A contratação de um técnico exige em primeiro lugar que a direção saiba o quer. Depois, uma avaliação metódica e criteriosa dos nomes que se enquadram dentro de determinado perfil. O passo seguinte é colher informações sobre o comportamento do profissional, o jeito que lida com jogadores, dirigentes, imprensa, torcida.
Não sei se a direção do Grêmio está fazendo esse tipo de análise. O maior erro é trabalhar apenas com os nomes disponíveis, mais ‘fáceis’ de contratar. Não deveria ser assim. O critério não pode ser o da disponibilidade.
Fosse eu dirigente, jamais contrataria técnicos como Paulo Autuori e Osvaldo de Oliveira. Não gosto de treinador com fala mansa, pose de intelectual. Gosto mais do estilo Felipão, Muricy, Abel, que chega a partir pra porrada com jogador malandro.
Confesso que não sei como é Caio Jr, hoje o nome mais cotado para substituir Celso Roth, se é que ele vai mesmo sair.
Assim meio de longe ele me parece o tipo de treinador certinho, bom sujeito, me lembra o Vágner Mancini. Eu não gosto do estilo Vágner Mancini.
Caio Jr mostra como treinador uma postura semelhante a que teve como jogador: elegância. Não gosto de treinador elegante. A não ser que essa elegância fique de fora do vestiário na hora em que é preciso brigar, cobrar, exigir, impor. Tem uma hora em que jogador de futebol só entende a linguagem do palavrão, do pontapé na porta, dedo na cara. Mas há também o momento em que é preciso ser amigo do jogador, conselheiro, companheiro, confidente. Promover churrascadas…
Roth, por exemplo, apela muito para ofensas, xingamentos, palavrões. Sei que não é o tipo brincalhão, capaz de aliviar um ambiente tenso com brincadeiras e piadas. Sei que Renato, só como exemplo, fazia isso com extrema habilidade, o que explica em parte o seu sucesso quando chegou para tirar a corda do pescoço do Grêmio.
O bom treinador é o que consegue manter esse equilíbrio. E, claro, com boa capacidade de ‘leitura’ do jogo, conhecimento de técnicas e táticas.
Agora, qualquer treinador, mesmo nomes consagrados, precisa de uma direção competente e de um bom grupo de jogadores. Nesse grupo não pode haver batata podre para contaminar todas as demais.
O Grêmio não tem uma direção competente. Considero Paulo Pelaipe um bom dirigente, mas ele me parece um dirigente para tiro curto, para emergências. Posso estar errado. Espero estar errado. Além disso, ele me parece isolado.
Pelaipe teve sucesso ao assumir o comando do futebol neste ano, com o campeonato em andamento. Júlio César foi ele quem trouxe. Também Brandão deu boa resposta. Era o que havia no mercado.
Por falar em dirigentes, os melhores do clube nos últimos tempos foram Alberto Guerra e Rui Costa. Com eles, Renato conseguiu realizar aquele trabalho extraordinário e surpreendente. Muito superior ao de Roth agora.
Renato, sem dúvida, foi uma aposta, uma aposta desesperada do ex-presidente Duda para terminar dignamente sua desastrada gestão no futebol (não vou esquecer também como ele recebeu o chefão do clã Assis Moreira, cheio de afagos e gentilezas).
Caio Jr é outra aposta. A diferença é que Renato já havia conquistado títulos importantes (Copa do Brasil e vice da Libertadores), enquanto Caio Jr. faz uma carreira mediana, uma carreira nota 7.
No Grêmio ele terá de chegar perto da nota 9. Sinceramente, duvido que consiga.
Mas vou torcer para que Caio Jr se consagre no Grêmio, da mesma forma como aconteceu com Felipão, Tite e Mano.
É difícil, mas no futebol nada é impossível.
Se até Gabiru foi capaz de decidir um título mundial…
GRE-NAL
Minha previsão é de vitória do Inter. Vitória tranquila até graças à direção do Grêmio que aceitou manter o demissionário Roth.
Aliás, considero essa decisão equivalente àquela de esperar pelo filósofo Paulo Autuori com a Libertadores em andamento.
Time desmobilizado, torcida desmobilizada. Eu desmobilizado. E um Inter com força total para brigar por vaga na Libertadores dentro de um Beira-Rio lotado de colorados.