Há empates e empates. Empatar em casa, ainda por cima com o Náutico, é ruim, e só não é pior quando a arbitragem anula um gol legítimo do modesto adversário, tão modesto que ninguém houve seu berro e a imprensa silencia cumpliciada.
Já o empate fora, num campo que mais parece um potreiro, e contra uma Ponte Preta motivada, até pode ser bom.
No caso do Grêmio, que ficou no 0 a 0 com o time de Campinas, seu primeiro empate no Brasileirão, o resultado não chega a ser ruim, mas também não pode ser comemorado.
Afinal, o Grêmio foi melhor, criou situações de gol suficientes para fazer ao menos um gol, um mísero golzinho que o levaria a encostar no Fluminense e a ficar a apenas 5 pontos do líder Atlético Mineiro.
O empate, pelo que houve no primeiro tempo, até seria saudado como vitória, mas o segundo tempo deixou a sensação de que poderia ser melhor, que os três pontos eram possíveis. E justos. Merecidos.
Está aí o melhor da noite: o Grêmio fez, talvez, o seu melhor segundo tempo desde que a dupla Elano/Zé Roberto foi formada. Pela segunda vez seguida, os dois terminaram o jogo. E terminaram correndo e jogando como guris em começo de carreira. Deu gosto de ver Zé Roberto correndo como um moleque pela lado esquerdo. Até o gol que perdeu deve ser desculpado.
E o que dizer de Elano, o melhor negócio do Grêmio nos últimos tempos? Aquele drible desconcertante que ele deu quase no final – repito, quase no final, quando as pernas normalmente se fazem de desentendidas diante das ordens do cérebro -, e depois cruzando uma bola suave e precisa para o cabeceio de Kleber.
Parecia um sonho, que virou pesadelo quando o goleiro insensível à beleza da jogada mandou a bola pra longe, impedindo o gol que seria o complemento ideal ao lance.
O jogo mostrou outras coisas positivas: por exemplo, Pará mostrou que na direita rende mais, talvez o suficiente para ser titular. Marquinhos, que eu já quis ver pelas costas, tem dado sinais de vida. Está mostrando que pode ser uma alternativa para o segundo tempo. E só para o segundo tempo.
Enfim, o Grêmio está mostrando que pode realmente brigar pelo quarto, ou no máximo, terceiro lugar do Brasileirão.
Imaginar que pode algo mais do que isso com esse grupo, é sinal de fanatismo cego ou otimismo delirante e febril.
Por favor, não esqueçam de me cobrar.