Ronaldinho e a demissão de AVM

Perder é sempre ruim, mas perder com passe e gol de Ronaldinho é insuportável.

Enquanto Adilson, heróico, se desdobrava para não deixar Ronaldinho se divertir, vi, perplexo, o goleiro Victor dar um presente para o inimigo número 1 dos gremistas.

Victor, que tantas vezes salvou o time, sepultou qualquer possibilidade de reação ao se atrapalhar todo com a bola, que acabou de graça nos pés de R Ronaldinho.

Victor tinha muito crédito. Perdeu tudo num lance ridículo, inaceitável para um goleiro do seu nível.

O mais grave é que naquele momento, metade do segundo tempo, o Grêmio fazia uma partida valente, desprovida de qualidade técnica e tátrica, mas vibrante, interessada, determinada na luta pela bola.

Até acho que o Grêmio não chegaria ao empate, porque apesar dsaa vontade faltou lucidez nos lances finais, faltou aquele penúltimo toque para deixar um companheiro e condições de marcar.

A destacar que o Grêmio evoluiu em relação a si mesmo. Só espero que isso não se deva unicamente ao fato de o adversário ser o festejado Flamengo, o que sempre aumenta a motivação de qualquer equipe.

Confesso que não consegui ver o jogo como eu gostaria. Estava numa padaria/café, a Pane Mio, um lugar muito legal em Jaguarão.

A Tv era de 32 polegadas. Sempre havia alguém passando na frente, ou alguém pedindo um café, uma broa, um pão de queijo fumegante.

Enquanto o Grêmio brigava para conseguir um resultado honroso, havia gente despreocupada, só pensando em comer e beber. Amaioria nem olhava pra tela.

Eu deveria ter feito o mesmo.

Ver R Traíra correndo como um louco, motivado pra vencer seu ex-clube, e depois sair festejando como se nunca tivesse jogado no Grêmio, dá uma sensação desagradável. Seria melhor não ter visto.

DEMISSÃO

Antônio Vicente Martins largou o osso. Correta e digna a atitude dele. Pediu desligamento do futebol depois de ver que seu trabalho está levando o Grêmio para o fundo do poço. Antes dele, o Cidade Dias.

É antes de tudo uma demonstração de gremismo. Diferente de outros que ocuparam o cargo, acumularam fracassos, e ficaram agarrados gritando daqui não saio daqui ninguem me tira.

Vamos ver agora quem entrar no lugar.

Aposto uma 1983 Belgian Ale que vai dar Pelaipe.

SAIDEIRA

O Inter, com toda a sua ambição de brigar pelo título, repete sua rotina dos últimos anos o Brasileiro: deixa de somar pontos em jogos dentro de casa e contra adversários de porte modesto.

O empate por 0 a 0 contra o Atlético Goianiense foi um duro golpe no torcedor que enfrentou a tarde fria e a chuva miúda na expectativa de ver o time subir na competição.

Se o Grêmio está mal, pedindo para ser rebaixado de novo, o Inter está com time para lutar no máximo por vaga na Libertadores.

Quem tem medo de Ronaldinho Gaúcho?

Quem tem medo de Ronaldinho ‘Traíra’ Gaúcho?

Eu não, mas por via das dúvidas estou me exilando no território dos campeões da América.

Quando o Grêmio estiver enfrentando o Flamengo no Maracanã neste sábado, eu estarei na fronteira comprando uns vinhos. Vinhos e as minhas cervejas (1983, Kidiaba e Mazembier) têm sido o meu refúgio nesses tempos de dor e mágoa.

De vez em quando apareço no Box 21 ou no BierMarkt, mas sempre mantendo prudente distância do Olímpico, que virou salão de festas dos adversários.

Se der, vou assistir ao jogo. Aliás, não medirei esforços para ver esse duelo tão aguardado:

Grêmio frente a frente com RG, que está jogando melhorzinho depois que entrou no ar o ‘disque dentuço’.

RG nem foi ao julgamento ontem. Não tenho dúvida que fez isso para mostrar descaso com os auditores e assim ser punido.

RG tem medo, ou apenas vergonha, de enfrentar o clube que ele abandonou em troca de dinheiros, muitos dinheiros.

Felizmente, o tribunal carioca, conforme era previsto, colocou RG em campo. Ele e o Thiago Neves. Melhor assim.

