Brandão devolveu as vaias que lhe foram despejadas como estrume num treino da semana com três pontos. Graças ao gol de Brandão, o Grêmio venceu o Santos em jogo atrasado e encostou no grupo de cima. Bafo na nuca do Inter, que, se continuar facilitando, vai ficar para trás. É apenas um ponto a diferença.
Continuo sem acreditar em vaga na Libertadores de 2012. O importante é que de um time desesperado, à beira do rebaixamento, o Grêmio sob o comando de Sir Celso Roth (sim, de Professor, passou a Sir) faz neste momento uma campanha digna. Ainda aquém do se espera, mas digna.
Por que promovo Roth a Sir? Pelo seguinte: no primeiro tempo do jogo desta noite no Olímpico, o Grêmio chegou várias vezes com perigo, mas permitiu muitas chances de gol ao Santos. Contabilizo ao menos três em que algum jogador do Santos ficou na cara de Victor. Um deles foi o Pigmeu, que recebeu a bola limpa, rolando mansamente, e, diante da figura imponente de Victor, tremeu como vara de marmelo, resvalou e bateu na ‘orelha’ da bola, que saiu feliz para fora. Questão de ordem: só faltou alguém dar na orelha do Pigmeu.
Por falar em Pigmeu, fosse ele o atacante do Grêmio e não Brandão no lance do gol, a bola alçada com categoria por Marquinhos teria resvalado no teto da cabeça do pequeno atacante. Por isso, é bom um camisa 9 com tamanho de camisa 9. É claro, não precisa ser um camisa 9 tão limitado tecnicamente, mas é o que a casa oferece para o momento.
As alternativas são André Lima (sem comentário) e Miralles. O argentino continua mostrando apenas que é tão guerreiro quanto Herrera. Vou dar um desconto: ele entra com pouco tempo pra jogar, entra ansioso para mostrar serviço, e aí se afoba, não faz as melhores escolhas. Agora, aquele lance no final do jogo em que ele recebe de cabeça do Douglas pela meia esquerda, só tem um zagueiro pela frente, na risca da grande, foi bisonho. Ele escolheu mal. poderia ter dominado e tentado o drible, mas preferiu arriscar um chute lotérico, mandando a bola na arquibancada. Repito: pode ser ansiedade. Mas pode ser também outra coisa.
Alguém pode imaginar que sou fã de Brandão. É óbvio que não. Sou fã do Jonas, do Nilmar, e mais ainda do Damião. Brandão tem sido mais útil que André Lima. Mas não esperem dele nada mais do que ele tem mostrado. É um jogador dependente. Tem dificuldades para controlar a bola. Teve um lance em que ele entrou livre, tentou driblar o goleiro, quando poderia ter chutado antes, e perdeu a bola com extrema facilidade. Mas Roth, Sri Roth, faz a leitura certa: Brandão está dando uma resposta um pouco melhor do que André Lima.
O futebol nos ensina a cada dia que não existe nada definitivo. Tem gente que vai morrer dizendo que Roth é burro, mau técnico. Tem gente que jamais admite que as pessoas podem melhorar, assim como podem piorar. Não sei o que vai acontecer amanhã (quem souber por favor me preencha um jogo da megasena que está acumulada), mas hoje o técnico faz um trabalho excelente.
Sobre os jogadores: Fernando de novo foi excepcional. FR um líder, um guerreiro, um maestro, tudo isso num mesmo jogador, e ainda há quem não goste dele. Escudero. Que partida! Eu critiquei muito esse argentino, mas hoje admito que errei na minha avaliação. Escudero fez uma partida formidável, mesclando garra, com técnica, com criatividade, e tudo isso com velocidade.
Bem, mas voltando ao Sir Celso Juarez Roth: ele viu os problemas do time e os corrigiu para o segundo tempo. O time melhorou a marcação, Ibson ficou sem liberdade para organizar o Santos, e Victor quase não foi ameaçado. Ofensivamente, o Grêmio continuou agredindo, mas por falta de maior qualidade, como sempre, deixou de ampliar a vantagem. Faltou qualidade no último passe e também nas conclusões. O que não faltou foi um time muito bem armado por Sir Roth.