grêmio estava na Libertadores, entrando em um grupo dito por muitos fácil. Faria companhia ao campeão Brasileiro, Fluminense, aoHuachipato e ao Caracas.

Vieram mais reforços, Cris, André Santos, Adriano, Welliton, Barcos entre outros, graças ao esforço do diretor executivo Rui Costa, que assumiu no lugar de Paulo Pelaipe.

Logo no primeiro jogo, na Arena, contra o Huachipato, surpresa, Fernando, até então nosso melhor jogador, ficaria de fora do jogo para estreia do volante Adriano, vindo do Santos, por indicação de Wanderley Luxemburgo. E derrota por 1 x 2, jogando em casa contra o Huachipato.

Com a vitória do Fluminense contra o Caracas, jogando fora de casa, o Grêmio já entraria na fase de mais um jogo decisivo por semana. Agora, teria que ganhar do Fluminense, no Rio de Janeiro. E não apenas ganhou, como goleou, 0 x 3, na que talvez, tenha sido a melhor exibição do Grêmio, na Libertadores de 2013.

Jogo seguinte, passeio, 4 x 1 para o Grêmio, contra o Caracas, na Arena. Nesse momento poucos duvidavam que o Grêmio seria tri da América, mas uma semana depois, omodestíssimo Caracas devolvia a derrota, 2 x 1. Começava alias perguntas, qual era o verdadeiro Grêmio do Luxemburgo?

Demoraríamos um pouco mais para descobrir. Classificado, o Grêmio pegou o Santa Fé da Colômbia, vitória em casa 2 x1, e derrota por 1 x 0, sonho da libertadores adiado.

Luxemburgo cunhou, ou pelo menos difundiu o termo Pijama training.
Eu, modestamente, gostaria de cunhar outro, o: Pijama Coaching. Pois a resposta da pergunta anterior fica respondida agora, não tínhamos um técnico, alguém que fizesse evoluir os jogadores, que nos preparasse para os jogos decisivos.  Podemos colocar na conta também alguns jogadores que chegaram para decidir, para ser o diferencial, e mesmo um bom banco, não vingaram, Cris, André Santos, Welliton, Willian José, e a lista anda…

Não revelamos ninguém da base para jogar a LA 2013, o único da base que jogou, logo já foi vendido. Essa foi a escalação titular da derrota contra o Santa Fé: Dida,  Werley,Bressan, Pará, André Santos, Zé Roberto, Souza, Elano, Fernando, Vargas e Barcos.

Nesse ínterim tivemos o Gauchão.

De fato, que eu realmente destacaria de importante no Gauchão, foi o domingo do dia 17 de fevereiro de 2013, o último jogo oficial do casarão. A última vitória. O último suspiro de uma casa, um templo, um lugar sagrado, que nos abrigou, que nos viu transformar em adultos, em homens, que passou 59 anos junto, sem contestações,sem nada a não ser as portas abertas aos seus filhos.

No mais, juro que vou morrer sem entender como o presidente de uma federação de futebol é conselheiro de um time, e dono de outro (essa informação de dono não consegui verificar), se alguém souber qual é o time que o Novelletto Neto é dono, avise ai.

Adoro o futebol do interior, sou do interior, acostumado a ver jogos no Colosso da Lagoa, mas acho que essa fórmula de regionais está fora da realidade de grandes times, não é possível um time que vai se preparar para jogar Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão jogar mais 20 ou 30 partidas no início do ano por um campeonato que não vale nada. Até vale,só que negativamente para quem perde, do que positivamente para quem ganha, e sendo que essa regra só vale para a dupla Grenal.

Então você tem muito mais a perder do que ganhar, sendo que, falando em perder, já perdemos diversos jogadores devido a jogadas mais “ásperas” para não dizer outra palavra, sobre os olhos condizentes dos árbitros e da Federação. Vejo também um número excessivo de clássicos, quase uma banalização, podemos em 60 dias ter 6gre-nais.

Foi aquele que nunca deveria ter vindo, já dizia nosso grande Ilgo. O Pijama Coaching dormiu além do ponto.Com Luxa fora, abriu-se espaço para Koff refazer o elo com a torcida, e Renato Gaúcho chegou. Com um time em frangalhos, após perder o Gauchão, ser desclassificado da Libertadores e rapidamente indo para o buraco no Brasileirão.

Rápido, como é o jeito dele, arrumou o vestiário encontrou um esquema onde poderia extrair mais suco das laranjas que tinha e logo emplacou uma série de vitórias e parecia que o ano seria salvo. Seríamos campeões brasileiros, ou no mínimo da Copa do Brasil.