Se o Grêmio escapou de perder para o Figueirense e penou para empatar com o América Mineiro, tanto faz o adversário.

O risco de fracasso é maior que o de sucesso com esse time.

Agora, parece contraditório, acredito que o Grêmio tem condições de surpreender o badalado Flamengo. Aliás, sempre é mais fácil vencer equipes festejadas em excesso, ainda mais se forem cariocas, sob o céu estrelado, ou não, do Rio. Pena que o jogo não é no Maracanã. Estaria ainda mais confiante.

Para vencer, ou até empatar, o técnico Julinho terá de armar um time compactado, com pegada forte no meio de campo, e duas ou três alternativas para escapar em contra-ataque.

A ausência de Douglas contribui para isso. É providencial essa amigdalite no jogador que deixou o campo sob vaias e visivelmente irritado com Julinho. Santa amigdalite.

Espero que Julinho coloque Adilson ao lado de Gilberto Silva, FR. com Marquinhos mais liberado.

Na frente, André Lima e um velocista, de preferência Leandro. O guri parece viver uma crise existencial, o que é natural para quem surgiu como um furacão e hoje não é mais que uma brisa. Só jogando é que ele vai superar essa fase, reencontrar o equilíbrio psicológico. Futebol ele tem de sobra.

A lamentar apenas que o Grêmio não tem um xerifão na área, alguém pra colocar o dedo na cara do RG e dizer, cuspindo fogo:

– É hora de ajustar as contas.

Estarei no Uruguai, mas não posso perder esse jogo. Esperei muito tempo por esse momento.

Grêmio: uma análise, uma contribuição

O vice-presidente de futebol Antônio Vicente Martins está perdido. Posso estar enganado, mas é isso que ele me passa a cada entrevista.

Ele não sabe por que o Grêmio repete a campanha do ano ano passado no Brasileirão. Se ele sabe, não o demonstra.

Depois do empate com o América Mineiro, agora um adversário direto na luta para não cair, AVM jogou parte da responsabilidade sobre Renato, que seria responsável pela indicação de alguns jogadores.

Os jogadores indicados este ano por Renato, salvo engano: Miralles, Gilberto Silva e Rodolpho.  

Alguém questionou esses nomes anteriormente?

Mas isso é o que menos importa: o dirigente é quem decide se contrata ou não. O técnico indica, o dirigente contrata se quiser. Não é ele quem manda?

Bem, se ele não manda, que se demita, dê lugar a outro gremista também tão decidido a ajudar o time do coração.

Tenho dúvidas se AVM manda alguma coisa. Pelo que sei, ele e seus companheiros do futebol não aceitaram o pedido de demissão de Renato ainda no vestiário após empate com o Avaí. Teriam sido, então, atropelados pelo presidente Paulo Odone, que os deixou falar na coletiva e depois foi lá e fez aquela lambança que culminou na saída de Renato.

Aquele era o momento de se impor. Ou cair fora.

Cesar Cidade pediu o boné ontem. Alega questões particulares. Dos três, talvez fosse o melhor. Os melhores são os primeiros a sair quando tolhidos em sua capacidade de decisão.

Se é para dizer amém, melhor voltar para a arquibancada. Eu penso assim. Mas sei que tem gente que gosta de ficar agarrado ao poder de qualquer jeito, mesmo que isso possa resultar em prejuízo ao seu clube.

Ah, é preciso considerar a divisão de cargos no clube pelos movimentos que venceram a eleição.

Se sair um representante de tal grupo, o substituto deve ser da mesma corrente ‘partidária’.

Competência e preparo para determinado cargo é o que menos importa.

É assim que funciona nos governos. Infelizmente, é isso que acontece hoje nos clubes, ao menos na dupla.

Hoje, AVM deu entrevistas dizendo que é possível repetir o ano passado. Sim, tanto é possível que a história de fracasso está se repetindo. Resta saber se é possível repetir a segunda parte da história, aquela que começou com a chegada de Renato ‘salvador’ Portaluppi.

Quem será o Renato agora? Julinho?

Quando Julinho foi contratado eu escrevi que era um engano, um erro, que torceria por ele, mas que não vinha nele condições de assumir um cargo tão importante numa situação tão complicada. Levei umas chineladas em função dessa minha descrença.

