O Grêmio devolveu os 2 a 0 que levou no jogo do primeiro turno. Bateu o Cruzeiro com muita autoridade. Para ser justo e provocar os algozes do Victor, diria que a diferença foi justamente ele, Victor.
No jogo do turno, Montillo fez dois gols. Chutou duas bolas, dois gols. O goleiro não era Victor, era o queridinho dos ingratos: Marcelo Grohe. Neste domingo. Montillo também deu dois chutes poderosos, duas grandes defesas de Victor.
Ao contrário daqueles que queriam o ver grande goleiro Victor pelas costas eu não sou injusto. Marcelo Grohe não teve culpa nos dois gols que levou de Montilo. Eram chutes quase indefensáveis. Só um goleiro talvez os evitasse. Ele, Victor, o Monumental.
Fica claro, portanto, que Victor teve participação importante na vitória que faz do Grêmio o time com a segunda melhor campanha do returno. Prova inconteste que Celso Roth conseguiu dar uma cara a esse time, uma cara nada parecida com a carranca dele, Roth. O Professor Roth.
O Grêmio foi um time homogêneo, com todos os jogadores num bom nível. É difícil destacar algum.
Rafael Marques, tão criticado, foi um gigante na área. Nas duas áreas. Foi ele que abriu caminho para a vitória. Ed Carlos foi eficiente, seguro. Mário Fernandes impecável. Quanto mais distante da seleção melhor. Júlio César também muito tranquilo, lúcido. Vai para o apoio na boa e quando chega ao fundo ergue a cabeça. O drible que ele deu, a famosa janelinha, em seu ex-companheiro de Goiás, o lateral Vitor (e pensar que a direção anterior tentou trocar Jonas por esse jogador, prova que o futebol é para quem sabe, quem conhece, não para curiosos), foi para aplaudir de pé.
No meio de campo, Fábio Rochemback voltou a jogar bem, marcando firme, as vezes até demais, e organizando a casa. E o Fernando? Já escrevi aqui que eu não acreditava nesse jogador, o considerava um volante comum. Errei feio. Fernando cresce a cada jogo. Sem dúvida será convocado pelo Mano em breve, infelizmente.
A linha dos três meias foi quase perfeita. Só não gostei quando o time fez o segundo gol e passou a exagerar no toque de bola. Marquinhos fez sua melhor partida. Participou dos dois gols. Esse é o Marquinhos que eu pedi para ser contratado no ano passado. Douglas é o maestro. Só precisa controlar sua vocação para dar toquezinho de calcanhar e armar contra-ataque. Escudero fez um primeiro tempo discreto. Alternou erros e acertos, como é de seu feitio. No segundo tempo, Roth deixou o argentino mais avançado, próximo de Brandão. Aí Escudero melhorou. Ele precisa jogar na intermediária ofensiva. Numa dessas, Marquinhos o descobriu correndo entre os zagueiro e fez um lançamento sensacional. Escudero dominou e tirou do goleiro com categoria.
Na frente, o Brandão. Posso estar errado, mas acho que ele é mais útil que o André Lima, que não jogou por ter se machucado ao escorregar no vestiário, segundo foi noticiado. Uma lesão providencial.
Hoje descobri um centroavante pior que os dois do Grêmio: Nieto. Ele marcou os dois gols da vitória do Atlético Paranaense sobre o Inter, água fria no entusiasmo colorado em sua corrida por uma vaga no grupo da Libertadores.
Nieto fez dois gols de cabeça. Ele poderia ter feito outros dois se não fosse preciso usar os pés. Num deles, recebeu a bola livre na risca da grande área. Poderia ter chutado. Muriel chegou, e ele ainda poderia ter chutado. Foi aí que tentou driblar jogando a bola justamente por lado em que o goleiro já se inclinava. Ridículo. Depois, recebeu um lançamento e correu, livre. Poderia ter chutado, mas demorou, caiu e a bola ficou nas mãos de Muriel.
Mesmo com alguns desfalques, o Inter foi melhor que o Atlético. Se tivesse Damião teria vencido. Cheguei à conclusão que o Atlético não vai escapar do rebaixamento. O vovô Paulo Baier continua sendo o melhor do time.
No Inter, gostei do João Paulo, um armador de boa técnica, me lembra o Paulo César Carpegiani pelo modo de jogar. Ele entrou só na metade do segundo tempo. Não entendo como o Dorival Jr prefere o Ricardo Goulart a ele. Tem ainda o De La Torre, outro que até agora não mostrou nada. São jovens que devem ter algum protetor forte.
É algo para ser sondado.
PROJEÇÃO
Inter tem 40 pontos, quatro a menos que o Flamengo, sexto colocado. O Inter tem todas as condições de ficar com uma vaga na Libertadores. Para isso, ele precisa melhor e uns dois ou três da ponta começarem a cair. E aí está um problema. Só vejo um time que ocupa indevidamente a zona da Libertadores: o Botafogo. É um time razoável, pior que Inter e Grêmio. Duvido que se mantenha mais tempo.
A questão que se impõe é que Vasco, Corinthians e São Paulo vão seguir até o fim no topo. Restam, então, Flamengo e Fluminense. São os cinco favoritos para ficar com vaga na Libertadores.
Para o Inter entrar nesse clube, um sócio precisa ser alijado. Isso considerando que o Botafogo vai mesmo desabar. Aí, aposto no Flamengo.
Por aí já deu pra perceber que para o Grêmio, que enfrenta o Santos quarta-feira, em jogo atrasado, a situação é mais complicada, muito mais complicada. Muita gente precisa cair e Grêmio não pode parar de subir. E não vejo time para um crescimento tão acentuado.
Portanto, a Libertadores em 2012 para o Grêmio é só um sonho.
Os deuses do futebol não perdoam tantos erros cometidos ao longo do ano.