Ruim com Renato, pior sem ele

Não tenho bola de cristal, mas o próximo treinador do Grêmio não ficará até o final do Brasileirão.

Por que? Eu pergunto e explico: os técnicos disponíveis são perdedores de carteirinha ou alguma aposta. A frase que abre este post só perde a validade se for contratado o Felipão, o Tite, ou o Muricy. Não necessariamente nesta ordem.

Cogitam no nome de Diego Aguirre, técnico do Peñarol. É um bom nome se ele puder trazer consigo toda a garra que caracteriza o futebol uruguaio e injetá-la em jogadores como o Douglas, por exemplo. Ele não vai fazer isso, porque é impossível. Portanto, se vier, será um desastre.

Adilson, Cuca e ele, Roth, estão disponíveis. Dando sopa como se diz por aí. Parece que Odone admira muito o Cuca. Não duvido, mas não consigo entender como é que alguém possa admirar o Cuca.

Sei que a direção não me lê, pois se me lesse teria contratado alguém para o lugar de Jonas lá em fevereiro, e não teria disputado a Libertadores com Lins e Viçosa no ataque. Mesmo assim, dou a minha sugestão:

Marcelo Oliveira, técnico do Coritiba. Não é um nome queimado diante da torcida e uma aposta com alguma chance de dar certo em função do excelente trabalho que fez com um time mediano.

Para encerrar, aquilo que tenho dito há muito tempo se confirmou: a direção queria ver Renato longe do Olímpico. Só começou com ele a temporada com medo da torcida, já que Renato havia levado o time à Libertadores.

Com a saída de Jonas, principal nome do Grêmio e até hoje sem substituto à altura (Miralles pelo que vi joga menos que o Jonas), e com a lesão de André Lima, Renato foi obrigado a jogar com jogadores de time de segunda divisão.

Criticam o Renato por insistir com Lins e Viçosa. Mas quem no grupo é melhor? Leandro, sim, mas ele se lesionou. Além disso, ficou claro contra o Avaí que é um guri que precisa de tempo para seu futebol amadurecer. Deve ir entrando aos poucos para não ser queimado.

Então, a direção conseguiu o que queria: transformar Renato de quase unanimidade em um treinador questionável.

Sou da seguinte opinião, diante da carência de treinadores:

Se é ruim com Renato, pior sem ele.

Lanterna esquentou a noite no Olímpico

O ‘Mazendaço’, citado no artigo anterior, aconteceu. O lanterna esquentou a noite fria no Olímpico.

O Avaí fez o que se previa: ficou fechado atrás e explorou contra-ataque. A defesa se impôs ao ataque gremista, o meio-campo manteve marcação dura e o ataque foi ágil e veloz. Teve ainda a felicidade de marcar o primeiro gol no começo.

E aí começam os problemas: a zaga deixou o adversário cabecear livremente, sem pressão, para fazer 1 a 0. A falha maior foi de Mário Fernandes, que teve condições de interceptar o cruzamento, mas ficou parado olhando.

Mário Fernandes só pode jogar como líbero num esquema de três zagueiros, ou de lateral-direito. Fora isso, é reserva.

Rafael Marques a meu ver é titular. Até porque vira e mexe está salvando o time. Tem garra, tem brio, capacidade de indignação e alguma qualidade. Não fosse ele, com seu gol no minuto final, a noite seria trágica.

Gabriel não jogou nada. Bruno Colaço fez o possível, considerando sua juventude e limitação técnica.

No meio, Willian Magrão foi quase uma calamidade. Pior que ele apenas o  Douglas. Mesmo considerando que o meio estava congestionado, eles poderiam jogar melhor. Magrão ao menos teve vontade.

Douglas tem um agravante: foi expulso quando o Grêmio buscava o empate, deixando o time também com dez jogadores. A expulsão não foi por uma falta, uma disputa de bola. Foi por reclamação ostensiva e descabida.

Renato deve aproveitar e armar um time que não precise mais desse jogador. Se não souber fazer isso, que peça as contas.

Ah, na entrevista coletiva, Renato chamou Douglas de craque. Aí fica difícil.

