Noite de 'terrir' no Olímpico e o (des) comprometimento

É fácil prever o que vai acontecer nos jogos do Grêmio. Antes do jogo contra o Vitória, disse a um amigo que se preparava para ir ao Olímpico na noite gélida:

– Será um filme de terror, não vai.

Depois, me ligou de dentro do estádio. Estava apavorado. Posso imaginar o quanto ele sofreu, ele e todos que foram ao jogo ver que o Grêmio, depois de 40 dias de pausa, com todo o tempo para treinar e se entrosar, voltou ainda pior.

Eu vi o jogo pela TV, enrolado em cobertores, tomando sopão e degustando um vinho tinto que trouxe de Jaguarão.

Aconteceu tudo conforme eu imaginava. Foi um filme de terror, misturado com comédia pastelão. Antigamente se dizia um filme de ‘terrir’.

O Aprendiz quanto mais treina, mais piora o time. Sem contar o que já escrevi aqui: ele perdeu o comando.

Ele começou com Leandro. É possível que Leandro quando puder jogar cinco partidas seguidas sem sofrer lesão possa dar uma resposta melhor, é possível. Técnica ele tem.

Agora, é inegável que Maylson com sequência correspondeu. Mas Maylson sabe, e o Aprendiz faz questão de deixar isso claro, que ele não passa de um tapa-furo. Por mais que jogue e faça gols, irá para a reserva assim que Leandro estiver apto a jogar.

Vocês conseguem imaginar o quanto isso é ruim para qualquer profissional, principalmente para um oriundo da base ver os medalhões sempre privilegiados?

Situação assim serve apenas para tirar a confiança do jogador, no caso, de Maylson.

Por que não começar com Maylson e colocar Leandro no decorrer dos jogos até que ele prove de uma vez por todas que tem condições de resistir?

Coisas de Aprendiz, ou de técnico comprometido com os medalhões e com a diretoria que quer ver seus contratados jogando de qualquer jeito.

Nos últimos anos, nunca o Grêmio se mostrou tão frágil em sua casa, seu templo, como agora. Depois de mais de um ano acumulando vitórias no Olímpico, o Grêmio hoje já não mete tanto medo em seu estádio. Conseguiu perder para o Pelotas, imaginem.

O Aprendiz e essa diretoria estão fazendo ruir a mística gremista, que ainda sobrevive graças a jogadores como Adilson e à torcida.

Em contraponto, o Inter bateu o Guarani fora de casa. Vi partes do jogo. O Guarani é mais fraco que o Vitória, sem dúvida, mas jogava em seu estádio. O que importa é que vi um Inter organizado, que conseguiu trocar passes, que marcou bem e atacou com velocidade. É cedo para avaliar se é resultado do trabalho de Roth.

SAIDEIRA

Recuperando uma palavra muito usada por Dunga: comprometimento. Não vejo comprometimento do sr. Silas com a história, a tradição, a grandeza do Grêmio.

E isso desde a primeira vez em que ele foi vaiado e declarou que isso não importava porque havia outros grandes clubes interessados em seu trabalho.

SAIDEIRA II

Tenho que trabalhar com o que tenho, disse o Aprendiz. Ele tem um grupo de 4 milhões de reais mensais nas mãos.
O que ele tem é insuficiente? Como terá repercutido essa avaliação entre os jogadores? e entre os dirigentes que fizeram as contratações?
A casa está caindo. Pena que os doutos irão sobreviver.