O caso Moreno e outra atuação pífia do ataque

Se eu fosse um cara que procura sempre ver um lado positivo quando tudo parece conspirar contra, ficaria com a frase de Fernando após o empate por 0 a 0 com o Novo Hamburgo:

– O importante é que não tomamos gol nos últimos três jogos.

Fernando, de novo destaque do time, já projetava a decisão contra o Huachipato, sugerindo que a continuar nesse ritmo a vaga está garantida. Basta seguir sem sofrer gol. Afinal, o empate basta.

O problema que uma sequência de três jogos é pouco para considerarmos que o desempenho defensivo do time do sr Luxemburgo é confiável.

Considerando-se que dois desses jogos foram contra times modestos, fracos mesmo – Cerâmica e Novo Hamburgo – não vejo mérito algum em sair de campo sem levar gol. Um deles, inclusive, rebaixado para a segundona e o outro escapando com esse empate. Agora, não dá pra esquecer que o NH no finalzinho meteu uma bola na trave, umaa bola percorreu toda a linha do gol e saiu caprichosamente.

O outro empate nessa série de três lembrada por Fernando numa tentativa clara de elevar a confiança de todos na equipe foi contra um mistão do Fluminense, que jogou sem seu matador, o Fred.

Então, essa série de três jogos sem gols não significa nada, ao menos para mim que prefere fazer outra abordagem, que é a seguinte, e vou gritar:

– O GRÊMIO NÃO JOGA NADA HÁ HORAS!

Confesso que cheguei a imaginar os jogos ruins no Gauchão aconteceram porque os titulares querem se preservar, estão com o foco todo na Libertadores, e que por isso não se empenham como deveriam. Em algumas situações isso aconteceu mesmo, mas é inegável que time até agora, meados de abril, ainda não tem conjunto, não há jogadas ensaiadas, padrão de jogo.

Enfim, o Grêmio tem alguns jogadores de alto nível, outros num patamar muito bom, mas não consegue apresentar uma equipe que transmita segurança ao torcedor.

Voltando aos últimos três jogos: quantas situações de gol o Grêmio criou. Será que cabem na palma de uma mão? Quantas defesas fizeram os goleiros rivais? Hoje, em Novo Hamburgo, não vi nenhuma defesa do goleiro.

O Kleber, que foi bem, saiu de campo lamentando que o time jogou muito recuado com três volantes. Falou de jogadores novos, da falta de entrosamento. Tentou explicar o pífio rendimento ofensivo do time.

Por certo, ainda ecoava em seus ouvidos o nome de Marcelo Moreno, gritado pela torcida.

Depois, no vestiário, Kleber tornou pública uma crise de relacionamento causada, segundo ele, por declarações de Moreno e o empresário/pai do boliviano. Moreno disse que havia feito 22 gols no ano passado e que queria ver essa marca ser alcançada por outro no clube. Pisou na bola, claro. Mas eu não sabia que isso havia gerado uma crise, que permanece e deve continuar, segundo o diretor Rui Costa.

Então, quem tinha esperança de que Marcelo Moreno voltasse pelo menos ao banco contra o Huachipato, esqueça.

Tudo isso, à esta altura, é detalhe. O Grêmio terá de arrumar forças e futebol para garantir o empate no Chile, o que está longe de ser uma missão impossível, apesar de todos os problemas.

CRIS

O zagueiro que cometeu aquela insanidade contra o Flu foi agraciado por seu padrinho com a braçadeira de capitão. Cris, provando que o melhor que tem a fazer agora é treinar para tentar ser o que já foi como jogador, conseguiu a proeza de cometer dois pênaltis no mesmo lance, ambos envolvendo a bola e seus braços.

BITECO

Guilherme Biteco foi muito bem. Só não foi melhor porque o time está desconjuntado, é como um quebra-cabeças que não se consegue monotar. Guilherme Biteco seria uma alternativa muito boa na Libertadores. A lamentar que não está inscrito e, mais ainda, já não pertencer ao Grêmio.

GAUCHÃO

O Inter aplicou uma goleada no Juventude. Vai longe o tempo que o Ju era uma pedra no sapato colorado.

O Inter sobrou para vencer o time caxiense em Lajeado, embora as dificuldades no primeiro tempo.

Mas o Inter teve maturidade, firmeza e tranquilidade, para mudar tudo no segundo tempo. Mérito do técnico Dunga, que, na comparação com Luxemburgo, ao menos armou um time bem estruturado, com algumas jogadas, mecânica de jogo. Enfim, um time confiável.

Sim, o Inter ainda não enfrentou um grande desafio.

Mas no Gauchão tem mostrado superioridade sobre o Grêmio, que, diante dos mesmos adversários, mostra mais dificuldades para se impor.

Em nomes, os dois times se equivalem. O Inter, porém, é superior como equipe. Não muito, mas tem sido superior.

Inter, portanto, favorito ao título regional.