Vocês pensam que é só gente graúda quer quer faturar com a Copa do Mundo?
Que nada. Os miseráveis também querem a sua parte, que é infinitamente inferior ao que estão embolsando e ainda vão embolsar os patrões das empreiteiras e políticos, num primeiro plano, e, mais abaixo, em alguns casos nem tanto, barões da imprensa e das agências de propaganda, entre outros.
Todo esse pessoal contratado para erguer estádios, que em alguns casos ficarão vazios depois, quer entrar na festa. E com toda a razão. São carpinteiros, pedreiros, ajudantes de pedreiros, ajudantes de ajudantes. Enfim, esse pessoal que fica no máximo com as migalhas do banquete.
Na Arena do Grêmio eles chegaram a paralisar. Em outros estádios ocorreu a mesma coisa. Em Minas, os operários decidiram parar nas obras do Mineirão, justo no dia da visita da presidente Dilma. Quer dizer, ela que já anda muito ocupada em afastar os ratões que recebeu de herança de seu antecessor ainda tem que passar por isso.
Aliás, a Copa é outra herança maldita do falastrão. Milhões de reais estão sendo subtraídos da saúde, da educação, da segurança para ajudar a financiar estádio de futebol por todo o País. O dinheiro público colocado pra erguer o estádio do Corinthians é um acinte, uma afronta.
Então, os caras que trabalham de sol a sol, que fazem o trabalho sujo e pesado, também querem um dinheirinho a mais. Eles observam os patrões falando em milhões pra cá, milhões pra lá, e pensam que uma parcela dessa montanha de dinheiro possa respingar em seus minguados bolsos.
E vai ser assim até 2014. O governo federal ficou recém das empreiteiras. Alguns clubes também.
Não tem como interromper obras agora. È preciso terminar o que começou. Por isso, a qualquer momento a empreiteira pode pedir mais um aditivo, um complemente nos recursos. E sempre coisa de milhões. Na ponta de baixo, bem de baixo, os operários da construção civil se perguntando: ‘E o nosso?’
Estamos a mil dias da Copa.
A farra recém começou.