F. Rochemback foi de novo o melhor do time, o melhor em campo. Agora, precisa se controlar. Agrediu um adversário quase no final, naquele esforço gigantesco em busca da reação. Já tinha o amarelo e poderia ter sido expulso. Foi na cara do bandeirinha que anulou dois gols do Grêmio, sendo que ambos os lances foram absolutamente discutíveis. Ele decidiu os dois contra o Grêmio.

Ainda sobre a arbitragem: Mário Fernandes escorregou e caiu com a mão sobre a bola, lance involuntário que alguns colorados da crônica esportiva estão querendo dizer que foi pênalti.

O pênalti sobre Escudero, que entrou bem diante do horror que era o time, pode não ter existido. Mas não dá pra condenar o juiz, que errou para os dois lados.

Leandro e André Lima lutaram. Sentiram a falta de ritmo. Além disso, o espaço para eles era restrito demais. Sempre com dois ou três marcadores.

Miralles entrou muito bem. Mostrou que é um jogador de atua pelos lados, mas que aparece para concluir.

Não há dúvida que o time tende a crescer. Ainda mais com Gilberto Silva e mais um atacante de qualidade.

A partir daí é tudo com Renato. Cabe a ele mostrar que o desempenho que teve no Brasileirão do ano passado, quando tirou o Grêmio do atoleiro, não foi casual e fortuito, como acreditam seus críticos.

Mazendaço e 'o Sala'

O presidente do Avaí fala em demissão em massa se o time não começar a ganhar; o capitão do time, Marcinho Guerreiro, bateu de frente com o técnico Gallo (dois jogos, duas derrotas), e está afastado. O Avaí é lanterna, com apenas um ponto conquistado.

O Grêmio enfrenta esse clube em crise no Olímpico nesta quarta, às 19h30. Está aí um jogo traiçoeiro.

Se o Grêmio vencer, não terá feito mais que a obrigação. Situação similar a do Inter contra o Figueirense, domingo. Se empatar ou se perder…

O jogo pode ser um divisor de águas para o time de Renato Portaluppi, que, abusando de seu lado fanfarrão, promete que o torcedor que for ao Olímpico sairá satisfeito. Ele não tem como prometer isso só porque terá a volta de André Lima e talvez a estreia do Miralles. Os dois voltam de lesão, estão sem ritmo de jogo e com entrosamento zero.

Mas Renato está tão feliz em poder contar, finalmente, com atacantes de verdade – a primeira vez desde a saída de Jonas e a lesão de André Lima – que já promete coisas que estão fora de seu alcance.

De certo mesmo, é que será uma noite muito fria. Mas uma noite que pode esquentar se Renato não conseguir armar sua equipe de maneira adequada para enfrentar um adversário ferido e que vem disposto a reagir no Brasileiro. É bom não esquecer que o Avaí foi eliminado nas semifinais da Copa do Brasil pelo atual campeão, o Vasco. O time catarinense merece, portanto, mais respeito.

Afinal, não queremos um ‘mazendaço’ no Olímpico.

O SALA

É assim mesmo no masculino. O Sala de Redação fechou 40 anos. O programa não é mais o mesmo.  Lembro-me vagamente dos primeiros programas, comandados por seu idealizador, Cândido Norberto. Paulo Sant’Ana começou a se projetar ali, ele que já se destacava em programas de debates como o Conversa de Arquibancada, na antiga TV Piratini. Gesticulava muito, falava com entusiasmo de seu Grêmio. Dava pau nos árbitros do Gauchão, e sofria com o Grêmio naquele início dos tenebrosos (para nós gremistas) anos 70.

Pouco tempo depois, surpresa!, ganhou uma coluna na ZH. Foi uma bomba. Afinal, ele não era jornalista. Era um torcedor alçado à colunista. Um estranho no ninho. Um dia ele largou em sua coluna o time de cada jornalista esportivo. O pessoal queria o fígado dele. Nessa época eu sequer havia começado o curso de jornalismo. 

Sant’Ana tornou-se o principal nome do programa Sala de Redação. Muitos colorados foram escalados para enfrentá-lo. Um a um, foram caindo pelo caminho. Sem Sant’Ana, o programa perdeu muito de seu brilho, mas segue com a minha sintonia. Com respeito aos demais participantes, o programa cresce e se ilumina quando ele reaparece, o que é cada vez mais raro.