Ai, penso eu, aconteceu o grande problema desse ano. Temos um time, como o próprio Ilgo disse, nota 7 ou 7,5 , mas que no papel, se formos analisar nome por nome, especialmente do meio para o ataque, seria no mínimo nota 8 a 8,5. Mas como aquele cozinheiro que compra os melhores ingredientes e vai inventar uma receita e vê que não deu, não deu liga, não deu certo a fornada, fica frustrado. Talvez se tivesse misturado com mais promessas da base, com mais gente nova, ousado mais, mais ofensivo, mais isso ou mais aquilo.  A verdade é que não deu certo. São grandes jogadores, mas que não conseguiram coletivamente demonstrar um grande jogo. Kleber se amanhã sair do Grêmio, vai empilhar gols, o mesmo para o Barcos, que vai continuar com sua média, pré-Grêmio que fazia um gol a cada dois jogos. Vargas vai infernizar as defesas adversárias. Mas juntos não deram certo. Ou melhor, deram, para garantir uma vaga para o Grêmio na LA 2014. Talvez tenha faltado uma pitada de sal ou de tempero, e aqui credito na conta do treinado achar o que falta para dar liga essa massa.

Outro fato importante, que não foi previsto pela direção, no início do ano, é que não tínhamos meias dribladores, armadores de jogadas. Com o esquema defensivo do Renato, com três volantes, dependíamos muito de um lance, muitas vezes, além da capacidade técnica de um volante para criar a jogada, ou dependíamos das jogadas laterais, que logo vimo que gostavam de cruzar a bola de um lado para o outro, quando estavam no ataque, passando a bola por cima da grande área.

Vimos que Zé Roberto e Elano são jogadores diferenciados, craques da bola parada, mas incapazes de driblar, conseguem executar passes milimétricos, enfiadas de bola com uma visão privilegiada, mas que precisam de espaço para fazer isso, e nem sempre se tem. Quem mais criou espaços e deu esperanças em alguns jogos foi Maxi Rodriguez, mas quando entrou precisando mostrar serviço não correspondeu. Nossas duas grandes promessas no ataque, Lucas Coelho e Yuri Mamute entraram em uma fogueira, jogo decisivo contra o Atlético-PR, e logo entraram os dois ao juntos, para formarem a dupla de ataque e resolverem o jogo, mas sem meias de criação sucumbiram igual a qualquer outro atacante.E talvez ai seja o fator principal da falta de gols dos atacantes gremista, dois deles sempre tinham que sair da área para buscar o jogo, e em grande parte, criar as jogadas. Rapidamente precisavam voltar para a área para finalizar, e ai já sem folego, sem perna para finalizar.

Porto Alegre. 2010.Possivelmente uma manhã de terça feira cinzenta, Renato Gaúcho aparece de óculos escuros para dar entrevista. Perguntado sobre o craque do time, ele diz:

– Craque, comigo, não marca: joga. O craque precisa estar com pernas para ter forças para decidir. Não é que o craque só vai jogar com a bola no pé. Pelo menos, vai cercar. Mas não vou deixar o craque correr atrás do cabeça-de-área. Ele não tem o preparo físico de um lateral, não vai ter como decidir. Se é craque, se é diferenciado, tem que ter pernas para decidir. Seria burro eu deixar um craque meu correndo atrás do adversário. Tem que ser o contrário.

Gostaria também de falar um pouco de quem comentei no início do texto, nosso presidente. Ele veio para nos liderar, com a maior credencial que um presidente gremista pode ter. E se viu no meio de uma renegociação complicada de contrato com a OAS. Talvez ele resolva tudo esse ano, e em 2014 ele terá tempo para se dedicar ao futebol, sendo mais atuante no campo e vestiário. Ou talvez, seu grande legado desta sua gestão não seja um grande título para o Grêmio, mas refazer as bases de um contrato que poderia deixar o Grêmio em uma situação muito complicada no futuro.

Mas também não esqueci do “jogador do cofre”, que já estaria acertado do com o Grêmio, desde o final de 2012.

Enfim, para finalizar, esse ano de 2013 foi intenso, se pudesse resumir em uma frase seria:

Grêmio teve o “jogo do ano” praticamente toda semana.

Foi LDU, Huachipato, Fluminense, Santos, Corinthians, Atlético-PR, Vasco, Flamengo, Goiás, ufa e devo ter esquecido alguns.

