O Grêmio jogou como nunca e não venceu como sempre. A frase é exagerada, quase tão exagerada quanto os discursos ufanistas que ouvi do vestiário tricolor após o 0 a 0 no Beira-Rio.
Dos jogadores, passando pelo Aprendiz, até a direção, o que se ouviu, em linhas gerais, é de o time está começando a ficar ajeitado, agora no novo esquema com três zagueiros, e que a partir disso as vitórias irão ocorrer naturalmente.
Tudo isso poderia ser dito, sem qualquer oposição, uns três ou quatro meses atrás, mas não hoje, quando ingressamos no oitavo mês do ano, com o Campeonato Brasileiro a pleno e com o Grêmio na zona de rebaixamento.
Se alguém quiser se iludir, que se iluda. Mas eu repito o que venho pregando qual um desses alucinados pastores de seitas na rua da Praia: o fim está próximo. Por enquanto, o rebaixamento é apenas uma tendência, mas o clube se aproxima a cada rodada do abismo da segunda divisão.
Não resta dúvida – penso que até os colorados menos fanáticos, incapazes de cortar a água do vestiário do time visitante como aconteceu mais uma vez no Beira-Rio neste domingo – de que o Grêmio foi o time que mais chances de gol criou, que mais esteve próximo da vitória.
E não poderia ser diferente: o Grêmio jogou com sua força máxima – ao menos dentro dos (des) critérios do Aprendiz e dos Doutos do Olímpico – contra o time misto do Inter.
O goleiro Renan fez duas grandes defesas (chute do Maylson e cabeceio do Hugo), enquanto Victor fez apenas uma.
A oportunidade mais clara de gol foi do Grêmio: no primeiro tempo, o Centroavante Pigmeu recebeu a bola redondinha, livre na marca do pênalti, implorando para beijar a rede do goleiro Renan. O Centroavante de Futebol de Botão chutou para fora. Era a bola do jogo.
No mais, foi um jogo horrível, truncado, com pequenas faltas de ambos os lados.
O Inter, mais preocupado com o SP, e bem que faz, estava no seu papel. Só não podia perder, mesmo sem seis titulares, diante de sua torcida.
A responsabilidade de buscar a vitória cabia ao time que não vence há horas e que continua na zona de rebaixamento.
O que fez o Aprendiz?
A primeira substituição: Mailson marcava e aparecia na frente sempre que possível, e quase fez um gol. Ele NÃO poderia sair do time. Edmilson entrou no seu lugar (seis por meia dúzia). O certo era sacar Ferdinando, passando Maylson para o meio. O time ganharia qualidade no meio, marcação e chegada à frente.
A segunda substituição: Souza no lugar de Borges. O Pigmeu, apesar de estar mal, até porque a marcação colorada era muito forte, deveria continuar. Souza poderia ter entrado no lugar de Ferdinando (que continuava trombando em campo). É claro que o meio ficaria mais vulnerável, mas nem tanto assim, porque o Inter teria mais preocupação em sua defesa. O Grêmio veria aumentada suas chances de vitória. Mas Silas, assim como Roth, e os técnicos de modo geral, na hora que aperta só pensam em salvar sua própria pele. Então, vamos ousar, mas não muito.
Roth interrompeu sua séria de vitórias seguidas, com atenuante de que escalou time misto, enquanto o Aprendiz garantiu seu emprego sob proteção dos Doutos do Olímpico pelo menos até a próxima rodada, sábado, contra o Fluminense.
Para repetir os pregadores da rua da Praia: o fim está próximo, irmãos.