Continuo torcendo por ele, até porque se ele fracassar as consequencias serão desastrosas.  Não é uma questão de conhecimento de futebol. A questão é comando de vestiário.

Tivesse Julinho o respaldo de dirigentes fortes, com voz de comando, ele teria melhores condições de vencer.

Mas a impressão que tenho é que Julinho Camargo está só. É uma impressão extraída dos fatos envolvendo os homens do vestiário, o presidente e o futebol do time.

Renato prescindia desse apoio, e isso ficou muito claro o tempo todo. Renato estava mais afinado com os homens da gestão anterior, e disso ninguém tem dúvida. Talvez seus resultados no Brasileirão 2010 tenham muito a ver com essa relação mais afetiva.

Como o momento é de contribuir, deixo aqui minhas sugestões principais:

– como não dá pra mudar a presidência, que se mude o futebol, colocando no comando um dirigente que se imponha e que purifique o ambiente se o vestiário estiver contaminado como parece estar;

– se continuar esse pessoal, que se contrate um treinador com perfil de xerifão do vestiário, alguém com autoridade, mas ao mesmo tempo habilidoso para fazer com que os jogadores joguem por ele pelo menos o tempo necessário para afastar o fantasma do rebaixamento. 

Alguém aí falou Celso Roth?

É a parte que nos resta nesse latifúndio.

O que está ruim sempre pode piorar

Não vi e não gostei. Sou um gremista de pouca fé. Assumo. Pensei em ir ao Olímpico. Ver o time de perto, o que não fiz uma vez sequer este ano.

Sempre que penso em ir a algum jogo do Grêmio me vejo penando na arquibancada como na década de 70, quando ir ao Olímpico era certeza de frustração e raiva.

Não fui. E também não vi o jogo pela TV. Mas ouvi boa parte do jogo pelo rádio. Ouvi depoimentos de torcedores, todos chateados, alguns desesperançados, desiludidos, raivosos. Outros simplesmente conformados, tristes.

Como não ficar triste? A direção contratou os jogadores que julgava necessários e suficientes para enfrentar a Libertadores e o Brasileirão. Eles estão todos aí.

ESTE é o time do Grêmio.

Cheguei a pensar que Renato Portaluppi com os reforços de Gilberto Silva, Miralles e André Lima pudesse recolocar o time nos trilhos. Foi eliminado antes pelos doutos dirigentes do Grêmio.

Hoje, já não sei: Renato talvez não conseguisse mais do que Julinho Camargo.

Nunca saberemos. O que se sabe é que Julinho teve vários dias para ajustar o time, treinar algumas jogadas, mas o Grêmio não decola.

Talvez um técnico mais experiente conseguisse um melhor resultado. Talvez. Mas para mim está claro que falta qualidade na frente.

Fora deficiências em mais duas ou três posições.

Quando Leandro entrou no lugar de Douglas, algo que gostaria de ver desde o início conforme escrevi aqui para uma mudança radical na estrutura de meio campo, pensei que a situação fosse melhorar.

O gol de empate saiu logo em seguida. Miralles, após cruzamento de F. Rochemback, de novo o melhor. Minutos depois, Miralles foi expulso. Já haviam dito que ele é chegado num cartão. Está aí a prova. Quem o contratou sabia disso.

(Agora, como é que Viçosa foi emprestado se esses que estão jogando não são tão melhores do que ele?)

No jogo contra o glorioso Figueirense, o presidente Paulo Odone afirmou no final que o time havia apresentado evolução sob o comando de Julinho, isso depois de Marcelo Grohe evitar a derrota no final ao defender um pênalti numa partida em que os catarinenses sempre foram superiores.

O que ele tem a dizer depois de empatar com o poderoso América Mineiro no Olímpico? Não vou esperar para concluir este texto. Cansei de rolando lero.

Odone continua sendo alvo principal dos torcedores. Ele já mandou Renato embora. Seu próximo passo será mudar o comando do futebol. Trazer de volta Pelaipe.

Depois de Pelaipe, Celso Roth.  

E assim vai o Grêmio. Mais um ano perdido.

Mas é sempre bom não esquecer: o que está ruim sempre pode piorar.

