Nos meus tempos derradeiros no Correio do Povo convivi com um repórter, setorista do Grêmio, que abusava de trazer notícias negativas do clube. Ele sempre destacava o lado negativo das coisas, e parecia feliz com isso.
Eu e o Paulo Moura, querido colega que nos deixou há um ano, e igualmente gremista, embora nunca admitisse, apelidamos o repórter de Agenda Negativa. Era brincadeira, e um exagero de nossa parte, mas a gente se divertia com aquela situação.
Percebi que nos últimos tempos tenho sido igual a esse repórter, conduzido pelos fatos, é verdade, mas refleti intensamente -por 5 segundos- e decidi elaborar uma agenda positiva.
Eu pensava em escrever sobre as categorias de base depois da surra levada ontem no Olímpico pelos juniores, 5 a 2, na decisão do Gauchão. Mas aí voltaria a cair no buraco escuro do negativismo.
Antes de começar a agenda positiva, não resisto e lembro que em 2009 o sr André Krieger, que hoje critica a atual direção como se tivesse um passado de vitórias, buscou o referido técnico para disputar a Libertadores, esperou por ele 40 dias com a competição em andamento, e ainda deu-lhe as chaves da base gremista para fazer um planejamento verticalizado, de longo prazo. Durou poucas semanas esse idílio. Felizmente. Graças a Deus. Aleluia.
Vejo o Grêmio bem estruturado como equipe. Contra o Atlético, o time foi superior a maior parte do tempo. Teve volume de jogo, consistência, equilíbrio entre os setores. Nos 15 ou 20 minutos iniciais cheguei a ficar com pena do Atlético, que não conseguia respirar. ‘Que time ruim esse do Atlético’, pensei.
Depois, o Atlético começou a reagir, e aí acabou aparecendo o desentrosamento do sistema defensivo. Era a primeira vez que os quatro jogavam juntos. Como agravante, Anderson Pico, que voltava depois de longa ausência, com a ansiedade e insegurança características de quem tenta retoma a carreira.
Dentro da agenda positiva, posso avaliar que a lesão de FAurélio – ah, o rapaz teve onze lesões em seus seis anos de Liverpool, o que descarta a possibilidade ter ocorrido uma fatalidade, era previsível nova lesão – tenha sido para o Grêmio reencontrar o Pico, que tanto entusiasmou em seu início. Quem sabe? Agenda positiva, amigos.
Então, com Anderson Pico se firmando, teremos um lateral-esquerdo.
Na direita, a coisa também está feia. Edílson vai parar por um tempo, dificilmente escapa de punição severa. Com isso, abre caminho para Tony mostrar o futebol que o destacou no glorioso – aqui estou eu ironizando, esquecendo que esta é uma agenda positiva, por isso retiro o glorioso – Juventus de SP.
Tony – esse nome me lembra um mágico conhecido em Porto Alegre, que animava festas infantis e que chegou a ter um programa de TV. Tony me lembra também o ator Toni Ramos. Não gosto desse nome em jogador de futebol. Ele poderia ser chamado de Tony Everton, que é seu nome verdadeiro. Acho que daria mais certo. Tem mais peso, mais densidade. Fica a sugestão.
Assim, Tony e Pico confirmando, teremos dois bons laterais. E lembrar que no início do ano havia Mário Fernandes e Júlio Cesar… Já estou escorregando para o negativismo de novo…
A zaga central seria um problema, mas estou com uma agenda positiva. Portanto, vamos louvar a experiência de Gilberto Silva, e esquecer o Lugano ou algo parecido. Se Werley parar de se lesionar, a coisa fica bem encaminhada. Um jovem e um veterano na zaga. Repitam comigo: tem que dar certo, tem que dar certo.
É a força do pensamento positivo, a mentalização positiva dá resultados. Sigam repetindo ‘tem que dar certo’ mil vezes. Repitam o mantra pelo menos uma vez por dia. O ideal é ao acordar, acompanhada um ‘pai nosso’, e antes de dormir. Se der, durante o trabalho também é bom, mas em voz baixa para que ninguém pense que vc enlouqueceu.
O meio-campo melhorou com a entrada de Zé Roberto. Fernando e Souza completam o setor. Vamos rezar também para que Mano Menezes não convoque o Fernando, ignorando a força que setores da imprensa fazem para que ele seja chamado e desfalque o Grêmio, o que seria uma calamidade.
Agora, é preciso mentalizar e orar para que Pelaipe traga um meia de muuuuita qualidade para jogar ao lado do Zé Roberto.
Não sendo possível, esperar que Facundo convença seu clube ucraniano a deixar que ele fique mais um tempo no Grêmio.
Dentro da minha agenda positiva, ainda acredito no Rondinelly. Ele é um guri e sempre entra meio afoito nos jogos, ansioso pra mostrar serviço, e aí se complica. Se ele tiver metade da atenção que teve MA, poderá dar certo. Ao menos saberemos se ele é ou não jogador para clube grande. O MA a gente já sabe que não é.
Aliás, na minha agenda positivo reservo um recanto especial e muito afetuoso ao MA e Marquinhos. Quero que os dois seja felizes, mas fora do Olímpico. O Avaí, soube agora, procura investidores para repatriar o Marquinhos.
Já lancei no meu twitter a campanha ‘Adeus Marquinhos’, que consiste em doações de gremistas para ajudar o Avaí. Vou sortear uma caixa de Mazembier, e com o dinheiro ajudar a bancar a saída do Marquinhos, a quem eu quero muito bem, tanto que vibrei com a sua contratação tempos atrás. Grande mancada a minha!
O MA, depois daquele golaço que fez em Fortaleza, tem tudo para arrumar um time à sua altura.
Léo Gago é outro que nunca me agradou. Mas reconheço que ele fez um bom primeiro tempo contra o Atlético, em termos de marcação, fechamento de espaço, e até pareceu mais tranquilo com Zé Roberto. Mas é um reserva, não passa disso. Então, ele pode ficar, mas um retorno ao Avaí não pode ser descartado.
Ah, está na hora de Luxemburgo buscar gente na base, principalmente o Misael.
Na frente, vejo que o Grêmio está bem servido. Marcelo Moreno tem sido uma negação, ao menos para mim, que gostaria de vê-lo jogando como nos tempos de Cruzeiro.
Dentro da agenda positiva, não há dúvida de que a qualquer momento, e que seja logo esse momento, ele voltará a jogar bem, com velocidade, arranque, força e talento.
Kleber praticamente retomou seu ritmo normal. Só não entendo por que Miralles ficou fora do banco no jogo contra o Atlético. Ele seria mais útil que o André Lima.
Ainda na agenda positiva: acredito no Leandro. Acho que esse guri poderia fazer a função que Taison fazia no Inter. Ele também é velocista e driblador, mas sempre em velocidade, nunca o drible curto. Luxemburgo poderia insistir um pouco com ele como meia que se junta aos atacantes partindo de trás com a bola.
Mas isso se não vier alguém como um Diego Souza, por exemplo.
Não sei por quanto tempo vou manter a agenda positiva. Vai depender do próximo jogo.
Agora, tempo do mantra: “Tem que dar certo, tem que dar certo, tem que dar certo…”.