Com ajuda dos deuses do futebol

A imortalidade gremista tem agora a ajuda dos deuses do futebol.

Renato negou o nome de Neuton duas vezes. A primeira quando Bruno Colaço se lesionou; depois quando Gilson se lesionou. Agora, tem a lesão de Lúcio.

Queira ou não queira, Renato terá de escalar o melhor deles: Neuton.

É claro que aceito Lúcio na lateral-esquerda. Afinal, ele tem sido titular e fica chato tirá-lo do meio e colocá-lo na reserva. É sensato investir nele em sua posição antiga.

A mim ficou evidente depois da convincente vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro que Lúcio finaliza mal suas jogadas. Ele não acertou um cruzamento sequer, o que o iguala a Gilson nesse quesito. Parece que falta ao Lúcio, além de precisão, força para cruzar. E força é o que sobra em Neuton.

Estou apostando minhas fichas no Neuton há tempo. No ano passado, quando foi lançado ali, ele foi espetacular. Depois, se lesionou e ficou nesse entra e sai, mais sai do que entra. Neuton, além de porte para ajudar no cabeceio na defesa – que está precisando -, dá melhor acabamento às jogadas de ataque.

Por isso, a lesão de Lúcio não me preocupa.

Preocupação mesmo é com a lesão de Victor. Ouvi o WC dizer que Marcelo Grohe é um reserva de luxo para Victor. Pode ser, mas é um reserva. E Victor é muito superior. Então, perder Victor neste momento é péssimo.

Sobre a zona franca que virou a área gremista nas bolas pelo alto: no começo do jogo o zagueiro Claudinho cabeceou livre e só não fez o gol porque a bola foi nas mãos de Victor. Depois, Claudinho marcou um golaço, seguido de outro gol de cabeça, agora do Maringá. Não vi culpa de Marcelo nos dois lances.

No primeiro, Claudinho saltou demais, e nenhum zagueiro chegou no corpo dele. No segundo, Maringá se projetou e apareceu na pequena área para marcar. Faltou o acompanhamento de um meio-campista. Aí, foi erro de entrosamento, negligência de quem viu o Maringá se projetando para esperar o cabeceio às costas da zaga – um lance que lembra o gol de R. Marques, que também apareceu por trás de todos num cruzamento de FR.

O Grêmio foi muito superior ao Cruzeiro. A vitória poderia ser mais tranquila, sem sustos. O problema é que qualquer time pequeno incomoda por causa desse detalhe: a bola lançada para a área onde aparece alguém para cabecear sem ser importunado. Pelo chão, o Cruzeiro quase não incomodou.

O ataque do Grêmio melhorou com o Leandro. O guri não se assusta e é ousado. No primeiro gol, numa bola excelente do Borges, Leandro teve a calma de um veterano -se bem que tem uns veteranos aí que se assustam quando chegam na cara do goleiro. Leandro agiu como um matador frio e cruel.

Leandro pode ser o Jonas, mas Borges não pode ser o André Lima. Impossível. Resta esperar que Borges cresça na Libertadores. Ontem, ele até jogou relativamente bem, mas foi contra o modesto Cruzeiro. Na Libertadores, o pau come solto e Borges não me parece ter o temperamento para enfrentar esse tipo de adversidade.

Ah, e o pênalti sobre o Borges. Ele foi valente, guerreiro, roubou a bola do zagueiro, invadiu e área e foi empurrado violentamente. O juiz não viu ou não quis ver. E era um momento tenso do jogo.

Gostei demais do Adilson. Ele está evoluindo. Avança com mais segurança e personalidade, e ontem mostrou que está chutando melhor. Quase fez um gol. Não teve a sorte do Magrão, por exemplo, que chutou e a bola desviou na zaga, tirando o goleiro da jogada.

O deslocamento de Lúcio para a laterar ajudou Renato a acertar o meio de campo. Tudo graças ao Gilson que se lesionou no gramado sintético durante um treino.

Não é a primeira nem a última vez que os deuses do futebol ajudam um treinador teimoso a arrumar um time.