O Sala, agora, perdeu o ‘Professor’, que está pendurando as chuteiras. Não por vontade própria. Ele ainda terá alguns espaços no rádio e no jornal. Infelizmente, é assim. A fila anda. Nada é para sempre. Mas é inegável que o jornalismo esportivo gaúcho perde qualidade sem o mestre Ruy Carlos Osterman.

O ciclo de ouro do rádio-esportivo gaúcho está chegando ao fim. Antônio Augusto, Armindo Antônio Ranzolin, Lauro Quadros, Pedro Carneiro Pereira, são nomes que recordo agora rapidamente. 

Outros nomes surgiram nesse meio tempo, ‘cascudinhos’ que cresceram e juntaram-se aos ‘cascudos’, e agora os substituem. Mudam os nomes, mas o importante é que o rádio gaúcho continua vibrante e digno.

Derrota projeta semana tensa no Olímpico

Os volantes Fernando e Willian Magrão foram os atacantes mais efetivos do Grêmio. Foram eles que tiveram as duas chances mais claras de gol do time, ficando cara a cara do goleiro e chutando como se fossem Herreras. Quer dizer, no corpo do goleiro Renan.

Depois, o gol. Não, não foi de um atacante. Foi um zagueiro, o desprezado Rafael Marques. Foi um gol casual, pura sorte, a mesma que resultou no segundo gol do Botafogo, um pouco antes do apagão.

Não, não estou me referindo ao apagão do time gremista, que repetiu o primeiro tempo melancólico do jogo contra o São Paulo. Informo pra quem não sabe: faltou luz no Engenhão.

Mais uma vez, o time sentiu a falta de atacantes de qualidade. Atacantes que possam fazer a diferença, ou ao menos causar preocupação aos zagueiros adversários.

Quase posso ver os zagueirões que enfrentam o Grêmio rindo entre si quando deparam com o Lins, o Viçosa, o Roberson. Gente promissora, mas que hoje não tem condições de vestir a camisa titular do Grêmio.

Lembro que aos 14 minutos do primeiro tempo vi o Grêmio trocar quatro ou cinco passes no campo de ataque. Até ali, só dava Botafogo.

Estaria enfrentando o Barcelona? Não, era apenas o modesto Botafogo, que só não marcou gols mais cedo porque esse ‘Barcelona’ não tem Messi, tem Herrera.

Hoje, qualquer adversário se transforma em Barcelona contra o Grêmio, que se encolhe, se defende como pode,  se esgarça todo para conseguir chegar na frente, onde invariavelmente seus atacantes vão perder a bola.

E quando esse time ainda tem um jogador expulso de forma imbecil, aí a derrota se torna inevitável. Fernando, um jovem e eficiente volante, já tinha cartão amarelo, mas isso não impediu que desse um tranque forte, na cara do juiz, num guri magrinho, pernas finas, endiabrado, o Cidinho, que recém havia entrado. Cidinho, guardem esse nome.

E assim vai o Grêmio, sempre esperando pelos atacantes que não tem desde o começo da temporada.

Parece que tudo isso é para abalar a imagem de vencedor de Renato perante a torcida.

Enquanto isso, crescem os rumores sobre a queda de Renato Portaluppi. Mais que isso, tem gente torcendo contra Renato, como se ele fosse o grande responsável por esse time que está aí. Surgem especulações.

Adilson, o capitão América, o queridinho de boa parte dessa direção que não fica ruborizada em ver o time jogando sem ataque desde fevereiro, caiu no Atlético Paranaense.

Ah, não gostam do Adilson? Ou do Cuca? Quem sabe, então, o Celso Roth, que está aí, à espreita?

SAIDEIRA

O Inter desemcabulou em casa. Bateu o Figueirense de goleada, 4 a 1. O time catarinense havia sofrido apenas dois gols no campeonato. Tinha a defesa menos vazada.

Por isso, é importante valorizar a vitória, principalmente os três pontos.

