Dunga: 'Mais sorvete, menos vagem'

Começo com uma confissão: eu mesmo cheguei a pensar que Renato havia sido um técnico ofensivista em sua primeira passagem pelo Grêmio, e que agora, seria mais um da escola rothiana de futebol, inclusive, segundo alguns, superando o mestre.

Admito que aquele Grêmio vitorioso do segundo semestre de 2010 me fazia sentir numa montanha russa quando Renato jogava o time todo para o ataque e consagrava o glorioso Clementino.

De tanto ver o Clementino levantar a torcida, cometo a ousadia de prever um futuro coruscante – gostaram dessa? – para o lateral Pará. Sim, eu, que nunca cansei de jogar sobre os ombros de Pará a responsabilidade pelas mazelas do time, venho agora afirmar que Pará está melhorando gradativamente sob o comando de Renato.

No programa Cadeira Cativa, na Ulbra TV, segunda-feira, eu cheguei a dizer que Renato é milagreiro. É o São Portaluppi. Vou providenciar um abaixo-assinado pedindo a canonização de Renato se Pará repetir Clementino. Bem, se ele conseguiu dar vigor e vontade para Gabriel…

O time de Renato, em 2010, tinha praticamente três volantes, como agora. Fábio Rochemback, Adilson e Lúcio, um lateral-esquerdo de origem. Magrão entrava seguido, quando não estava lesionado. Mais adiantado Douglas, Na frente, Jonas e André Lima.

A diferença no time atual é que ‘Douglas’ foi substituído por um zagueiro. Em compensação, os dois laterais viraram alas e estão evoluindo tecnicamente no quesito ofensivo.

Quer dizer, Renato não virou defensivista. Ele está apenas utilizando da melhor forma o material humano que possui.

Não duvido que ele acabe sacando um zagueiro para colocar Zé Roberto, ou até Elano, tornando aí o seu time mais parecido com o de três anos atrás.

Enfim, deixando bem claro: Renato sabe das coisas.

DUNGA

Marcius Melhem. Alguém sabe de quem se trata? Eu só descobri ontem à noite quando recebi um vídeo em que esse cidadão passa uma descompostura em Dunga durante um programa de TV.

Concordo com quase tudo o que Marcius falou, motivado pelo lance infeliz do técnico colorado ao abordar de formal hostil, agressiva, qual um pitbull furioso, um jovem gandula – que também agia incorretamente.

Marcius, vocês todos já sabem e creio que somente em função desse episódio, se trata de um humorista da TV Globo.

Ele falou que o esporte é acima de tudo uma coisa que envolve alegria, prazer, satisfação, e que deve ser praticado com gosto. E que Dunga demonstra o oposto, sem carrancudo, até quando comemora um gol. Dunga parece estar sempre com raiva.

Nas entrevistas, essa raiva aparece na maioria das vezes. Pior é quando ele insinua coisas, como aquela de que um repórter estaria ganhando ‘presentinho’ por defender este ou aquele jogador no time.

Agora, fora isso, Dunga me parece um treinador de qualidade. Um pouco ortodoxo e conservador, mas eficiente.

O humorista foi infeliz demais ao pedir o banimento de Dunga do futebol. Fora isso, suas ponderações deveriam ser avaliadas por Dunga com calma. Inclusive quando Marcius comentou que Dunga poderia sofrer um infarto de tão estressado.

Mas Dunga não parece disposto a considerar nada disso. Sua resposta ao crítico foi exagerada, agressiva. ‘Cada palhaço em seu picadeiro’, foi um excesso. Até porque fazer rir é uma arte, um dom quase divino.

Dunga precisa relaxar mais.

Eu, se fosse ele, “… Tomaria mais sorvete e comeria menos vagem. Talvez tivesse mais problemas concretos, mas teria menos problemas imaginários….”, como diz aquele texto atribuído e Jorge Luís Borges.

Já o humorista deveria ficar na área onde ele se dá melhor: fazendo a gente rir.