Presidente Luigi afirmou na Rd Gaúcha hoje, final da tarde, que ‘segurança é a preocupação número 1 ”, defendendo a decisão de limitar em 750 o número de gremistas no Beira-Rio.
Presidente Odone, agora à noite, na Rd Guaíba, declarou que se não for cumprido ou não ocorrer um acordo sobre a presença maior de gremistas no estádio não sai Gre-Nal.
Sobre a primeira frase, digo apenas que se ele, Luigi, tivesse mesmo preocupação verdadeira com a segurança já teria tomado a iniciativa de interditar o Beira-Rio.
Já o presidente Odone quer, na verdade, participar da decisão sobre o público no clássico. Lembrou que há alguns anos vigora um acordo de 2.800 torcedores de cada clube no estádio rival no clássicos. Defende, portanto, um acordo para decidir em cima da atual situação do estádio. Não aceita uma decisão imposta por um lado.
O Inter tem um laudo de sua parceira, a AG, que limitar em 18.200 o público do Beira-Rio, com 750 ingressos para a torcida do Grêmio.
Odone, com razão, não admite que uma empreiteira decida isso. Claramente, o Grêmio quer participar dessa definição, querendo elevar o número de gremistas no Beira-Rio e fixando a mesma quantidade para o jogo da volta.
O Grêmio força com o cumprimento do regulamento, que prevê 10% pelo menos de torcedores adversários em cada jogo. Lembra inclusive o Estatuto do Torcedor, que todo mundo repete e ninguém respeita muito.
Acho que o Grêmio quer fechar em algo em torno de 1.200 gremistas no clássico, número igual para o jogo da volta.
O que não é admissível é limitar sem ouvir o Grêmio, a outra parte interessada. Para romper o regulamento, só com unanimidade. Fora isso, é imposição e o Grêmio está certo em rejeitar.
De minha parte, continuo defendendo a interdição do estádio. Disse isso hoje no Cadeira Cativa, da Ulbra, ao tenente coronel Vasconcelos, quando ele apresentou o laudo da AG. Questionei por que a BM considera o laudo de parte interessada e não apela para entidades neutras como o Crea ou a Ufrgs. Perguntei também se a BM tem um laudo estrutural do estádio. Não, foi a resposta do oficial.
O representante da BM falou ainda de estimular a paz, promover uma cultura de paz. Realmente, isso se faz necessário. Agora, para começar, a direção do Inter teria de descer do seu pedestal e convidar o Grêmio para negociar o número de gremistas no clássico. A imposição de 750 torcedores, ou qualquer número que for, é uma violência, que gera reações violentas. A cultura de paz pode começar por aí, pelo diálogo.
Lembrei da tragédia na Fonte Nova, em 2007. Um ano antes, o MP baiano havia pedido a interdição do estádio baiano. O judiciário demorou para decidir e o resultado foram 7 mortos e dezenas de feridos. Cada família das vítimas fatais passou a receber 453 reais, fora um seguro de vida de 25 mil, da CBF.
É isso o que vale a vida de um torcedor?