– Tem muita putaria no futebol.
A frase é de um treinador com quem conversei recentemente.
O assunto começou com Djalma Beltrami, coronel da polícia militar do Rio, preso por corrupção, envolvimento com o tráfico de drogas.
Durante anos esse sujeito comandou partidas de futebol. Entre elas, jogos decisivos, como foi Náutico x Grêmio, conhecido como a batalha dos Aflitos, aquela que os colorados desdenham e os gremistas enaltecem porque realmente foi algo grandioso, heróico, épico, e que mereceu destaque em todo o mundo.
Mais destaque que essa façanha gremista só mesmo o fiasco colorado diante do Mazembe e agora o chocolate do Barça no Santos.
Voltando ao referido árbitro de futebol. A pergunta que se impõe: teria ele se corrompido também para ajeitar resultados?
E mais: seria ele o único? O caso Edilson indica que pode haver mais árbitros venais. Beltrami está aposentado, mas outros como ele podem estar na ativa.
Mas o futebol não é uma putaria ‘apenas’ porque alguns árbitros podem ser corruptos, mesmo ocupando postos elevados numa entidade que deve zelar pela segurança, pela ética, pela honestidade.
A frase do treinador refere-se também a outros aspectos, como as coisas que acontecem em categorias de base, na formação de jogadores.
Há influência de tudo que é tipo. Dirigentes interagem com empresários e procuradores de jovens promissores. Nessa relação, por vezes promíscua, nem sempre prevalece a qualidade do jogador, mas quem está por trás dele, o que pode determinar sua escalação ou não.
Já contei aqui a história de um jovem zagueiro, que ao passar da mão de um pequeno empresário para a de um grande empresário, foi imediatamente convocado para a seleção sub alguma coisa. Bastou uma telefonadinha…
Essas coisas talvez expliquem por que determinadas categorias de base de grandes clubes nada conquistem e poucos jogadores revelem na relação com o investimento aplicado.
Na verdade, deveria haver uma faxina geral na base desses clubes.
O problema é quem vai assumir o comando. No caso de Beltrami, ele entrou no lugar do comandante anterior, acusado de ser o chefe do grupo que matou uma juíza no Rio e também de corrupção.
Quer dizer, mudou o comando, mas foi mantida a prática.
Então, se mudar, vai acabar a ‘putaria’?
Não sei, mas é preciso fazer alguma coisa, porque o futebol parece contaminado de cima a baixo.