SAIDEIRA

Inter conseguiu o terceiro lugar na Copa Audi. A gurizada que entrou deu boa resposta contra os titulares do Milan. Empate por 2 a 2, e vitória nos pênaltis pelas mãos do goleiro Renan.

O título era o grande objetivo. Apesar de ser um torneio amistoso, um título resultaria num DVD, com certeza.

Não veio o título. Nem a lanterna.

Copa Audi e a vez de Miralles

Até mesmo o gremista mais fanático precisa reconhecer que ser convidado a participar de um torneio ao lado de três dos clubes mais poderosos do planeta é uma honra.

Por isso, os colorados têm razão em sua euforia.

Já aos gremistas, agoniados com essa história, além do despeito, coube brincar com o erro impresso nos ingressos ou nos convites. Saiu Porto Alegre, não Internacional.

É um descuido dos organizadores. Um desrespeito a um clube latino-americano, um intruso na festa dos europeus. 

Já tive meu nome trocado muitas vezes, o que em se tratando de Ilgo não é muito difícil. Estou tão acostumado com isso que já não me importo quando me chamam de Ingo, Hiltor, Hildo, etc.

Agora, trocar Inter por Porto Alegre é negligência, descaso. E também ignorância da organização.

Aos gremistas, esse erro caiu na hora certa. Depois disso, e melhor do que isso, só mesmo um fracasso colorado na Copa Audi para atenuar o fato de o Inter ter ido, não o Grêmio, ou qualquer outro clube do Brasil.

Pois o Inter foi eliminado da disputa do título. O time foi valente. tomou um vareio no primeiro tempo. No segundo, beneficiado com as inúmeras mudanças do time do Barcelona, que há havia começado com apenas três titulares, conseguiu manter uma disputa mais digna.

Caiu nos pênaltis, o que é um consolo. Damião, o melhor jogador do Inter no jogo, autor do gol de empate no finalzinho, desperdiçou.

Amanhã, o Inter disputa o terceiro lugar. Se perder, será o lanterna. E aí a festa gremista estará completa.

Mas não rende uma cerveja chamada Copa Audi.

SAIDEIRA

Enquanto o Inter projeta seu nome, o Grêmio tenta reencontrar o caminho das vitórias, mais do que isso, o equilibrio entre defesa, meio de campo e ataque.

O jogo contra o América Mineiro é daqueles em que se joga obrigado a somar três pontos. Responsabilidade que aumenta diante da situação gremista na tabela de classificação. Por isso, a bola queima no pé, existe ansiedade para resolver logo, e se o gol não sai bate o desespero. A torcida se irrita…

Já vi esse filme.

O Grêmio precisa vencer, e a torcida precisa ajudar.

Agora, chega de brincadeira: Miralles, contratado para preencher a lacuna aberta por Jonas (que aliás volta a Seleção para irritação de seus secadores), precisa começar o jogo. A dúvida entre ele e Leandro é inaceitável.

Miralles precisa jogar até para sabermos se podemos ainda ter esperança nesse time, ou se a hora é mesmo de rezar.

Sugestão num dia primaveril

Os boletins dos setoristas apontam que Julinho Camargo projeta um salto – para cima – na tabela de classificação com uma série de vitórias em casa e empates fora.

Não poderia ser de outra forma. É preciso pensar positivamente.

Mas isso me faz lembrar uma velha história da seleção. O técnico Vicente Feola dava seu discurso no vestiário como o Brasil venceria uma determinada seleção, acho que a Rússia (poderia pesquisar no google, mas esse domingo primaveril me convida a sair de casa).

Falava, falava e falava. Até que Garrincha o interrompeu (não sei se é verdade porque eu não estava lá, ao contrário do que dizem meus ‘amigos’ que garantem que eu vi a fundação do Grêmio).

– Mas professor (será que naquele tempo os boleiros chamavam os entregadores de camisa de professor?), nós já combinamos tudo isso com o time deles?

Na verdade, eu duvido que Julinho consiga fazer esse time jogar. A não ser que Miralles jogue muito mais do que já jogou; que Gilberto Silva seja mais combativo na disputa de bola e suje o calção de vez em quando; que Julinho não freie tantos seus laterais como fez contra o poderoso Figueirense; que Douglas, e agora FR, não entregue tanto o jogo pro adversário; que André Lima receba mais bolas em condições de finalização; e que Leandro seja melhor aproveitado.