É claro que o time continua com problemas, mas uma vitória no dia em que o Grêmio voltou a perder sempre alcança uma dimensão maior.

A tensão agora passa para o Olímpico.

FECHANDO A CONTA

Quarta-feira, no Olímpico, contra o Avaí, Renato poderá contar, finalmente, com uma dupla de ataque digna de clube grande: Miralles e André Lima devem jogar.

Os dois nunca jogaram juntos. Ambos estão voltando de lesão. Ainda assim, afirmo: vão jogar mais, muito mais, do que esses que estão aí se fardando e entrando em campo só porque não há nada melhor no clube.

Renato x direção: quem perde é o clube

No confronto entre Renato e a direção, perde o Grêmio.

A direção não quer Renato, mas não tem coragem de demití-lo. Isso parece estar cada vez mais claro para todos que acompanham futebol, especialmente para os gremistas.

Montou um time sem atacantes para figurar (a quem prefira o verbo disputar, mas não é meu caso) na Libertadores, e começou o Brasileiro com um ataque de time da segunda divisão que luta para não cair pra terceira.

Posso estar enganado, mas essa estratégia suicida foi para tirar a paciência de Renato, forçando-o a pedir as contas.

Sei que parece um desatino pensar assim, mas já vi tanta coisa estranha que não duvido de mais nada.

A cobrança pública por reforços, feita por Renato com aquele seu jeito meio brincalhão, meio debochado, mas colocando o dedo na ferida, escancarou esse conflito no clube.

Antônio Vicente Martins respondeu forte, não economizando ironias, referindo-se a Renato como ‘presidente’, deixando claro que o técnico se mete em tudo.

Não, Renato não quer ser presidente. Quer apenas um time com atacantes dignos de vestir a camisa de um clube de ponta, que deve sempre, SEMPRE, entrar numa competição em condições de brigar pelo título.

O Grêmio não pode, sob qualquer hipótese, entrar numa competição como mero coadjuvante, como acontece neste momento.

Renato comete seus erros, não resta dúvida. Mas quem avaliar com serenidade e sem preconceito com o jeito do Renato, verá que a maioria dos problemas decorre da falta de qualidade do time em algumas posições.

Sei que Renato não é unanimidade entre os torcedores. Nunca foi. Menos ainda agora. Mas se ele pedir demissão, quem tem para o lugar? Quem?

Faltam treinadores, sobra gente para assumir o futebol do Grêmio.

Então, que saiam os dirigentes.

Antes que o Grêmio seja mais prejudicado.

FECHANDO A CONTA

Um exemplo do desespero de Renato: ele testou no treino de hoje o Lins como único atacante. Tem o guri Leandro voltando. É arriscado começar com ele.

Sou da seguinte opinião: se não tem atacante bom, diminua o prejuízo. Jogue com um apenas.

Aliás, diante da carência de atacantes, há tempos preguei aqui esse esquema com 3 zagueiros e 6 no meio de campo. Apenas um maluco correndo na frente.

Num time de futebol de ponta, ainda dá pra jogar com um jogador razoavelzinho. Agora, dois sobrecarregam os demais. 

Não deu certo contra o São Paulo no Morumbi. Mas nesse jogo havia improvisações com resultado calamitoso.

Agora é diferente.  Rezemos.

A voz do dono e o exemplo de Cavenaghi

O vice de futebol do Grêmio pegou pesado. Antônio Vicente Martins decidiu encarar Renato depois que o técnico fixou prazo, publicamente, até esta quinta para receber reforços.

Renato escancarou sua ansiedade, seu desespero, sua sede de reforços. O técnico nada mais fez do que refletir o pensamento da torcida.

Um assessor do futebol chegou a comentar que a direção não trabalha sob pressão, sugerindo que o ultimato de Renato era descabido e inoportuno.

Bem, Renato está trabalhando sob pressão desde que assumiu, em agosto passado, quando o time parecia rumar para a segundona de novo.

Quem não quer trabalhar sob pressão não pode ser jornalista, por exemplo. Nem policial, nem bombeiro, nem bancário, nem controlador de voo, nem piloto. Ou dirigente de futebol.