Talvez, também por isso, a corda tenha sido esticada demais nesse final do ano e não conseguimos chegar a final da Copa do Brasil.

Mais uma lembrança que me vem na cabeça, na primeira passagem do Renato, como técnico, em 2010, ele disse que estava faltando cascudos no time e também disse que se tivesse assumido o Grêmio algumas rodadas antes teria levado o Grêmio ao título. Bom, esse ano ele pegou um time cascudo e assumiu pelo menos, um mês antes do que em 2010.

Porém, vejo na figura do Renato, o principal responsável por levar o Grêmio a LA 2014. Pegou o trem indo para o abismo, colocou nos trilhos e levou a classificação, ficando, hoje, atrás somente do líder Cruzeiro.

Agora, se eu fosse o Renato, em 2014 pegaria minhas malas e partiria para longe do RS, ele fez mais, nesse segundo semestre, do que outros fizeram (Tite, Mano, Dunga, Oswaldo de Oliveira e Luxemburgo por exemplo), com um time que muitos disseram que era inferior, e é alvo de eternas contestações.

Mas de tudo, vou ficar com saudades do Olímpico.

Grêmio: 18 clubes invejam esse 2º lugar

O Grêmio conquistou o vice-campeonato no Brasileirão/2013 – premiação de R$ 6 milhões, pelo que soube – e, diferente do ano passado, garantiu presença direta na Libertadores, sem escalas.

Hoje, temos 18 clubes invejando essa conquista. Não é pra qualquer um ser segundo colocado num dos campeonato mais difíceis do mundo.

Fosse um clube menor a conquistar essa invejável posição, estaria comemorando com fervor e a festa avançaria a madrugada.

Mas clube grande não festeja segundo lugar. Ainda mais quando está na fila há mais de uma década.

Tampouco comemora vaga, mas a partir da vaga conquistada faz planos e pode sonhar com algo maior, enquanto outros ficam lambendo suas feridas como cão sarnento, sem disfarçar profunda e dilacerante inveja.

É evidente que o melhor de tudo é ser campeão, mas o segundo melhor de tudo é ser vice.

Pois é a posição atingida pelo Grêmio aos trancos e barrancos.

O técnico Renato Portaluppi herdou – e não canso de repetir para que alguns registrem isso – um time que não foi formado por ele e que estava em descrédito depois da eliminação na Libertadores.

A única indicação de Renato foi o zagueiro Rodolpho. Um tiro, um acerto na mosca.

Então, Renato tem seus méritos nessa conquista que leva à vaga na Libertadores, sem passar pelo tormento da fase classificatória, como ocorreu neste ano por absoluta incompetência de um time não conseguiu vencer um Gre-Nal em que o adversário chegou a ficar com dois jogadores a menos em campo.

Aqui, um parágrafo de reconhecimento ao técnico Luxemburgo, por ter contribuído para trazer jogadores do porte de Zé Roberto, Elano e Dida, que chegou criticado porque Marcelo Grohe estava bem, mas que acabou justificando sua vinda, com importante participação na campanha exitosa do tricolor.

Até Pará teve seus bons momentos, mas espero que os repita em outro clube em 2014.

Agora, o futebol que o Grêmio praticou sob o comando de Renato não entusiasma nem o torcedor mais fanático, daqueles que reservam um altar para o herói de 1983 em sua casa, e eu sei que eles existem.

A esperança é que a partir de uma reformulação Renato possa contar com jogadores que se adaptem melhor à sua proposta de jogo. Ou seja, jogadores versáteis, rápidos e aplicados taticamente.

Hoje, contra a Portuguesa, o Grêmio foi melhor e merecia ter vencido. Zé Roberto foi o destaque do time. O restante, tirando a dupla de área e o volante Souza, ficou num nível médio para baixo.

Na frente, Vargas foi o melhorzinho. Sua substituição – quando esperava pela saída de Barcos – foi surpreendente. Mas ele estava ameaçado de expulsão, segundo explicou Renato, e eu não tenho por que duvidar.

Não sei se Renato vai renovar contrato. Soube que ele pediu alto demais numa conversa preliminar. Aquela informação de que ele teria pedido 700 mil reais parece ser verdadeira.

Se ele pediu mesmo isso, não cabe nem negociar. Eu ofereceria 300 mil por mês e prêmio de R$ 5 milhões pelo título da Libertadores – valor que Luxemburgo iria receber, ao que me consta.

Assim, tudo indica que há uma vaga de técnico no Grêmio.