Só por essa lista feita às pressas, em menos de dois minutos, já dá pra perceber que estou com pouca esperança.

Agora, um ‘choque de gestão’, como dizem os economistas, talvez ajude o time a subir na tabela, invertendo essa assustadora tendência de queda que eu pressinto.

Quem sabe Julinho Camargo não abre mão do tal ‘cabeça pensante’, do tal articulador que precisa carimbar todas as bolas e facilita a marcação do adversário que sabe que a bola sempre, sempre, vai passar por ele? Sim, ele a quem me refiro é o Douglas, um jogador estilo anos 60, muita técnica, mas que anda lento e pouco eficiente na distribuição (muito, diga-se, por falta de qualidade técnica e intelectual na frente e de laterais que se soltem com rapidez).

Douglas no banco, uma vezinha só. Ou duas. É pedir muito?

No lugar dele, quem? Leandro. Eu já escrevi que o Leandro pode jogar como o Taison na conquista da Libertadores. Um atacante que recebe a bola no meio de campo e vai pra cima da defesa com velocidade e drible.

Na frente, em princípio, Miralles e André Lima. (Bah, não adianta, não leva fé nessa dupla, e aí não há treinador que resolva.)  

O meio de campo ficaria com Gilberto Silva centralizado, FR mais pela direita e Lúcio pela esquerda. Conforme, Adilson para dar mais pegada na marcação.

Penso que o time ganharia em velocidade e poder de fogo. Não sei se daria certo. O que eu sei, é que o time atual não está dando certo e vejo pouca chance de que realmente possa atingir a meta fixada por Julinho.

Bem, é só uma ideia. A outra ideia, é rezar.

SAIDEIRA

Enquanto o Grêmio tenta se ajeitar, o Inter vive um momento de glória. Só o fato de participar da Copa Audi já é uma honraria. Agora, seria preciso esclarecer que o nome do clube é Internacional, não Porto Alegre, conforme li num folheto de divulgação. O Inter vai desfalcado contra o Barcelona, que por sua vez também não terá jogadores importantes, a começar por Messi.

GORJETA

Morre Amy Winehouse. Tanta cantora ruim, tanto cantor ruim e a voz que se cala é a dessa cantora magnífica. Pena.

Como Julinho, Loss merece uma chance

Por que não Osmar Loss? O Grêmio não está apostando num iniciante (em equipe profissional de clube grande)?

Então, cabe ao Inter continuar seguindo os passos do Grêmio, como a criança conduzida pelas mãos do pai.

No programa Cadeira Cativa, na Ulbra TV, ontem, eu defendi a efetivação do interino Loss como titular depois que ele conseguiu virar o jogo em Floripa. O Inter perdia por 1 a 0, ele colocou Andrezinho, que em seguida empatou. Final: 3 a 1 para o Inter.

O que mais se pode exigir de um treinador? E por que Loss conseguiu o que Julinho Camargo, mais experiente, não soube fazer na véspera contra o Figueirense? Simples, material humano.

O time do Inter é superior ao do Grêmio, um pouco superior, mas é. Loss no lugar de Julinho também ficaria no 0 a 0, ou não?

Eu sou contra pagar salário milionário pra técnico de futebol, e também para jogadores, claro, mas principalmente para esses entregadores de camisa.

Se de fato a preferência colorada é Cuca, é melhor apostar em Loss. Cuca a gente sabe até onde ele vai. Loss é uma incógnita, mas custa menos. Se bem que os cartolas normalmente gostam de pagar caro pelos treinadores.

Fosse eu dirigente colorado, ficaria mesmo com Loss, seguindo de novo os passos do Grêmio.

Nem que seja para manter a rotina.

SAIDEIRA

Victor é titular e Marcelo Grohe reserva. Cresça e apareça. Marcelo me surpreendeu. Não gostava dele. Mas evoluiu e hoje é um grande goleiro. Goleiro é uma posição complicada. Quando se pensa que está seguro, ele vacila.

Goleiro precisa de tempo, como uma boa picanha no espeto.

Goleiro é a única posição no futebol em que tempo de serviço vem em primeiro lugar.

Victor tem excelentes serviços prestados. Vacilou algumas vezes, mas sempre voltou a corresponder. Salvou o Grêmio dezenas de vezes.