Se não quer trabalhar sob pressão que volte para a arquibancada. Até seria interessante que a direção ficasse mais próxima da torcida para saber direitinho o que ela pensa de isso tudo.

Os doutos do futebol tricolor saberão o que pensa o torcedor de uma direção que desperdiçou mais uma Libertadores pela imprevidência, falta de planejamento e de competência, imitando a direção passada.

Os que estão no poder hoje criticaram muito os que estavam no poder na Libertadores de 2009. Os que antes pressionaram, hoje não querem pressão.

Não suportam que o treinador extravasse sua tensão, sua preocupação com o rumo da equipe, e o seu próprio.

Renato sabe que a torcida é impaciente e que na hora da derrota quer a cabeça de alguém, mesmo que seja um treinador tão vítima quanto ela torcida.

Uma derrota diante do Botafogo pode criar o clima apropriado para mudanças. Renato disfarça com seu jeito brincalhão, que parece não pensar antes de falar, mas é visível sua insatisfação.

Ele já deu inúmeros recados. Falou de cascudos, cascudinhos e tudo o mais só para dizer que o time precisa de qualidade. Deu força para o grupo que tem, tentou dar moral para quem não tem grande futebol.

Se Renato está aborrecido, com a direção não é diferente. O constrangimento é geral. A cada diz mais me convenço que Renato vive um processo de fritura desde janeiro.

Na entrevista forte que deu hoje, AVM disse que tolerava as manifestações de Renato por considerar o treinador um sujeito bom caráter, que não fala determinadas coisas por mal. Mas deixou a escapar que às vezes tem vontade de rir do que Renato diz.

Será que Renato vai rir quando souber que é capaz de provocar esse tipo de reação de seus comandantes?

Não sei, mas AVM, até hoje sempre tão sereno e tolerante, parecia mais um boneco de ventríloquo.

Parecia a voz do dono.

Faria melhor se dedicasse o tempo gasto na entrevista para buscar os atacantes que sonegou a Renato, ao Grêmio e à torcida desde a saída do goleador da equipe, Jonas.

Tempo para isso ele e seus companheiros tiveram mais do que o necessário.

Talvez estivessem mais preocupados em rir.

SAIDEIRA

Cavenaghi foi digno. Foi à direção e pediu para sair, já que não está sendo aproveitado. Fosse outro, como muitos, ficaria ali, acomodado, só passando no caixa no final do mês. Mas Cavenaghi não é como a maioria.

O ato do argentino me lembrou aqueles ministros japoneses que se matam quando flagrados em falcatrua.

Aqui, os ministros quando descobertos com a mão na botija fazem cara de ofendidos e fica tudo por isso mesmo. Deixam a coisa esfriar e logo estão de volta lépidos e faceiros, e cada vez mais habilidosos para tomar o dinheiro público.

O 'Disque-Dentuço' e as pequenas alegrias da vida

Até parece brincadeira, mas criaram o Disque-Dentuço pra vigiar os passos de Ronaldinho Carioca (sim, ‘Gaúcho’ ele deixou de ser faz muito tempo).

Confesso que esse é o tipo de notícia que me dá alegria, me enche de júbilo. É um pensamento menor este meu, mas não estaria sendo sincero se escrevesse que fico penalizado, solidário ao ex-RG.

Sempre acreditei na máxima que cada um colhe o que planta.

O ex-RG, atual RC, virou o prato em que comeu e que alimentou toda a sua família nos tempos de vacas magras ao deixar o Grêmio daquela maneira traiçoeira e anti-ética, para dizer o mínimo.

Desde então, caiu em desgraça perante a imensa maioria dos gremistas.

Não satisfeito, praticamente repetiu a dose agora ao acenar que gostaria de voltar ao Grêmio. Na verdade, foi apenas uma estratégia para atrair o Flamengo, viu-se logo depois.

O Rio era o sonho do ex-RG.

Afinal, para um jogador milionário, cansado da bola e cada mais entusiasta das noitadas e dos pagodes, jogar em Porto Alegre, com uma imprensa cri-cri e uma torcida inteira no pé, seria uma estupidez.

Ronaldinho Carioca pode ser tudo, nunca estúpido. Muito menos seu procurador, empresário, conselheiro, irmão, tutor, o Assis.

