Grêmio não acreditou que era possível

O Grêmio viu-se diante de uma encruzilhada depois da série de resultados que o beneficiaram na rodada: havia um caminho que o consolidava como candidato ao título e outro, o que vem trilhando já faz um tempo, que leva a uma das vagas para a Libertadores de 2013.

Quando Elano deixou Marcelo Moreno na cara do goleiro, e o atacante desviou com categoria e fez 1 a 0 no Flamengo, parecia que o Grêmio havia escolhido o caminho da glória, do paraíso.

Mas o Grêmio recuou. Não acreditou que era possível. O que se viu depois do gol e principalmente no segundo tempo, foi um time que não tem confiança em si mesmo e em suas possibilidades.

No intervalo do jogo, o Grêmio, através de seu comandante, Luxemburgo, fez a opção pelo caminho mais fácil, confortável. O Grêmio poderia ter mantido uma atitude mais agressiva, se posicionando com mais personalidade diante de um adversário assustado e tenso.

Mas o Grêmio optou pela posição cômoda de recuar, dar o campo ao adversário e tentar contra-ataques que nunca aconteceram. Um pouco por culpa de seus atacantes, em especial Kleber, sonolento e distraído, mas especialmente por causa de seus meias que recuaram demais e não tiveram força e velocidade para chegar ao ataque.

O Grêmio que quer mais, que sonha e que tem ambição, só reapareceu, ao menos em termos de posicionamento, depois que o Flamengo empatou.

Kleber acordou, mas já não tinha Moreno ao seu lado – aliás, ele só pode ter saído por desgaste físico, porque estava melhor que Kleber.

Pará pela direita teve duas ou três jogadas dignas de um lateral de seleção, com acabamento de … Pará.

Nas meias, Zé Roberto foi muito melhor que Elano, que me pareceu preso demais ao trabalho de marcação.

Luxemburgo errou em sua estratégia de esperar o Flamengo no segundo tempo. Mas erra mais ao insistir tanto com velhas e manjadas soluções que nada solucionam.

Mas para quem repete que a vaga na Libertadores é o objetivo, esse é o caminho. Não há o que mudar.

INTER

Se o Grêmio deixou escapar a oportunidade de aproximar seu bafo da nuca dos líderes, o Inter confirmou que não tem o tal grupo ‘muito superior ao do Grêmio’, e escapou de um vexame com consequências desastrosas ao conseguir o empate por 2 a 2 depois de sair perdendo por 2 a 0 para o Sport, dentro do que resta de sua casa.

Muriel saiu festejado no intervalo porque evitou uma goleada. Ao restante do time e ao treinador Fernandão vaias e gritos de ‘timinho’. No segundo tempo, o Inter foi para cima, o Sport recuou intimidado – mais ou menos feito o Grêmio no Engenhão – e chamou o empate e até a derrota.

O jogo era apontado como o início de uma arrancada colorada rumo a uma vaga na Libertadores, que é o máximo que o Inter pode ambicionar na competição.

Mas o empate complicou a situação. O Inter está a 11 pontos do terceiro colocado, o Grêmio. Sim, o Grêmio tem 11 pontos a mais que o Inter.

É possível que o quarto lugar também garanta vaga na Libertadores. Nesse caso, a diferença é de apenas seis pontos.

Sem querer provocar: o Inter está mais perto da zona de rebaixamento – 13 pontos – do que da liderança, 16 pontos.

Assim, dá para entender a revolta da torcida e o ranço amargo de setores da mídia esportiva.

CHUTANDO O BALDE

Fernandão jogou a responsabilidade sobre os jogadores. Alguns estariam em ‘zona de conforto’. Cobrou mais atitude e comprometimento. Enfim, comprou uma briga com algumas estrelas do time. Se ele faz isso no vestiário, tudo bem, mas publicamente?

Quer dizer, Fernandão teve ontem o primeiro dia do resto dos seus dias como treinador do Inter.