O técnico Mano Menezes parece preocupado em provar que é o oposto de seu antecessor, que deixou o cargo de treinador da Seleção carregando o estigma de retranqueiro.
Dunga foi criticado duramente por convocar volantes em excesso, mas principalmente por não levar dois talentos que surgiam: Neymar e Ganso. O segundo acabou se lesionando antes da Copa, mas nunca foi lembrado pelo treinador.
Eu mesmo critiquei a convocação de Dunga e o modo de armar o time.
Aí chegou Mano, todo simpático com a imprensa (ao contrário de Dunga), sempre acessível, e já largando com um time ofensivo. Claro, Ganso e Neymar no grupo, e mais do que isso, agora como titulares.
Com o tal ‘quarteto maravilha’ formado por Robinho, Ganso, Neymar e Pato, e apenas dois volantes para marcar, era previsível um futebol agressivo, sempre em cima da zaga rival, criando chances e mais chances, e marcando uma profusão de gols.
Afinal, são quatro jogadores dos mais talentosos, mesmo descontando que Robinho está em decadência há algum tempo.
Mas o time ofensivo mostrou contra a ‘poderosa’ Venezuela que não é diferente daquele ‘retrancado’ de Dunga na Copa do Mundo, que ainda teve contra si adversários de maior gabarito.
Não se trata de uma defesa de Dunga, que realmente cometeu alguns equívocos em sua convocação, mas o tempo está provando que a atual geração não é essa ‘brastempo’ todas que muitos apregoam.
Alexandre Pato, por exemplo, tem nas mãos, mais ainda nos pés, a oportunidade que sempre esperou de afirmar-se como titular do ataque, o dono da camisa que já foi de Ronaldo e Adriano. Mas, afora alguns momentos de brilho, deixou a desejar, como todos os seus companheiros.
O melhor da Seleção a meu ver foi Lucas, ex-Grêmio, que marcou e correu muito para cobrir os espaços amplos que o time ofereceu aos venezuelanos, que, se fossem um pouco melhores, teriam vencido a partida. Gostei também do Lúcio, um zagueiraço.
Fora isso, só decepção. Ganso foi burocrático, mesmo descontando que volta de lesão. Neymar muito alegre, faceiro, mais inclinado a aparecer do que a ser útil para o time.
Falta ao time de Mano um volante: Fábio Rochemback. Um jogador capaz de marcar e organizar o meio de campo. Ibson seria outro nome interessante. Ganso, pelo jeito, ainda é muito imaturo para assumir tanta responsabilidade sozinho.
O fato é que Mano, na ânsia de mostrar que é diferente de Dunga para agradar a imprensa do centro do país, está na realidade se violentando como treinador. Afinal, Mano sempre gostou de um esquema mais fechadinho e menos faceiro. Em outras palavras, mais equilibrado, como deve ser.
JULINHO
O novo treinador do Grêmio começou a trabalhar. Prevejo que seu prazo de validade é curto, mas torço por ele. Até porque um eventual fracasso colocará o Grêmio de novo em situação delicada no Brasileirão.
Por outro lado, a saída de Julinho Camargo do Inter servirá para Falcão mostrar que, ao contrário do que dizem os fofoqueiros e corneteiros de plantão, é ele mesmo quem arma e organiza o time.
Vamos ver. Temos muitas emoções pela frente.