Essa polêmica só serve para preencher espaço na mídia e para satisfazer colorados ansiosos em defenestrar mais um ídolo gremista.

GORJETA

Alguém sabe onde foi parar o promissor Bergson? E por que ele foi mandado para longe?

O triste futebol do Grêmio

O Grêmio já não me irrita, não me decepciona, não me revolta.

É triste dizer isso, mas o Grêmio me entristece. Apenas isso, me entristece.

O Grêmio me entristece porque já não tenho esperança sequer de conquistar uma vaga para a Libertadores de 2012.

O Grêmio me entristece porque li que o dirigente remunerado contratado há poucos dias concluiu que o grupo é bom e que não precisa de reforços.

O Grêmio me entristece quando vejo o presidente Odone dizendo que o time mostrou evolução contra o modesto time do Figueirense, que teve 11 escanteios a favor contra dois do tricolor. E me entristece ainda mais quando o sr. Antônio Vicente Martins ousa dizer que o clube está disputando o título brasileiro.

Quando terminou o jogo contra o Figueirense me senti como o goleiro Marcelo Grohe, de novo o melhor do time: aliviado. Grohe passou o tempo todo fazendo cera nas reposições, principalmente no final. 

Grohe que salvou o time no último minuto após pênalti idiota cometido pelo experiente Gilberto Silva.

Do outro lado, o goleiro Wilson, que salvo engano fez apenas uma grande defesa, num chute de Douglas ainda no primeiro tempo.

No segundo, o Grêmio quase não entrou na área do adversário. Seu melhor lance ofensivo foi quando Mário Fernandes, de ótima atuação, se projetou e chutou desviado.

Pouco para um time que apresentou ‘evolução’.

Vulnerável na defesa, confuso e descordenado no meio campo e inexistente no ataque. Este o Grêmio que vibrou com o ZERO contra o Figueirense. Este o Grêmio de toda a temporada.

O Grêmio não tem lateral-esquerdo realmente eficiente (nem Lúcio); não tem um meia pela esquerda que realmente satisfaça (Escudero, repito o que escrevi, se falasse português estaria disputando posição no Avaí); e na frente André Lima é muito dependente de um companheiro criativo. Nem Miralles nem Leandro estão conseguindo ser esse jogador.

Vejo que André Lima e Douglas são órfãos de um Jonas, um atacante de boa técnica, criativo e alguma lucidez e inteligência pra jogar. Douglas sofre com isso. Falta parceria. Por isso ele decaiu tanto, a ponto de eu, seu admirador, pedir a sua cabeça.

Por fim, o treinador. Julinho Camargo não responsabilidade alguma pelo fraco  futebol da equipe. Agora, acho que ele foi conservador e nada criativo em suas substituições. Trocou seis por meia dúzia.

Saiu Escudero, entrou Lúcio; saiu Leandro, entrou Miralles; saiu Douglas, entrou Marquinhos.

Ele poderia ter ousado mais Mas não o critico, porque é um técnico em regime probatório. Ele sabia que só não poderia perder para o Figueirense. Julinho precisa de tempo. Para isso, contou com a ajuda de Marcelo Grohe, que salvou o time, o técnico e a direção no final.

Julinho talvez ainda não tenha consciência plena, mas ele precisa mais do que de tempo. Precisa de time.

Renato no ano passado fez milagre (tinha Jonas). Julinho também precisará ser milagroso, mas sem um Jonas (e outros jogadores, claro) fica mais difícil.

É triste.

Gre-Nal pra ver quem faz pior

Está em disputa um Gre-Nal inédito no futebol gaúcho: qual a pior direção?

Os dirigentes da dupla parece que se esforçam para cometer desatinos. Uma direção tenta superar a outra.

O Inter, apesar de tudo, já garantiu um título no ano. O Grêmio vai terminar sapateiro. Poderíamos instituir o “Título Zero” para outorgar ao tricolor.

Os dois clubes nunca tiveram tanta coisa em comum.

Vejamos os dois presidentes:

Odone teve de aceitar um treinador que não queria.

Luigi teve de aceitar um treinador que não queria.

Na primeira oportunidade, se livraram de Renato e de Falcão.

O problema é que não era o melhor momento.