Aqueles que torcem e torciam pela saída de Renato, podem a partir de agora encaminhar sugestões para o Largos dos Campeões, no Olímpico.

CRIMINOSOS

Qualquer dúvida que alguém ainda poderia ter sobre a presença de criminosos infiltrados nas torcidas foi dissipada hoje no confronto entre Atlético PR e Vasco.

Foram cenas degradantes, que chocam o mundo do futebol.

Destaque para a imagem de um ‘torcedor’ do Vasco batendo covardemente num ‘torcedor’ do Atlético com um pedaço de pau com prego na ponta.

Como é que alguém consegue entrar num estádio de futebol portando uma arma como essa?

Seria lamentável também a atuação do Ministério Público de SC se for confirmada a informação de que teria proibido a presença da polícia militar dentro do estádio, já que se tratava de evento privado. Há controvérsias a respeito.

E como fica o Atlético PR que não providenciou segurança adequada ao jogo, que prometia ser uma guerra?

Será denunciado pelo procurador do Tribunal, o Paulo Schmidt, torcedor do Atlético?

Como disse o Renato após o jogo ao ser questionado sobre esse triste episódio, falta punição, falta punição de verdade, rigorosa. E não apenas para os brigões.

Greminis, antídoto contra azedume

Grêmio classificado para a Libertadores/2014, primeiro passo para buscar o título e voltar ao Mundial de Clubes, e o que mais leio e ouço é críticas a tudo no Grêmio, do porteiro ao presidente.

Fico imaginando como não seria se Grêmio e Inter estivessem em situação invertida.

Há um fato: Grêmio pode ser vice-campeão do Brasileiro. Só ele e o Atlético Paranaense, mais ninguém.

E o Renato não presta, o Koff é incompetente e por aí vai.

Mas nem tudo é choradeira, revolta e irritação. Recebi o material abaixo, que repasso com muita alegria, na singela esperança de atenuar o azedume de uns e outros da praça, inclusive o meu, claro.

Torcedor gremista,
No próximo dia 16 acontecerá oficialmente o lançamento do mais novo
projeto tricolor: os Greminis – A Turma da Arena Azul. Um DVD com
uma série de animações musicais com nove personagens que vivem no
interior do novo estádio gremista.
Voltado para o público infantil entre 0 e 6 anos, os Greminis tem como
objetivo cativar as crianças e auxiliar no repasse de valores entre gerações.
Além das músicas do cancioneiro infantil, ele traz canções inéditas
criadas especialmente para os pequenos como o “Hino dos Greminis” e o
“Parabéns a você” voltado para o mini tricolor. Pensado para os torcedores
do futuro, os Greminis facilitam o envolvimento dos gremistas com seus
descendentes para que estes também sintam a paixão e a emoção de torcer
por um grande clube.
Inovador, lúdico e educativo este projeto ajudará também o Instituto
Geração Tricolor e o Desejo Azul, através do repasse de parte do valor
arrecadado com as vendas. Para encantar tanto crianças quanto adultos, os
Greminis estarão disponíveis nas bancas de revista do Estado e nas lojas
GrêmioMania, Multisom e Colombo por apenas R$ 29,90.

Caso Barcos: ainda bem que não sou dirigente

Começo com uma constatação: eu não poderia ser dirigente de futebol.

Nos Aflitos, eu tentaria tirar o time de campo depois daquele pênalti que o árbitro marcou erradamente. Não fosse o Patrício ir pra cima do juiz, criando todo aquele clima, o Grêmio não teria vencido o jogo.

Nesse caso do Barcos, que jogou no ventilador uma crise salarial que atinge todos os clubes, inclusive um muito próximo, eu o afastaria do grupo na mesma hora.

Ele que vá piratear CD no centro.

Mas ainda bem que eu não sou dirigente. Os dirigentes são especialistas na arte de engolir sapos. Tem uns que chegam a ter congestão.

Tem gente que acredita que Renato se abraçou ao Barcos porque quis. Ingênuos.

Barcos  mostrou agora por que não fica mais do que uma temporada num clube. Mostrou por que é um andarilho, um cigano.

Um sujeito que recebe remuneração absurda, quase obscena, em comparação com a imensa maioria dos trabalhadores não precisava ir aos microfones desnudar uma situação ruim do clube.

E isso às vésperas de uma decisão contra a Portuguesa. O Grêmio que já perdeu a vaga direta para a Libertadores no ano passado por absoluta incompetência, corre o risco agora de repetir a dose.

