O técnico Luxemburgo estaria enlouquecido porque não tem um articulador, um armador, um ‘camisa 10’.
Esse realmente é um problema, um dos problemas. Quando o Grêmio negociou Douglas, que há algum tempo jogava sem disposição e não cuidava da forma física, se imaginava que viria alguém de nível equivalente. Afinal, com uma Copa do Brasil pela frente…
Mas o que se viu até agora é esse Marco Antônio, que não ata a chuteira do pé direito de um Douglas compenetrado como aquele do Brasileirão com Renato Portaluppi. Aquele Douglas me serve sempre. Mas aquele Douglas sumiu nas espumas cremosas de chopes bem gelados.
Então, Luxa tentou Alex. Acho que deveria tentar também o Cleiton Xavier, que anda pela Ucrânia. Os dois perto do que há no Olímpico para a função são craques. Se bem que agora é tarde, ao menos para a Copa do Brasil.
Regredindo um pouco no tempo: se havia disposição de negociar Douglas, por que não foi dada uma chance sequer para um meia armador que foi destaque na base gremista, o Pessali.
Admito que nunca me entusiasmei com o Pessali, mas sempre vi nele boas qualidades, que, bem trabalhadas, poderiam revelar um talento para o time principal. Devo admitir, também, que não havia me entusiasmado com o Fernando na base, mas ele subiu e hoje é um dos raros que se salvam nesse time montado pelo presidente Odone – Pelaipe não tem a caneta na mão para fechar negócios, porque se a tivesse o zagueiro Naldo, o legítimo, teria sido contratado.
O Pessali que vi na categoria de junior não é pior que o Marco Antônio que vejo – com espanto e incredulidade – como titular do Grêmio.
Repito, não sou fã do Pessali, mas não consigo entender que ele não tenha recebido chance de jogar no clube que o formou e que, por certo, devotava um carinho especial, algo comum aos guris que cresceram dentro de um clube.
O jogador que sai da base tem o momento certo para ser testado, mas testado de verdade, com um mínimo de jogos. Se for cedo demais, pode se queimar. Se for tarde, é como a fruta colhida no pé além do tempo.
Pessali, hoje perdido em algum clube qualquer, talvez seja como a fruta que amadureceu demais e caiu do pé. É uma pena.
Assim tem sido com muitos jogadores da base gremista. A grande maioria sem condições de figurar num clube de ponta, mas há aqueles que mereciam ser lapidados. Acabaram jogados num canto, esquecidos, até que perdessem a motivação, o entusiasmo, e, o que é pior, a confiança em si mesmos.
Dinheiro jogado fora, patrimônio desvalorizado em troca de investimento em meia dúzia de jogadores medianos, mas com empresários ligeiros e influentes.
É uma pena. É só o que posso fazer, ter pena de tudo isso, e do caminho tortuoso que o Grêmio segue há muitos anos.
Ter pena, lamentar, e escrever assim meio na corrida, quase sem pensar, ainda com o bacalhau do almoço pesando no estômago. Escrever como um desabafo irrefreável de quem mais uma vez vê outra temporada se esvaindo sem qualquer reação do comando gremista.