Bem, a conta está chegando. No campo, ele é um caricatura do que um dia foi. É vaia em cima de vaia.

Agora, ele terá toda a torcida do Flamengo no pé. Já foram formadas várias equipes de vigilantes voluntários para acompanhar da passo do jogador fora de campo. Se uma equipe falhar, sempre haverá um flamenguista para telefonar para o ‘Disque-Dentuço’.

A vida de RC está virando um inferno. E ele pensava que o Rio seria um eterno paraíso…

UM NOME APAGADO

Quando soube que haviam tirado o nome do ex-RG de um material promocional do Grêmio citando jogadores formados no clube, custei a acreditar. Incrédulo, mas satisfeito. Depois, constatando que a notícia era verdadeira, pensei melhor.

Não tem como apagar esse nome da história do clube. Não tem, é impossível. Seria como anular o balãozinho que ele deu no Dunga num Gre-Nal, ou então os vários lances geniais, os gols.

Como ignorar o orgulho que um dia foi ter esse jogador vestindo a camisa tricolor? 

É claro que a traição cometida por alguém assim assume dimensão grandiosa.

Não tem como apagar o ex-RG da história do Grêmio. Assim como não existe a menor possibilidade de ignorar a traição cometida.

O melhor a fazer é conviver com as duas situações.

Ele começou no Grêmio. Ele traiu o Grêmio.

Não há como apagar isso.

SAIDEIRA

Este caso, me lembra o que fizeram no Colégio Militar de Porto Alegre tempos atrás: tiraram o nome de Carlos Lamarca, que estudou lá antes de se tornar guerrilheiro, combatendo a ditadura militar.

Mas a existência de Lamarca nessa escola não tem como ser anulada.

Menos ainda o fato de que o Brasil já existia antes de Lula, embora ele não acreditasse nisso.

Segue a frustração de gremistas e colorados

Mais uma rodada decepcionante da dupla Gre-Nal. Os dois times mais uma vez não venceram. Quando vi, estava cantarolando ‘aonde a vaca vai, o boi vai atrás…’.

Nesse ritmo, a vaca vai pro brejo. No máximo, uma vaguinha na sul-americana. Libertadores? Difícil. Título? Impossível.

O Grêmio ainda tem atenuante por ter somado apenas 7 pontos em 15 disputados: não tem ataque.

Estou ficando cansativo. Nem eu me aguento mais. Desde a saída de Jonas, seguida da lesão de André Lima, que o Grêmio joga futebol sem atacantes. Tem uns caras ali que correm, se esgarçam em campo e até fazem gols de vez em quando, mas decididamente não são atacantes. Quer dizer, não são atacantes para jogar de titulares em clube de ponta.

Vejamos o Viçosa e o Lins. São dois guris esforçados e com bom potencial. Eles podem entrar eventualmente, mas os dois juntos começando uma partida é responsabilidade demais pra eles. Mas é o que se tem para o momento, aliás, um momento longo esse.

O Grêmio até mereceu vencer. Gabriel perdeu um pênalti. Ouvi uns comentaristas de peteca dizendo que ele bateu bem. Sem comentários.

Depois, o Vasco fez aquele chamado gol espírita. O sujeito cruza mais para se livrar da bola e acaba encobrindo Victor, que não teve culpa alguma no lance. 

Se o Vasco achou um gol, o Grêmio não fez por menos. Com Douglas numa tarde sonolenta, mas ao menos não deu a tradicional entregadinha, e sem qualidade alguma na frente, o gol só poderia sair de uma bola parada. Escanteio, e Roberson (vejam só!) foi lá e cabeceou para empatar.

Com esse time, com esses atacantes, a campanha até que é boa. O que se viu de positivo foi a defesa. Mário Fernandes, Saimon e Neuton. Quase impecáveis. Saimon, por imaturidade, quase proporcionou um gol para o Vasco. Mas teve excelente atuação. Deve continuar.

INTER

Enquanto o Grêmio ficou no 1 a 1 com o campeão da Copa do Brasil, o Inter repetiu o placar contra o vice, o Coritiba, mas fora de casa.

