A ausência de Mário Fernandes da seleção brasileira gerou quase uma comoção, foi pauta de muitos programas de rádio e de TV, destaque em sites e jornais. Tudo bem. Não se pode brigar com a notícia. Não é todo dia que um jogador rejeita chance na seleção, ainda mais nesses dias em que vestir a amarelinha significa valorização imediata nesse mercado milionário do futebol, mesmo que o jogador convocado não jogue lá grande coisa e está ali apenas porque tem padrinho forte, se é que me entendem. Não é o caso de Mário Fernandes, que joga muita bola, tanta, que nem precisa da seleção.
Se MF mereceu tanto holofote, por que D’Alessandro foi agraciado apenas com uma lâmpada de 40 watts?
Sei que são casos diferentes, mas não se pode ignorar que D’Alessandro não se apresentou para defender a seleção argentina porque supostamente apresentava uma lesão muscular, uma contratura, segundo foi publicado e transmitido à imprensa.
Viu-se hoje de manhã que a lesão não tinha a menor gravidade. Se é que havia lesão. O meia treinou lépido e faceiro, correu como uma criança que acabou de receber um brinquedo novo. São inegáveis os avanços da medicina. Mas se um jogador não pode atuar na quarta-feira à noite, como é que pode treinar, e com bola, na manhã seguinte. Qual o tratamento milagroso aplicado? Deve ser algo revolucionário.
Diante da reação, amena, de alguns setores da mídia, hoje no final da tarde um integrante do departamento médico fez questão de anunciar que, apesar de ter treinado normalmente, D’Alessandro não está confirmado para jogar no final de semana. Eles viram que ficou demais.
A mim parece muito claro que o Inter convenceu D’Ale a ficar por aqui, preservando-o para disputar o jogo contra o Atlético-PR. A imprensa argentina já flagrou isso e está criticando a atitude do jogador.
D’Alessandro, assim como MF, tem todo o direito de recusar uma convocação. Riquelme fez isso recentemente. Agora, por que não assumir publicamente que prefere trabalhar pelo clube que lhe paga seus salários e que está precisando dele nesse momento decisivo do campeonato? Afinal, o Inter já foi penalizado pela convocação também de Bolatti e Guinazu.
Um é pouco, dois é bom, três é demais. Não condeno o Inter, nem o jogador. Condeno a falta de transparência.
Critico, também, o pouco caso que a imprensa fez até agora desse episódio. O assunto merecia ser melhor explorado.