Reaprendendo a torcer numa decisão de Mundial

Nos meus tempos de Caldas Júnior, um colega costuma sumir quando o Inter tinha um jogo importante à noite. Era um mistério. Ele se ausentava da redação por uns 30 minutos, uma hora.

Um dia outro colega flagrou nosso amigo saindo do carro. Ele confessou que  precisava se isolar para ouvir o jogo.

Eu, ao contrário, ficava na redação fazendo a ‘escuta’ do jogo para depois escrever para o jornal do dia seguinte. Sempre foi assim, apesar do agito da redação, as conversas paralelas, etc. Eu conseguia me concentrar, mesmo que fosse um jogo decisivo do Grêmio.

Eu erguia muros em meu entorno. Hoje, sem a responsabilidade de descrever e analisar um jogo com total isenção, percebo que o muro desmoronou, que já não posso assistir/ouvir algum jogo decisivo do Grêmio cercado de outras pessoas.

Se antes eu me isolava em meio ao tumulto de uma redação, hoje eu preciso mesmo ficar sozinho de fato. Fico mais à vontade para analisar e torcer, mas até na torcida sou comedido.

Antes, eu precisava sufocar minha emoção. Hoje, não mais, mas ainda não me acostumei com isso. Tenho dificuldade, por exemplo, de abraçar alguém estranho na comemoração de um gol.

Aos poucos, estou aprendendo a ser torcedor. Na vitória sobre o Pachuca, gritei gol no lance do Éverton e senti a emoção fluir em forma de lágrimas. E foi só. Mas já foi um avanço. É como se eu estivesse reaprendendo a andar.

Hoje, contra o Real Madrid, espero voltar ao meu tempo de torcedor de arquibancada no Olímpico, sol na cara nas tardes de domingo dos anos 70, e poder vibrar e comemorar sem culpas, sem medos, sem bloqueios, os gols do Grêmio na vitória sobre o poderoso clube espanhol.

Sim, eu acredito na vitória e no título. O Grêmio não chegou até aqui para voltar sem o seu segundo mundial. Não mesmo!

GRENAL

Hoje à tarde, por razões profissionais, fui à sede do grupo Pampa. Acabei entrando no programa que o Rogério Bolke apresentava, acompanhado do Darci Filho e do Lacerda. Rogério e Darci são velhos conhecidos, grandes nomes do rádio. Lacerda, é uma revelação.

A rádio Grenal é um sucesso, está balançando as estruturas do rádio esportivo. Tem uma gurizada muito boa ao lado de veteranos talentosos. Os programas mesclam informação com brincadeiras, revelações de bastidores, muito humor. O pessoal mais novo pega no pé dos mais experientes e vice-versa. Tudo muito descontraído. Sou ouvinte.