Castigo e Renascimento

Minha intenção era esperar pelo vestiário do Grêmio antes de escrever. Estava curioso para ouvir o presidente Paulo Odone. Estava ansioso por outro discurso ufanista e ao mesmo tempo rançoso que ele despejou após a vitória sobre o Santos. Mas soube agora que ele não viajou com a delegação.

Escapou, portanto, de explicar a derrota para o Coritiba. Depois de três vitórias seguidas, o Grêmio voltou a perder. E assim vai ser até o fim do campeonato, onde o Grêmio já entrou morto, com todo o respeito.

Os 2 a 0 caem como um castigo sobre o arrogante presidente gremista, que cantou vitória antes do tempo e atacou o ex-treinador Renato.

Pois o que se viu em Curitiba foi mais ou menos o time que Renato tinha à sua disposição no primeiro semestre deste ano. Não faltou nem Diego Clementino.

Quando foi convidado a se retirar, Renato esperava pela volta de André Lima, vindo de longa lesão, e pela possibilidade de escalar Miralles. Os dois não são grandes coisas, mas seria alternativas para compor um ataque um pouco melhor naquele momento.

Como um castigo, os dois não puderam enfrentar o Coritiba. Como se não bastasse, Brandão se lesionou e aí o que se viu foi praticamente o mesmo Grêmio que Renato teve, um Grêmio sem atacantes.

O sr. Odone se precipitou ao cantar marra e a dizer que agora sim, com Roth e com Pelaipe, o Grêmio tinha a cara de Grêmio, reduzindo a pó o trabalho dos dirigentes de futebol que foram afastados e também o de Renato.

E, castigo supremo para o presidente, Roth entrou em campo não com três volantes como faria nos velhos tempos. Não, Roth imitou Renato ao começar a partida com Clementino, sinalizando que iria para cima, como realmente foi. E o time até que estava bem, chegando na área do Coritiba, mas aí perdeu Brandão.

Por falta de alternativas no banco, colocou Adilson, deixando Clementino e Escudero. Lógico que com esses dois na frente, municiados por Adilson, FR e Fernando, o gol seria quase impossível. Depois, entrou o jovem Mamute, que sumiu perdido entre os zagueiros, entre eles, o ótimo Émerson.

Pois é, o Grêmio que perdeu é o Grêmio que Renato tinha para escalar, com a desvantagem não ter o excelente Júlio César.

Parece castigo aos fanfarrões e vendedores de ilusão.

Roth já fez a sua parte, evitou o rebaixamento. Agora é só cumprir a tabela.

Por falar em treinador, Marcelo Oliveira é um fenômeno. Com esse time fraco de individualidades, foi vice campeão da Copa do Brasil, perdendo para o Vasco na final, e faz boa campanha no Brasileiro.

Sugeri esse treinador ao Grêmio após a saída de Renato. O sr. Odone preferiu Julinho Camargo – fato que ele omitiu em deu desabafo acusatório com delírios de grandeza.

INTER

Ao golear o Vasco por 3 a 0, o Inter contrariou a todos (eu inclusive) que prognosticaram que o time sem Leandro Damião cairia muito e se afastaria do G-5. O Inter renasceu campeonato.

Não há dúvida de que Damião faz falta, mas o técnico colorado manteve o time equilibrado e tratou de encontrar alternativas para chegar ao gol. É preciso salientar, porém, que a sorte ajudou dessa vez. A começar com o gol de D’Alessandro, um chute com o pé direito que o goleiro saltava para defender. Aí, apareceu uma chuteira no meio do caminho e a bola foi parar no ângulo. Os outros gols foram consequência da vantagem e do desespero do Vasco em buscar o empate.

Teve um pênalti do João Paulo (este guri promete, é muito talentoso) ali pelos 20 minutos do segundo tempo que o juiz ignorou.

A vitória fez justiça ao Inter, que conseguiu conter o Vasco, que faz excelente campanha no Brasileiro. O time está na briga por vaga na Libertadores.

E agora vê o Grêmio mais distante pelo retrovisor.