Três pontos e os dribles que iluminaram a noite

O drible é das coisas mais bonitas do futebol.

Um drible que deixa descadeirado o marcador vale o ingresso. E se esse drible vier acompanhado de uma vitória, então, em meio a um futebol áspero e sem criatividade, mais merece ser valorizado, festejado, saudado.

Por isso, presto minha homenagem ao jovem estreante Wendel, um neguinho arisco, ousado, driblador. Uma grata revelação. Depois dele, Maxi Rodriguez, que parece ter aprendido que toda a chance que se recebe deve ser aproveitada ao máximo, sem temor, sem medo de ser feliz.

Esses dois foram a cereja do bolo dessa vitória do Grêmio, que bateu o Náutico por 2 a 0 – vingando o coirmão colorado que levou 3 a 0 também em Pernambuco – jogando um futebol angustiante. Mais uma vez um futebol que dá esperança aos secadores, porque fica naquele 1 a 0 e não cria chances de gol para ampliar. Fica-se com a sensação de que a qualquer momento os três pontos podem se tornar apenas um.

O segundo tempo, depois de livrar vantagem com gol de Barcos cobrando pênalti, foi preocupante. No futebol, hoje, qualquer bola alçada na área é perigo de gol, com qualquer ataque e qualquer defesa. Tudo pode acontecer.

Quando Maxi Rodriguez entrou, o Grêmio se limitava a garantir a precária vantagem no marcador. Uma vantagem ameaçada por um jogador apenas, o atacante Hugo, que levou pânico ao sistema defensivo algumas vezes. Está aí um jogador que merece ser melhor observado.

Em sua primeira bola, Maxi não foi aquele jogador tímido e inseguro de outras vezes. Ao contrário, ele fez o que Renato fazia em seu começo de carreira no Grêmio: partia pra cima da marcação como se estivesse jogando uma pelada na beira da praia.

Maxi teve um começo avassalador. E só foi parado com um pontapé que deveria determinar a expulsão do zagueiro, mas que ficou apenas no cartão amarelo.

Mais adiante, Maxi deu uma puxeta de leve para Paulinho, outro jovem promissor que Renato está lançando; Paulinho aparou e chutou forte, a bola desviou no zagueiro e entrou.

Com os 2 a 0, faltando uns dez minutos para terminar, tudo ficou mais tranquilo.

Os 3 pontos estavam garantidos. E isso é o que realmente interessa, jogando feio ou bonito, com dribles ou chutões. Mas com dribles sempre fica melhor.

A noite só não foi melhor porque o Cruzeiro virou contra o Goiás e o Botafogo venceu o Corinthians por 1 a 0, com gol já nos acréscimos. Já o Atlético Paranaense ficou no empate.

Destaco, ainda, em contraste com a habilidade de Wendel e Maxi, o zagueiro Gabriel, que me lembra muito o Wander Wildner. Gabriel foi decisivo. Foi punk como o cantor. Com ele não tem brincadeira. É um seguidor fiel de um velho ditado: bola pro mato que o jogo é de campeonato.