Tenho conversado com alguns colorados. Todos só falam em goleada. Acabei de telefonar pra minha Loni.
Minha tia Loni é uma figuraça. Quando jovem, isso há algumas décadas, ela era gremista.
Naqueles gloriosos anos 60 o Grêmio patrolava o Inter. Um dia, ela virou casaca. Tinha peninha dos colorados.
Com o passar dos anos, seu coloradismo só aumentou. Ficou fanática. É sócia do Inter há alguns anos.
Sofreu durante 23 anos na expectativa de ser campeã do mundo. Nunca tive peninha dela.
Hoje, ela tripudia sem dó nem piedade. Repete o que os gremistas faziam em ela naqueles gloriosos anos 60. Desconta os 23 anos de espera.
Acabei de telefonar pra ela, e é por isso que escrevo essas mal traçadas.
Perguntei, já sabendo a resposta:
– Vais ao jogo?
– Claro, e vou pra ver uma goleada. Quatro a zero pra cima.
E ainda me provocou:
– E tu, por que não vai? Tem que ir, vai sim -, insistiu debochadamente.
A última vez que a vi assim tão entusiasmada foi no mundial de clubes, dezembro passado.
Mesmo com um sério problema no joelho, ela queria ir. Desistiu atendendo apelo de familiares, eu mesmo, e determinação médica.
Até a última hora estava chorosa, arrependida de não ter acompanhado o time que seria campeão do mundo de novo. Campeão do mundo Fifa, como ela repete na inútil tentativa de diminuir o mundial de 1983 do Grêmio.
Eu dizia, “Loni, te aquieta aí, porque sofrer em casa é mais fácil e mais barato. Imagine, tu viajas, perde e ainda volta com um monte de prestação pra pagar”.
Não deu outra: Mazembe Day.
Ela hoje me agradece de não ter viajado. Eu me arrependi, deveria ter colocado pilha nela. “Vai, vai sim”, deveria ter dito, cinicamente.
Ele merecia ter visto o desastre ao vivo.
Neste domingo, ela estará no Beira-Rio. Ela espera uma goleada, como todos os colorados que conheço. A mesma soberba dos dias que antecederam ao jogo contra o glorioso time do Kidiaba.
Pena que o Carlos Alberto não está mais aí pra imitar de novo o Kidiaba.
Quem sabe ele não teria nova chance de fazer a imitação que tanto irritou os colorados conhecidos e anônimos.
Gre-Nal é Gre-Nal. Tem gente que ainda esquece disso.