Não fosse a campanha (um ponto a menos que o Grêmio) do time de Falcão, o resultado entraria no rol dos aceitáveis. Afinal, o Coritiba tem uma equipe ajustada e jogou diante de sua torcida.

Gleidson, quem diria?, abriu o placar. Depois, de pênalti, o Coritiba empatou.

Oscar não entrou em campo. Nem durante o jogo. Ele preferiu colocar, por exemplo, o Wilson Matias. O ‘espetacular’ do Fernando Carvalho foi ressuscitado pelo técnico, e quase sepultou o Inter no Couto Pereira. Ele deu umas entregadas que não resultaram em gol por detalhe.

Seria o fim de Falcão como treinador no Beira-Rio. Não tenho dúvida disso.

Falcão ganhou uma sobrevida. Quando ele foi contratado, eu escrevi aqui que era um grande equívoco da direção, que tinha um pensamento mágico: se o ídolo Renato deu certo no Grêmio, o ídolo Falcão (meio forçado esse ídolo, em todo caso) vai dar certo no Inter.

Há uns 15 dias terminou a lua-de-mel do Falcão com a imprensa. Na semana passada, houve o rompimento. Falcão acusou um comentarista de ter outros interesses em suas críticas. Na sexta-feira, depois de muito questionado, revelou que o tal comentarista seria o Guerrinha. Mas acabou erguendo a bandeira branca. Bola no meio de campo.

Acho que a imprensa pegou pesado demais com Falcão depois do início alegre e festivo. Por mais que a direção, a torcida e a imprensa colorada acreditem, o time colorado não é tão forte assim.

Por isso, responsabilizar apenas Falcão é uma demasia, uma injustiça. Falcão tem errado, não melhorou em nada o time em relação ao de Celso Roth (toc-toc-toc). Enfim, não está cumprindo o que prometeu.

Os dias de Falcão no Inter estão contados.

SAIDEIRA

Brincadeira gremista em resposta a uma dos colorados, aquela dos dez anos do Grêmio sem um grande título. Confira:

http://www.youtube.com/watch?v=1EXqIu1PYeg

1983: nada pode ser maior

Um vídeo bem-humorado e muito bem produzido brinca com os ’10 anos sem título do Grêmio’, lembrando que o último grande título foi o da Copa do Brasil de 2001, comemorado nesta sexta-feira.

O vídeo está no YouTube.

Acho legal esse tipo de brincadeira criativa. E entendo a motivação dos colorados para dedicar parte do seu tempo para produzir esse vídeo.

Afinal, quem ficou 23 anos vendo o Grêmio reinar absoluto como primeiro e único campeão mundial de clubes tem todas as credenciais para querer devolver tanto tempo de inveja, desespero e sofrimento.

Mais de duas décadas. É tempo. Não duvido que os autores da gozação sejam jovens que cresceram vendo os gremistas festejarem ano após ano o mundial. Aposto que desde criancinha frequentavam o Beira-Rio e não entendiam por que o nome Internacional se o clube era apenas ‘nacional’.

Cresceram assim, com esse sentimento de inferioridade. Eu senti isso na pele na década de 70. É realmente muito doloroso.

Imagino que crianças gremistas estejam sofrendo muito nesta década. É claro que há compensações, como a derrota colorada para o glorioso Mazembe. Mas o jovem gremista quer mais que vibrar com a desgraça alheia. Quer festejar títulos grandiosos de seu próprio clube.

Mas, ao contrário do guri de dez anos do vídeo, o guri gremista gosta de futebol. A fase ruim só faz aumentar essa paixão pelo futebol e, principalmente, pelo Grêmio.

Foi assim com os colorados que ficaram 23 anos esperando por um título das Américas e do Mundo.

Eu mesmo brinco com esse mar vermelho de 23 anos de lágrimas e decepções.

No ano passado, lancei a cerveja 1983 justamente para brincar com esse vazio existencial que eu percebia nos meus amigos colorados, muitos deles colegas que passaram pela redação no Correio do Povo nesses 23 maravilhosos anos da vida de todos os gremistas.

Por isso, nós entendemos essas brincadeiras. Eu, particularmente, me divirto, especialmente porque o Grêmio sempre será o primeiro clube gaúcho a conquistar o mundial.

