Roth e Silas: a arte de perder o comando

O técnico Celso Roth vem a público informar que deu uma carraspana no bad boy do Beira-Rio, o D’Ale, pivô da queda do grande treinador Tite.

Roth disse que disse para o argentino rebelde que essa era a última vez que ele, D’Ale, sairia da linha (aquela encrenca com um jogador do Cerâmica no meio da semana). Que ele, Roth, não toleraria mais esse tipo de reação, que poderia se repetir num jogo e aí complicaria todo o trabalho.

Está certo o Roth em conversar com o jogador a respeito disso. Ele erra ao divulgar sua cobrança aos quatro ventos, ou seriam cinco ventos, ou seis, sei lá.

Qualquer manual de RH ensina que o chefe deve cobrar o subordinado discretamente, sem estardalhaço. Já conheci chefes, ou chefetes, que gostam de mostrar poder, de humilhar seus subordinados. Existem aos montes, inclusive na imprensa.

Roth gosta de mostrar que ele manda, que ele não deixa por menos.

Na minha opinião, a conversa com D’Ale, se realmente ocorreu, foi em outro tom, não da maneira impositiva como Roth deixa transparecer.

Acho que foi algo mais ameno. Algo como ‘Dalezinho, você não deve mais fazer esse tipo de coisa, cair na provocação do adversário. Você precisa se controlar, tá bem? Eu falo pro teu bem e o bem do time, não leve a mal, tá?’.

Desconfio seriamente que foi mais ou menos assim. É claro que posso estar enganado.
A favor da minha versão tem uma historinha.

Certa vez, no Grêmio, um treinador metido a turrão, homem de poucos sorrisos, cara fechada, pegou um jogador no meio do campo, depois de um treino. O jogador havia criado um problema e precisava levar uma dura.

Ele chegou no jogador (cujo nome esqueci) e disse baixinho que iria gesticular como se estivesse furioso, fazendo de conta que o cobrava com veemência, e coisa e tal.
O técnico ficou ali fazendo o seu teatrinho perante o restante do grupo, que estava mais afastado. O pessoal da imprensa viu aquilo e também pensou que a coisa era séria.

Depois, no vestiário, adivinhem: o jogador revelou aos parceiros que tudo não tinha passado de um teatro. É óbvio que o treinador perdeu o moral com os jogadores e não demorou muito para cair.

Treinador que é treinador de verdade se impõe de outra maneira.

Há duas semanas o técnico Silas quis dar uma de galo ao declarar que M. Fernandes não jogaria mais na zaga, que disputaria posição na lateral.

Não resistiu uma semana.

É por essas e outras (como falar primeiro pra imprensa antes do jogador) que um técnico perde o comando do grupo, onde o que não há é anjinho.

Para refletir:

Essas dores musculares que afastam titulares do time, como Borges (de novo) e Jonas, serão mesmo verdadeiras?

Insisto: Silas perdeu o comando, já não tem o respeito do grupo. Isso para não falar de parte dos dirigentes, dos conselheiros e dos torcedores.

SAIDEIRA

Silas teria proposta do futebol árabe. Pode ser a salvação da lavoura…

ESPAÇO POLICIAL

Dias atrás escrevi que em breve o presídio de MG ou do Rio seria reforçado por um grande goleiro. Hoje, o site do Globo publica foto do Bruno no time de um presídio mineiro, aos 16 anos. A diferença é que era o time dos funcionários do presídio, não dos clientes. Ironias da vida.
Agora, falando sério, dá uma tristeza ver um jogador que sofreu tanto para chegar aonde chegou cair dessa maneira, cometendo um crime tão cruel, tão hediondo. Tudo isso é muito triste.
Tenho convicção de que se as punições em todas as instãncias fossem mais rígidas (como pena de morte) essa gente pensaria melhor antes de cometer tais barbaridades.
A impunidade (e penas brandas para todos os tipos de infrações) é o grande mal deste país.