Os anos 70 e o início de novos tempos

Vencer o Novo Hamburgo fora nunca foi fácil. Sempre que penso no Novo Hamburgo não posso deixar de lembrar um dos raros jogos em que acompanhei o time na condição de sócio do clube, meados dos anos 70.

Se vocês acham que o Grêmio está vivendo seu pior ciclo é porque não viveram nos anos 70, os anos de chumbo. Sou um sobrevivente.

Era um domingo gelado. Leio as colunas do David Coimbra, de Boston, falando sobre a neve, e penso naquele domingo em Novo Hamburgo. Não, não havia neve, mas soprava um vento de congelar pinguim. E olha que eu estava bem agasalhado. Eu e meu amigo Ricardo Marmitt, que de vez em quando dá uns pitacos aqui. Tínhamos ido em excursão.

Pior que o frio era o futebol que o Grêmio jogava naqueles anos dominados pelo Inter. Mas hoje eu só me lembro do frio de congelar saliva.

E dos chutes do Torino de fora da área. Todos os chutes passando longe, muito longe da goleira. É o que me lembro desse jogo. Do frio tenebroso e dos chutes de Torino. Ah, o Grêmio perdeu o jogo por 1 a 0, se não me engano gol de Chameguinha, ou Xameguinha.

A derrota e o grito absurdo foram combustíveis para a torcida pedir a cabeça do técnico, Oto Glória, que treinou o Benfica e a seleção portuguesa no tempo do Eusébio. Decidimos ir até o Olímpico esperar o desembarque da delegação para manifestar nossa revolta e ofender o velho Oto, que na verdade não tinha culpa. Era a droga daquela década a culpada, mas a gente não sabia. A gente queria a cabeça do técnico. Ficamos um bom tempo no pátio do Olímpico.

Até que alguém informou que Oto Glória tinha ficado no aeroporto Salgado Filho. Já não era mais técnico do Grêmio.

Lembro de tudo para manifestar minha convicção de que o Grêmio atual, armado peça por peça por Felipão, me lembra aquele montado por Telê Santana, sob o comando de Hélio Dourado, presidente, e Nelson Olmedo, vice de futebol.

O Grêmio de agora, como em 77, está vivendo o alvorecer de um novo ciclo. O Grêmio naquele momento montou um time com critério e sabedoria, sem grandes gastos, um time barato e competitivo.

É no que acredito depois de ver o bom futebol do time na vitória por 1 a 0 sobre o Nóia, que bateu até na sombra sob a indiferença da arbitragem. Uma vitória que poderia ser mais tranquila se os gols legítimos de Braian Rodriguez (meu Deus, um centroavante de verdade!) tivessem sido anulados.

Como é bom ver um trabalho sério e criterioso atingir resultados positivos. Foi assim em 1977, está sendo assim agora.

Novos tempos!

AVENIDA

O Inter, a imprensa e a torcida colorada. Todos acreditavam que seria goleada sobre o meu Avenida. A gente pode estar caindo, tudo certo, mas a dupla sempre sofre para vencer o Avenida. Ontem, o time titular do Inter penou para vencer por 1 a 0.

A batata do Diego Aguirre está assando.