Se já não seria fácil, agora ficou mais complicado.

Graças ao Barcos, que rapidamente se revelou muito melhor marqueteiro do que goleador.

Nos tempos da máxima ‘assunto de economia interna’, isso resultava em demissão por justa causa.

Ainda bem que não sou dirigente de futebol.

Barcos, comigo, não vestiria mais a camisa do Grêmio.

E digo mais, não faria a menor falta.

X-9

Essa trairagem do Barcos tem origem numa informação do x-9, que passou a imprensa o problema salarial do clube. Então, justamente no dia em que horas antes se discutia o assunto internamente, um repórter aparece para questionar sobre o atraso salarial. Informação privilegiada, claro.

O Barcos poderia ter dado uma volta, mas preferiu jogar para o mundo a crise gremista.

Os dois Renatos

O dirigente Rui Costa deu uma entrevista esclarecedora e interessante hoje, ao meio-dia, na rádio Guaíba.

Ele defendeu Renato, mas não garantiu a renovação, citando a questão financeira e a vontade do técnico como fatores a serem considerados.

Ficou claro que se Renato quiser, ele fica, mas sob determinadas bases salariais.

Ele fez questão de frisar que Renato é um treinador muito bom, que fez um trabalho sério e que, acima de tudo, não é um treinador de esquema.

Acho desnecessário dizer que não estamos falando de esquema de jogo.

Há muito tempo venho repetindo que acima de tudo é fundamental ter um treinador honesto. Um treinador que indica determinado jogador não porque vai ganhar uma grana, mas porque ele será útil.

Rui disse que há dois Renatos: o Portaluppi e o Gaúcho.

O primeiro é o treinador compenetrado, trabalhador e focado; o segundo é aquele das brincadeiras, das provocações.

– Nem tudo no futebol precisa ser politicamente correto – comentou o dirigente, que aliás, faz um trabalho excelente mais uma vez.

Rui acrescentou que Renato mudou muito de 2010 para cá. O Portaluppi, parece estar prevalecendo sobre o Gaúcho.

– O Renato é uma pessoa muito agradável de se conviver -, elogiou.

Lembro-me que Renato jogador sempre foi assim meio fora de lugar, desafiando os dogmas do futebol.

Renato sempre passou a impressão de levar tudo na brincadeira, sem muita responsabilidade, mas quem o conhece sabe que era um profissional consciente e na hora dos jogo normalmente decidia. É só olhar a biografia dele.

Por esse seu jeito um tanto fanfarrão, que muitos confundem com soberba, e, digamos, descontraído demais, que Renato irritou torcedores e, principalmente, conselheiros da época, em especial os mais conservadores.

Um jornal fez uma enquete com conselheiros sobre se Renato deveria continuar ou ser vendido. O resultado foi pela saída de Renato.

O que contribuiu para que ele fosse vendido ao Flamengo, em 1987, por 4 parcelas de 150 mil dólares. Parcelas que o Flamengo sempre atrasou. O Raul Régis viajava seguidamente ao Rio para cobrar.

Enquanto isso, Renato conquistava não apenas a torcida do Fla, mas todo o Rio. Virou Gaúcho.

Hoje, 26 anos depois, enquetes feitas na internet e por emissoras de rádio, apontam que mais uma vez a torcida quer ver Renato pelas costas.

Se bem que essas pesquisas não têm muita credibilidade, até porque colorados podem votar.

De qualquer modo, não são poucos os gremistas que desaprovam o trabalho de Renato e que são contrários à renovação de seu contrato, seja porque salário for.

Simplesmente querem Renato longe do Olímpico mais uma vez.

Parabéns, vocês vão conseguir de novo.

COLABORADORES

Por favor, leiam os comentários no post anterior.

Há um relato imperdível sobre o Elano.

O botequeiro Éverton sugere a publicação de comentários dos frequentadores do boteco. Ideia boa, ideia aceita.

O risco que eu corro é de ser substituído, porque tem muita gente boa aqui nesse estabelecimento.

Mas vamos em frente.

Então, acho melhor que mandem seus posts para o meu email: ilgowink@gmail.com

Não haverá censura, desde que o texto seja ‘família’ como este boteco.

SORTEIO

Outra coisa: atendendo sugestão do Moretto vou sortear um kit com duas long e um copo.  Só não sei como fazer isso. Pode ser também um concurso, uma prova, um teste. Quem sabe uma pergunta? Quem responder certo e primeiro leva o prêmio? Que tal?

