Madrigal, Tia Carmem e a grande jogada colorada

Enquanto  ‘estudantes’ depredavam a prefeitura de Porto Alegre e entravam em confronto com os soldados da BM e o pessoal da Guarda Municipal, no começo da noite, não pude deixar de lembrar outra pauleira ocorrida ali naquela mesma área – tentativa de destruir aquele boneco da Copa – e que resultou praticamente na invalidez de um jovem brigadiano, quase da idade dos desordeiros, mas, ao contrário desses, trabalhando para garantir o pão de cada dia.

São tempos difíceis. Hoje mesmo a Justiça decidiu suspender o corte de árvores no Gazômetro, resultado de outra manifestação popular, mas esta mais ordeira. A decisão me deixou otimista. Aguardo, agora, que a mesma Justiça decrete o fim da derrubada de árvores na floresta amazônica, um sonho que acalento há décadas. Sei que a Justiça não irá me decepcionar. Estou confiante. Mas vou esperar sentado, que não sou bobo. Ou muito bobo.

Agora, pior de tudo, é esse ataque ao lado erótico da noite de Porto Alegre. Os bombeiros endureceram depois da atuação no mínimo titubeante que tiveram em Santa Maria e isso está resultando no fechamento de casas da ‘perdição’, como resmungava uma velha tia enquanto fazia tricô e crochê.

Eu sei que a Gruta Azul segue em reforma para atender as exigências da prefeitura e dos bombeiros. Mas deve voltar. Agora, o que não podia acontecer é o fechamento da Tia Carmem. Sua proprietária diz que vai fechar porque os bombeiros estão exigindo muita coisa – e tem mais é que exigir mesmo.

Fico imaginando a cidade sem as meninas prendadas da  Tia Carmem. Não por mim, que eu há muito tempo não janto fora, se é que me entendem. Aliás, mal e mal faço um lanche de vez em quando, em casa.

Já pensaram uma Expointer sem a Tia Carmem? Dizem que um grupo de pecuaristas e fazendeiros está se mobilizando para invadir a Capital.

Mas o que me deixou arrasado de verdade foi a notícia do fechamento do velho e bom Madrigal da minha juventude. Sou do tempo do Madrigal da Santo Antônio, entre a Independência e a Cristóvão. Quando a casa se transferiu para a Farrapos, onde estava até poucas semanas, eu já havia abandonado a vida boêmia. É sério.

Diante de tudo isso, essa calamidade que se abate sobre a noite portoalegrense, fica a pergunta: onde a gente vai levar esse pessoal da Conmebol? Há boatos de que pelo menos uma conquista de Libertadores aqui no RS amado passou pelas mesas e lençóis de uma dessas casas tão respeitáveis.

É mais uma preocupação que passo a carregar comigo, como se não bastasse essa questão da Arena.

Vida difícil.

AGENDA POSITIVA VERMELHA

São bons esses colorados. É o mínimo que posso dizer depois de assistir ao vídeo que o pessoal mais afeito a esse monte de bobagem que circula na internet intitula de ‘Harlem Shake’ do Inter.

É um vídeo em que aparecem os jogadores colorados fantasiados, dançando de forma tão descoordenada quanto o futebol da Seleção Brasileira nos últimos tempos.

Aparentemente é apenas uma bobagem sem a menor graça, ridícula. Mas só aparentemente.

Não se iludam caros amigos. A encenação na sala de musculação do clube é, na verdade, uma jogada muito inteligente e oportuna.

Por que oportuna?

Porque o vídeo surge exatamente no momento em que começam a surgir informações e questionamentos sobre o ‘fantástico e maravilhoso’ contrato do Inter com a Andrade Gutierrez, a ‘Empreiteira Boazinha’.

Hoje, o que mais se fala nas redes sociais é nesse dança esquisita de colorados fantasiados de Chapolim, Batman, etc.

Mas essa onda passa.

E o contrato fica. Talvez tão preocupante quanto é o do Grêmio.

Sim, estamos diante de mais um Gre-Nal.

Realmente, são tempos difíceis. Vejam:

COBERTURA

Vi que muita gente não disfarçou sua satisfação quando soube a OAS estão metida na construção do interditado Engenhão.

Depois, quando esse pessoal soube que o problema é na cobertura, obra feita pela mesma empresa terceirizada que começou a cobrir o Beira-Rio, a coisa mudou.