A eleição no Grêmio deverá mesmo ser decidida pelos conselheiros, dia 25.
É o sentimento que tenho a partir do que venho observando, lido, ouvido e, principalmente, considerando que a grande maioria dos conselheiros tem ligação com a chapa situacionista.
Os conselheiros, ao contrário de vereadores e deputados, por exemplo, não assumem os cargos de baixo para cima, alçados que são por seus eleitores.
Os conselheiros de clube de futebol normalmente não tem bases a consultar ou a lhe cobrar e pressionar.
Os conselheiros chegam ao cargo por indicação. Depois, ficam como reféns de quem os indicou. Nem sempre é assim, mas na maioria das vezes é o que acontece. É assim que funciona.
É nesse momento que grande parte dos conselheiros pode ser confundida com um bando de ovelhinhas, todas seguindo o pastor.
Algumas ovelhas se desviam pelo caminho, mas são poucas. Com o tempo, cresce o número de ovelhas rebeldes. Aí, elas se juntam e ganham força, mas ainda assim, em muitos casos, acabam conduzidas por outro pastor. Afinal, o que fazer?, são ovelhas.
Gostaria que fosse diferente, mas a realidade é que durante um bom tempo o conselheiro noviço – e mesmo outros veteranos de muitas tosquias – se considera em dívida com aquele que o indicou, que, por sua vez, tem relação próxima com alguma velha liderança.
O conselheiro, de imediato ou com o tempo, esquece que um dia foi ‘apenas’ um torcedor, que cobrava time, protestava e tinha a fórmula para resolver todos os problemas, a começar pela escalação que ele considerava ideal e o técnico, um ‘burro’, não conseguia enxergar.
O conselheiro, na verdade, é um torcedor com status, com algum poder. Um poder que, na prática, ele divide com alguém que o colocou ali. Mas ainda assim um poder, que até pode ser muito grande, dependendo do seu grau de dependência. É quando ele vota de acordo com a sua consciência e seus princípios, fiel às suas origens, sem ligar para a maneira como chegou à elite do clube.
Não é fácil essa transição, reconheço. Mas quanto mais independente for um conselheiro, melhor ele será para o clube. O problema é conquistar ou manter essa independência.
Hoje, a poucos dias da eleição, é reduzido o número de conselheiros que não pertence a esse ou aquele grupo, ou que se mostra disposto a romper compromissos em nome de sua convicção pessoal.
O ideal seria que todos votassem unicamente pensando no que consideram o melhor para o clube, independente de grupos ou movimentos.
Sem entrar no mérito, acredito que o melhor para o Grêmio seria uma eleição que pudesse contar com aqueles que são a razão de ser da existência do clube: o seu torcedor, o seu associado, que muitas vezes gasta mais do que pode para a causa de sua paixão. E que também por isso não merece ficar alijado desse processo eleitoral.
O torcedor tem o direito de votar, de decidir quem considera o melhor para o seu Grêmio.
Para isso, basta que os conselheiros provem que não são ovelhinhas.