Renato ainda estava com moral diante da torcida, que esperava para ver o que ele faria tendo Gilberto Silva, Miralles e André Lima à disposição. Por isso, sua saída causou comoção e revolta.

Falcão, que assumiu com a promessa de que receberia reforços, foi demitido quando já havia superado um momento crítico e contava com o apoio de maior parte da torcida, e ainda por cima após um jogo em que não teve dois ou três titulares importantes. A torcida colorada considerou sua demissão injusta. Por isso, a revolta, a comoção colorada.

O Grêmio acenou com Cuca. O Inter acena com Cuca. Índice de rejeição absurdo nos dois casos.

O que fez o Grêmio? contratou um técnico com índice de rejeição zero, um profissional correto e que há muito esperava uma grande chance. Comovida, a torcida gremista aceitou, até porque as alternativas escorregadas pela direção para a mídia eram assustadoras. Tática do bode na sala.

O Inter imita o Grêmio. Mais uma vez, diga-se. Colocou o bode, digo, o Cuca na sala. Agora, está liberada para trazer quem quiser, menos o Roth, claro.

Então, não duvido que também aposte num treinador ainda sem máculas, mas também ainda não devidamente testado, como Julinho Camargo.

Diante do que está sendo colocado pelos cartolas dos dois clubes, prevejo um segundo semestre pleno de profundas – e amargas – emoções para gremistas e colorados.

Vamos ver quem vence esse triste Gre-Nal marcado pelo despreparo, arrogância e total ausência de planejamento. 

SAIDEIRA

Novo vice de futebol colorado assume dizendo que Inter pode disputar a Copa Audi ainda sem um técnico titular.

Novo diretor remunerado do Grêmio diz que se ele fosse dirigente do Fluminense também não liberaria Marquinho, por que o considera muito bom jogador.

E assim vai a dupla…

Moedor de ídolos

O Beira-Rio é um gigante. Um moedor gigante de ídolos. Primeiro, Dunga, que até acionou o Inter na Justiça. Agora, o Falcão. Ah, também Carpegianni foi fritado em uma meteórica passagem como técnico colorado.

Quem não leu o meu tópico anterior, escrito após os 3 a 0 do SP, eu repito:

“No vexame anterior, derrota por 1 a 0 para o Ceará também no Beira-Rio, Falcão balançou. Agora, três derrotas seguidas, culminando com essa goleada, projeto que Falcão entra na categoria de técnico ‘prestigiado’, ou seja, basta um sopro para ele ser demitido”.

Pois é, o sopro aconteceu. E foi tão forte que arrastou o ex-poderoso Siegman. Quem frequenta o boteco vai lembrar o que escrevi quando Siegman foi efetivado como comandando do futebol colorado. Eu escrevi que era um erro.

Quando Falcão foi contratado, afirmei que era outro erro, um erro ainda maior. E o responsável por esse erro? Siegman, que contrariou o próprio presidente Giovani Luigi. 

Luigi toma as rédeas do clube, em especial do vestiário. Quem imaginou que ele seria um presidente manipulável, um frouxo, se quebrou. Não sei se ele está certo em promover essa mudança, mas está mostrando firmeza e convicção de que o trabalho de Falcão levaria no máximo a uma vaga à copa sul-americana.

Mas há comentários no sentido de que Luigi é apenas um instrumento de Fernando Carvalho, com forte presença do empresário Sonda, dono de alguns jovens da base colorada e investidor festejado no Beira-Rio.

Mas nada está tão ruim que não possa ser piorado. E até nisso o Inter imita o Grêmio. Primeiro, contratou um ídolo afastado dos campos há quase duas décadas para seguir o exemplo de Renato no Gremio. Não satisfeito, duas semanas depois da demissão de Renato, faz o mesmo com o seu ídolo.

Para fechar o ciclo: o Inter agora vai investir também em um ‘novato’, com perfil semelhante ao de Julinho Camargo?

Ou vai apostar mesmo em Cuca, conforme boatos que circulam na internet?

Se vier Cuca, faço outra previsão: o Inter vai brigar pra não cair.

Já o Grêmio, em breve, não mais do que seis semanas, estará de novo em busca de um treinador.

Torço por Julinho, como já escrevi aqui, mas não vejo nele condições de se manter no cargo por muito tempo. Até porque o time montado pela direção gremista não ajuda.