Sobrou bravura, faltou futebol

Sobrou bravura, dedicação, empenho. Faltou mais uma vez só o principal, futebol.

O Grêmio foi absolutamente incompetente no primeiro jogo, ao perder por 2 a 0 praticamente sem criar situação de gol, e hoje, em Barueri, foi valente e interessado, talvez com estímulo de um gordo prêmio extra, mas para reverter uma vantagem tão significativa na casa do adversário é preciso mais do que vontade, é preciso qualidade.

O Palmeiras foi mais competente. Os dois times se equivalem, foi um duelo de iguais conforme defini antes do primeiro confronto, quando só destaquei que um jogador poderia fazer a diferença: o Valdivia.

O chileno não jogou no Olímpico. E hoje entrou na metade do segundo. Não precisou mais do que isso para ele ensinar como deve jogar um articulador de verdade, talentoso.

Valdívia fez toda a jogada e marcou o gol que colocou um freio no ímpeto gremista, que recém havia feito 1 a 0, gol de Fernando, apavorando a torcida palmeirense e deixando Felipão ainda mais agitado.

O empate tranquilizou o Palmeiras, e perturbou o Grêmio. A classificação ficou mais distante.

Foi um jogo de superação, dos dois times. Difícil analisar tecnicamente cada jogador. Melhor destacar o empenho, a vontade. Pará foi o mesmo de sempre, só mais guerreiro. O mesmo em relação ao Léo Gago. Nem critico também o Marco Antônio. Eles fizeram o que estava ao alcance deles: correr, lutar, brigar pela bola.

A bem da verdade, nesse jogo eles não comprometeram mais do que alguns medalhões. Eles estiveram, por exemplo, ao nível de Kleber e Marcelo Moreno, que juntos devem ganhar perto de um milhão de reais. E isso é o que mais me preocupa, porque o Brasileirão está aí e o ataque vai ter que jogar mais do que vem jogando. Claro que com Zé Roberto a coisa já melhora, mas pelo que tenho visto os dois atacantes titulares terão que mostrar mais futebol.

Tanto bateram nessa história de Batalha de Barueri que por pouco o jogo não terminou em pancadaria. Rondinelly foi expulso  e Edilson, que acertou um soco em Henrique, também. Por momentos, foi inevitável pensar na Batalha dos Aflitos. Dois jogadores a menos – Henrique levou o vermelho antes de o jogo recomeçar -, chuva desabando e uma fumaça encobrindo o gramado.

Mas seria impossível reviver o jogo épico contra o Náutico. O Grêmio já não tem nada parecido com o moleque Anderson na equipe. Foi o que pensei por instantes.

O Grêmio estava perdendo a vaga na final de uma Copa do Brasil que estava até fácil de ser vencida. Bastava um pouco mais de qualidade, um simples articulador de verdade já seria suficiente.

Fiquei imaginando um Valdivia no lugar do Marco Antônio. Ou um Andrezinho.

A direção não soube montar uma equipe verdadeiramente capaz. Apostou suas fichas no craque da Lusa. O preço é esse, a eliminação de uma final contra o Coritiba, que não tem a mesma tradição, a mesma camisa.

Quer dizer, não será tão difícil ser campeão nacional de novo, depois de onze anos.

Sobrou bravura, faltou futebol.

LIBERTADORES

Enquanto isso, o meu treinador preferido, o Tite, vai disputar a final da Libertadores. O Corinthians vai pegar o Boca, que eliminou o Universidad com o empate por  0 a 0.

Com um time sem estrelas, mas sem nenhum jogador que realmente comprometa, Tite está chegando lá.

Estarei torcendo por ele, o treinador que levou o Grêmio ao seu último título nacional.