E nada pode ser maior.

As convocações sacanas, Neymar e os Mamonas

Antes que empresários, especuladores, atravessadores, procuradores e dirigentes picaretas dominassem o futebol, eu até que vibrava com a Seleção Brasileira. Faz tempo isso.

Quando sai uma convocação, nunca se tem certeza de que ali estão realmente aqueles que o técnico considera os melhores. Sempre resta uma sombra de suspeição.

Interesses ocultos.

Já contei aqui, ano passado, a história de um jovem promissor. Ele tinha um procurador modesto, sem nome, sem prestígio. Depois de uma reunião com um grande empresário do ramo das chuteiras, ele abriu mão do jogador mediante uma compensação financeira.

Antes que deixasse a sala, ele ouviu o famoso empresário telefonar para alguém da CBF e dizer “agora já pode convocar”.

O jovem, um zagueiro, passou a figurar nas listas.

Desconfio das convocações, especialmente nas categorias de base. Nós já vimos vários guris participarem de seleções desde a sub nenê de fralda ou algo parecido. E não raro ficamos nos perguntando ‘por que esse cara tá na seleção?’. O fato é que o guri ao vestir a amarelinha automaticamente se valoriza.

Fora isso, tem o fato de que as convocações desfalcam os clubes. É claro que eles podem ter um ganho financeiro, mas há uma perda técnica que por vezes é expressiva.

Vejam agora essa convocação para o mundial sub-20. O Flamengo teve cinco convocados, o Inter teve três. Oscar está entre eles.

Falcão, que não parece apreciar muito o futebol do Oscar, talvez até tenha gostado. É menos uma incomodação. Essa imprensa chata, que não entende nada; essa torcida passional…

O Inter fica também sem dois zagueiros do grupo, Romário e Juan, jovens cotados para brigar pela titularidade. 

Já o Grêmio perde Fernando, que começa a conquistar seu espaço.

Enfim, a CBF vem aqui, leva nossos jogadores, desfalca nossos clubes. Enquanto isso, alguns dirigentes festejam porque o ‘patrimônio está sendo valorizado’, e o resto não interessa.

Bobagem essa coisa de querer ser campeão brasileiro. O bom mesmo é fazer dinheiro para pagar as contas e sei-lá-mais-o-quê.

Mas quem vibra mesmo são os empresários, os procuradores, os investidores.

E os guris, claro, que cada vez têm mais pressa em enriquecer. Mal estão saindo das fraldas e já arrumam contrato milionário na Europa.

A cobiça, a ganância, é tanta, que alguns chegam a sacanear o clube onde entraram engatinhando e onde hoje não podem sequer passar perto.

E, esses guris, por mais que sejam orientados, casam com a primeira que aparece, como o Alexandre Pato, ou engravidam uma menina ‘desatenta’, como o Neymar. Ou como o Traíra.

MAMONAS

No intervalo de Penarol x Santos (o Santos mostrou que tem mais qualidade técnica, mas o time uruguaio não se entrega e vai complicar na Vila Belmiro), assisti no SBT uma reportagem sobre os Mamonas Assassinas (depois, só fiquei fresteando o jogo).

Fiquei emocionado ao rever o Dinho fazendo palhaçada ao lado dos amigos, num clima de camaradagem e descontração. Lá pelas tantas, o Dinho parou de cantar, desceu do palco e apartou uma briga.

Está sendo lançado um filme sobre eles, que morreram em 1996, 2 de março, num acidente aéreo.

Quero declarar – e podem jogar pedras e ovos podres – que essa banda foi a coisa mais importante que surgiu na música brasileira nos últimos 20 anos.

Até hoje me pego cantarolando aqueles musiquinhas simples, quase infantis, algumas com letras de duplo sentido. A criançada gostava. Meus filhos gostavam. Eu gostava.

Sei que eles não ficariam muito tempo com tanto sucesso, talvez mais um ou dois anos. É assim no país da ‘eguinha pocotó’.

O Neymar, com sua alegria e malandragem pra jogar futebol, me lembra o Dinho, o líder dos Mamonas.

Vou ver filme.