CORNETA NO RW

Quem diria, criador e criatura juntos, defendendo a mesma coisa.

A turma do cornetadorw e a IVI juntos pela saída de Renato.

Hummmm…

Grêmio é o RS na Libertadores/2014

O Grêmio está na Libertadores de 2014. Nada mais justo.

Depois de passar metade do campeonato no G-4 seria um crime perder vaga na Libertadores, mesmo a ‘indireta’.

Mas por que não estou comemorando efusivamente?

É claro que estou contente. O futebol gaúcho terá um representante na Libertadores. O outro ficou pelo caminho há muito tempo e hoje espera pela última para ter certeza absoluta de que não será rebaixado.

Mas falta alguma coisa. Falta confiar mais nesse time, gostar mais do seu jeito de jogar. Falta empolgação com esse time armado – e parece mesmo um time ‘armado’ para o combate – pelo técnico Renato.

Gostava mais daquele outro, o de 2010. Levava mais sustos, sem dúvida, mas aquele time atrevido, ofensivo e ousado no qual até Clementino entrava e dava certo, me deixava mais satisfeito.

Ao vencer o Goiás por 1 a 0, quase não senti emoção. Quase não vibrei, mas mais uma vez fiquei irritado com alguns lances.

Faço uma lista dos jogadores que ficaram devendo: Pará, Alex Telles, Vargas e Kleber. Barcos também me irritou, mas fez o gol, e o gol absolve até condenado à pena de morte.

O melhor, disparado, foi Rodolpho. Bressan também esteve seguro. Souza mais uma vez em alto nível. Ramiro, além da jogada do gol, foi o guerreiro incansável de tempos atrás.

Zé Roberto incorporou o modo de jogar da equipe. Tornou-se um operário, apesar do seu talento superior. Mas cansou, porque não tem mais a idade do Ramiro.

Por fim, o goleiro Dida. Deixei para o fim porque eu vendo o Grêmio jogar, com marcação forte, obcecada, sinto-me como o Dida: um espectador. Não são poucos os jogos em que Dida quase não foi exigido. Cito dois em especial: ambos pela Copa do Brasil contra o Atlético PR.

Então, o pouco trabalho de Dida é um reflexo do esquema de Renato. Hoje, assisti ao jogo quase tranquilo, digo quase porque a vantagem por 1 a 0 é sempre inquietante. O Grêmio perdeu pontos importantes nos últimos minutos. Fora isso, o esquema de Renato se me irrita na frente, me deixa tranquilo no sistema defensivo. Eu sei que vou levar poucos sustos, ou nenhum, como aconteceu hoje na Arena.

Está aí outra vantagem do esquema de Renato, que joga primeiro para não levar gol: a gente quase não leva susto.

Sim, a gente se irrita, mas os resultados vão acontecendo, os pontos sendo somados, e no final das contas o saldo é mais do que positivo.

Poderia ser melhor? Sem dúvida. Poderia ser melhor para tantos outros clubes também, mas a maioria caiu pelo caminho ou morreu na reta de chegada, como o Botafogo.

Chego ao final da penúltima rodada convencido de que o mesmo treinador, Renato, com dois ou três jogadores com mais qualidade, teria sido campeão.

Renato herdou um grupo que não foi montado por ele – e esse é um dado que não pode ser desprezado.

Apenas um jogador do time titular foi indicação do Renato. Unzinho, conforme lembrou-me o Baldi, que apareceu aqui no boteco, sábado, para comprar as cervejas campeãs: Rodolpho.

Depois da atuação de hoje, elejo Rodolpho o melhor jogador do Grêmio. E isso não é bom.

Normalmente o melhor é um meia ou um atacante.

Exatamente o que mais falta a esse time tão criticado do Renato, que, com a vaga garantida, tem tudo para continuar no clube, desde que faça proposta realista.

INTER

D’Alessandro abriu a boca após o empate com o Corinthians, um bom resultado para o Inter.

Deu a entender que não fica em 2014 se o Inter não fizer time capaz de brigar por grandes títulos.

É o tipo de coisa para ser dita numa reunião com os dirigentes. Mas aqui D’Alessandro pode dizer tudo que é considerado normal. E isso que havia uma lei de silêncio imposta pelo clube para os jogadores não dessem entrevista.

Sem contar que ele tem contrato em vigor.

O presidente Luigi garantiu que o argentino não sai.

‘Enquanto eu for presidente, ele fica.’

Está aí uma promessa difícil de cumprir.