Ganso e um novo modo de ver o Grêmio

Transcorria o jogo no Olímpico, arrastado, sem brilho, repetindo roteiros anteriores: uma retranca e um time buscando espaço para chegar ao gol, mas sem muito talento e criatividade, o que me deixava mais irritado a cada minuto.

De repente, não mais do que repente, caiu a ficha. Tive um lampejo. Pensei: se eu diminuir meu nível de exigência não vou mais me revoltar com Marquinhos em campo, por exemplo. Serei mais compreensivo, mais tolerante.

Ora, se o Grêmio jogando esse futebol é um dos líderes do campeonato, é porque está jogando bem e eu, por querer demais, não percebo. Não é o Grêmio que precisa melhorar, eu é que devo piorar.

Quando chegou o intervalo, 0 a 0 mais do que justo, abri uma 1983 de trigo e comemorei a bela atuação da defesa, o brilhantismo do meio de campo e a ousadia do ataque. O gol é uma questão de tempo, pensei, seguindo meu processo de formar um novo olhar sobre o time gremista.

Então, quando Marco Antônio entrou em campo cheguei a gritar um palavrão, mas logo anestesiei de novo minha mente perturbada. A troca por Marquinhos atenuou minha indignação.

Depois, quando Marco Antônio arriscou de longe, um chute meio que despretencioso, e fez 1 a 0, eu vibrei. Pelo gol e também pelo acerto da minha decisão.

Ao ouvir o comentário de Wianey Carlet a respeito do gol, que ele definiu como ‘golaço’, constatei que ele também baixou seu nível de exigência, ainda mais do que eu. No final, WC se superou, e a mim também, ao cogitar que Leandro já merece até ser titular de tanta bola que havia jogado. É claro que me engasguei com um gole da 1983. Mais um pouco, ele seria capaz de comparar Leandro a Messi, como fez com Taison tempos atrás.

Preciso aprender com WC a descobrir flores em meio ao inço. Eu chego lá.

No finalzinho, Kleber ampliou: 2 a 0.

Gostei do Luxemburgo na coletiva: Kleber precisa aproveitar melhor seu talento, buscar o drible e parar de querer jogar no corpo do zagueiro, cobrou o técnico, mostrando que é um sujeito ligado nos detalhes.

Com a vitória, o Grêmio se mantém em terceiro, a seis pontos do líder Fluminense, distanciando-se de seu maior rival, o Inter, que ficou no empate com o Botafogo mesmo com a volta de titulares como Damião, D’Alessandro e Guinazu. Um sinal de que o time pode ambicionar, no máximo, uma vaga para a Libertadores de 2013. Título, nem pensar.

Já o Grêmio até teria mais chances de título se Luxemburgo começasse a dar oportunidades para jogadores como Wangler, Biteco e Misael, porque com Léo Gago, MA e Marquinhos, o máximo que pode almejar é o terceiro lugar no Brasileirão.

GANSO

O Grêmio está mesmo tentando contratar Ganso, jogador que surgiu com Neymar no Santos. Ele apareceu tão bem que eu, e muitos outros, cheguei a escrever aqui que ele tinha potencial maior que o do colega, e que merecia ser convocado para a seleção de Dunga.

Depois do começo fulgurante, Paulo Henrique Ganso foi vítima de sucessivas lesões, o que prejudicou seu crescimento.

Penso que o Grêmio faz bem em tentar sua contratação. Ele é jovem e pode muito bem recuperar-se plenamente e a partir daí mostrar que é tão bom quanto Neymar, e que é melhor que Oscar, por exemplo.

É claro que a ser confirmado o negócio, o que pode acontecer ainda nesta sexta-feira, Ganso será um trunfo importante da Situação na eleição.

Tão importante que a eleição pode até nem chegar ao pátio.