Celso Roth tem seus defeitos, mas ele guarda uma virtude que aprecio muito: gosta de armar seus times a partir de volantes. O Tite, que deveria ter voltado ao Grêmio há muito tempo, também é assim. Idem o Mano. E mais que idem o Felipão.
O Grêmio campeão da Libertadores com Felipão tinha três volantes: Dinho, Goiano e Émerson. Mais solto, Carlos Miguel. Na frente Paulo Nunes e Jardel.
É claro que ter três volantes não garante vitórias, mas é uma base para armar uma equipe capaz de vencer mais do que perder.
Se a felicidade não existe, não passa de um número maior de situações felizes; também não existe o time imbatível, mas aquele que vence mais do que perde. E, principalmente, vence na hora certa, na hora da decisão.
O Inter encarou o SP com três volantes. Dois deles reservas, só Tinga de titular. Mas manteve a estrutura, a ideia, a proposta, a filosofia de jogo.
Coisa simples, mas talvez por ser tão simples não existe no Grêmio, que ficou sofisticado com seu presidente fashion e com aquele vice que inventou o gentleman Autuori.
O Inter venceu por 3 a 1, humilhou o SP diante de sua torcida. O SP virou freguês de caderno.
Gostaria que Renato Portaluppi se mirasse nos técnicos que citei, e não no Silas, ou no Autuori, que passagem danosa pelo Olímpico. Renato, como seu antecessor, gosta de jogar com dois volantes. E, a exemplo de seu antecessor, vai dançar logo, logo, e com ele o Grêmio.
A salvação de Renato, e do Grêmio, é mudar seu conceito. ainda há tempo. Se ele tivesse dois meias de grande qualidade, ainda seria aceitável que mantivesse o esquema atual, mas nem Douglas, e muito menos e ventilador Souza, que parece ter um cérebro do tamano de uma ervilha, são craques. Longe, muito longe disso.
Gosto do Douglas, e também acho que Souza, em forma, pode ser útil. Mas não é o que estamos vendo. Não há nada que justifique sua presença no time. Ainda mais que no banco está Maylson. Ah, mas Maylson é comportado, não cria caso, não dá declarações polêmicas, não fala demais. E ainda por cima é da casa. E se é da casa, que espere sua chance, que virá quando ‘os de fora’ não puderem jogar.
Maylson não é o salvador da pátria, mas ao menos com ele se reconstitui um modelo que deu certo no próprio Grêmio, três meses atrás.
Não há no Olímpico alguém para encostar no Renato e transmitir essa informação pra ele? Ou já fizeram isso e ele não deu bola?
E mais: quando contrataram Renato não perguntaram qual o esquema que ele gosta de usar? Ou se preocuparam apenas em trazer um nome para sacudir a torcida?
Não é assim que se faz futebol.
Futebol exige planejamento, seriedade, organização. O factóide no futebol tem a duração de um grito de gol.
Se Renato não seguir o exemplo de Roth, povoando o meio-campo com jogadores que marquem e saiam rapidamente para o ataque, será atropelado e sequer terá tempo para anotar a placa.
Volantização é a salvação!
Vamos ver o que ele fará contra o Avaí. Estou começando a ficar apavorado. Pior que isso só o que estão apontando as pesquisas eleitorais.