O Grêmio fez sua melhor partida no ano. Venceu o Cruzeiro por 3 a 1 com autoridade, quase sem sustos, e quebrou um tabu de 14 anos sem vencer o time mineiro fora do Olímpico.
O Grêmio foi tão bem que passou por cima do árbitro e de seus auxiliares.
Não por coincidência, pela primeira vez na temporada o Grêmio teve um meio-campo à altura de sua grandeza, de suas pretensões, de suas ambições.
Fernando, Souza, Elano e Zé Roberto.
Antes do jogo eu escrevi que temia pela terceira derrota consecutiva do Grêmio no Brasileirão, o que seria quase trágico.
Minha tímida esperança de um bom resultado era que Celso Roth desse mancada ou que Elano conseguisse acertar o time, dando o equilíbrio necessário para garantir ao menos um empate.
Não sei do Roth, que perdeu sua terceira seguida e foi vaiado pela torcida local, mas sem dúvida Elano, mesmo sem ser brilhante, fez o básico com qualidade, sabedoria.
Elano participou de uma jogada clássica do futebol bem praticado: Kleber lançou Elano pela direita. O estreante cruzou uma bola em diagonal, com peso e precisão, na cabeça de Marcelo Moreno. Um belo gol, especialmente pela jogada bem trabalhada, concluída com perfeição.
Fazia tempo que não se via isso no Grêmio. E não se veria nunca com Marco Antônio e Léo Gago no time.
E pensar que eu perdi um semestre da minha vida futebolística com esses dois… Sem falar na Copa do Brasil mais fácil dos últimos tempos.
Mas a tarde reservava outra jogada de alto nível. Tony foi ao fundo em velocidade, parecia que não alcançaria a bola, deu um toque rasteiro, curto, para Moreno dar um tapinha na bola, encontrando Kleber, que desviou do goleiro.
Então, na estreia de um meio-campo de qualidade que venho reclamando e implorando aqui desde fevereiro, o ataque voltou a funcionar, e a defesa de mostrou segura, eficiente, apesar da presença inconfiável de Pará, provando que um meio-campo eficiente é capaz de fazer milagres.
É o caso de Gilberto Silva: um gigante na área. Zagueiro funciona assim, ele precisa ter proteção e se sentir seguro. O mesmo vale para o goleiro. Marcelo Grohe fez duas defesas espetaculares.
A expulsão de Werley foi injusta. Aliás, o juiz agiu com rigor contra o time gremista o tempo todo. Amarelou com facilidades os jogadores do Grêmio. Sobrou até para o Luxemburgo.
No segundo tempo, mesmo com um a menos, o Grêmio controlou o Cruzeiro, e só passou a ser mais pressionado no final, já sem Elano, que saiu cansado.
Soberba atuação de Zé Roberto. Armou e desarmou como um guri. Souza e Fernando também em alto nível.
Souza fez a belíssima jogada do terceiro gol, matando o Cruzeiro. Deu uma arrancada de trás e achou Moreno livre na área.
Aí, Marcelo Moreno, que não deve ter feito festa no apartamento nesta semana, teve habilidade para limpar o lance e marcar. Esperemos que continue assim, compenetrado. Festas, sim, mas com moderação.
Por fim, volto a bater na mesma tecla: o meio-campo é a alma e o coração de um time.
Está no ABC do futebol. A direção do Grêmio é que desprezou esse fato.
O EMPATE
No Beira-Rio, o Inter sentiu os desfalques.O Santos da mesma forma. Foi o que concluí vendo alguns lances e ouvindo comentários dos analistas. O Inter foi melhor no primeiro tempo, o Santos no segundo.
Vi que Bolívar cometeu um pênalti claro num atacante do Santos, num lance em que a goleira estava vazia. Soube que o juiz foi rigoroso ao expulsar Juan, do Santos.
Vi o Milton Neves reclamando muito na Band e taxando Guinazú de ‘carniceiro dos pampas’. Segundo ele, Guina deveria ter sido expulso.
Vejo que a imprensa destaca muito os desfalques do Inter, mas ignora as ausências do Santos, a começar por Neymar e Ganso.
Miralles estreou no Santos. Pelo que soube, foi discreto. Nada de novo.