A conveniência de culpar arbitragens

Atribuir a erros de arbitragem as dificuldades do Grêmio no Brasileirão, em especial nos dois últimos jogos, é muito conveniente.

É conveniente ao torcedor – pelo menos para boa parte deles -, que assim pode conviver melhor com a sua dor, uma dor que vem desde 2001 – quer dizer, faz tempo que existe esse complô.

É conveniente à direção – e aí entram as anteriores -, porque tira o foco da verdade: a falta de planejamento, o excesso de gastos, a incompetência na tomada de decisões, de avaliação de determinadas situações e na formação do grupo.

Poderia citar vários exemplos que os gremistas estão cansados de colocar nas redes sociais, como a ausência de um meia de articulação – incrível, mas até o redondinho Douglas seria útil – e um camisa 9 de verdade para no mínimo fazer sombra ao instável Barcos.

Ah, ia esquecendo os equívocos na contratação de treinadores. Felizmente, Felipão chegou a tempo para evitar o píor. Aí, então um grande acerto.

É conveniente à comissão técnica, principalmente ao treinador. Quando goleou o Inter por 4 a 1 – só isso já justificaria sua contratação – e bateu o Criciúma, Felipão não denunciou nenhum esquema para prejudicar o Grêmio. Bastou perder duas seguidas, que velhos fantasmas vieram à mente do experiente técnico.

Sinceramente, eu acredito que Felipão realmente acredita que existam interessados em alijar o Grêmio do grupo que irá disputar a Libertadores em 2015. Não sei exatamente quem seriam esses conspiradores. Eu, que também tenho minhas ‘nóias’, imagino que possam ser indivíduos/empresas que se sentiram prejudicados pelo presidente multicampeão Fábio Koff na gestão do Clube dos 13.

A meu ver, os tais erros de arbitragem nos jogos contra Cruzeiro e Corinthians não pesaram tanto no resultado quanto a falta de qualidade nas conclusões e a demora do próprio Felipão na tomada de decisões para neutralizar a pressão dos adversários.

O Grande Erro de Arbitragem – o toque de mão de Fábio Santos dentro da área o que configuraria pênalti a favor do Grêmio – está provado agora que não aconteceu. Neste caso especificamente, muita gente que não estava dentro do campo na hora, eu inclusive, errou ao criticar o juíz, que, por linhas tortas acabou acertando.

Sobre esse juiz, senti que ele foi tendencioso a favor do Corinthians nos detalhes do jogo. Fiquei impressionado com a reação dele quando Barcos, no exercício do cargo de capitão do time, foi reclamar de uma decisão. O tal juiz ficou enlouquecido, cuspindo fogo na cara de Barcos, uma reação que ele não teve contra nenhum atleta corintiano.

Agora, não se pode atribuir a derrota à arbitragem. Ainda mais que o Grêmio teve um primeiro tempo ridículo e depois, quando melhorou, pouco criou em termos de situações claras de gol. Cássio, a rigor, fez apenas uma defesa difícil.

Então, antes de culpar arbitragens e operações secretas contra o Grêmio, é hora de Felipão e dirigentes olharem para dentro de si e tentar corrigir os erros que estão levando o clube a ficar fora da Libertadores 2015.

Afinal, como se diz na fronteira: não tá morto quem peleia. E enquanto há vida, há esperança.

INTER

Enquanto o Grêmio é prejudicado, o Inter é beneficiado. Nessa grenalização envolvendo arbitragens, o Inter está dando de relho.

Os próprios colorados admitem que foram beneficiado, principalmente contra o time reserva do Atlético Mineiro.

Bom pra eles, mas que dá uma baita inveja, dá.

COMPLÔ

Só pra deixar bem claro, não acredito em esquema para prejudicar o Grêmio. Mas também não duvido.

Afinal, para a rede de TV o que seria melhor, comercialmente falando, ter Grêmio ou Corinthians na Libertadores?

Acho que os fantasmas do Felipão está incorporando em mim…

RACISMO

Aqui sim vejo complô. Racismo no Grêmio tem peso muito maior do que racismo no Inter.

Sobre o caso de racismo envolvendo a torcida colorada, no Beira-Rio, e a mãe do zagueiro Paulão, recomendo essa leitura. Vale a pena, ajuda a diminuir a irritação:

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2014/11/do-facebook-guberman.html