A 'unanimidade' de Luxa

Toda unanimidade é burra, disse Nelson Rodrigues, mais para provocar polêmica e reflexão do que qualquer outra coisa.

A frase remete para um sujeito que quando foi contratado tinha um alto índice de rejeição e que em pouco tempo conseguiu reverter a situação de tal forma que hoje é quase unanimidade aqui no Estado mais belicoso do país.

Com exceção de mim e mais uns poucos, tão poucos que talvez não lotem uma kombi, o meio esportivo gaúcho está empolgado com Vanderlei Luxemburgo.

Eu que era radicalmente contra sua vinda, mudei de ideia com o passar do tempo, acompanhando seu trabalho sério e competente. É inegável que Luxemburgo faz um bom trabalho no Grêmio.

Mas, a meu ver, não merece tanto entusiasmo.

Por exemplo, ai daquele candidato à presidência do Grêmio que ousar sugerir que talvez não renove o contrato de Luxemburgo. Estará ferrado na eleição.

Pelo que tenho lido e ouvido, Odone, Koff e Homero já adiantaram que Luxemburgo fica. Se não é bem assim me corrijam. Odone, inclusive, já estaria acertado com o treinador para 2013.

Sei que até dirigentes do Inter também não disfarçam sua admiração por Luxemburgo. Isso significa que se ele estiver disponível, pode acabar no Beira-Rio.

Mas isso é hoje. Daqui a pouco, se o rendimento do Grêmio cair a ponto de não garantir a vaga na Libertadores no Brasileirão e fracassar na Sul-Americana, tudo muda. Ou alguém pensa o contrário?

No futebol nada é definitivo. O bom de hoje é o ruim de amanhã.

Há dois anos, Renato Portaluppi fez um trabalho muito superior ao assumir o Grêmio caindo pelas tabelas, flertando com o rebaixamento, e o levou a beliscar o título. Foi um fenômeno.

Seu sucesso foi tanto que o presidente eleito, contrariado, foi obrigado a renovar seu contrato.Procedeu da maneira que a grande maioria da torcida exige agora dos candidatos em relação a Luxemburgo, esquecendo-se que um treinador só terá êxito se trabalhar em harmonia e em sintonia com a direção. Não foi o caso, como se viu.

Renato, em poucos meses, caiu do céu para as profundezas do inferno.

Mas, afinal, por que eu não me entusiasmo tanto com Luxemburgo?

Eu pergunto e respondo. O Grêmio perdeu o Gauchão e a Copa do Brasil muito por falta de qualidade do grupo, especialmente por causa do meio de campo precário montado pela dupla Odone/Pelaipe, mas também porque Luxemburgo errou em momentos decisivos das duas competições.

Se eu fosse uma enciclopédia ou tivesse vocação para explicar tudo de forma didática como faz com brilhantismo o Maurício Saraiva, citaria aqui os equívocos do festejado treinador.

Dois títulos disputados, dois títulos perdidos. O Brasileirão segue o mesmo rumo. A não ser que vaga na Libertadores já seja considerado título.

Mas o que mais me irrita no Luxemburgo é outra coisa: essa insistência com alguns jogadores que decididamente não podem sequer ficar no banco de reservas porque nada acrescentam se entram no jogo e ainda por cima tiram o lugar de jovens criados no Olímpico ou vindos de fora, como Wangler e Rondinelly.

Ninguém vai me convencer que esses dois jogadores jogam menos que Marco Antônio e Marquinhos, por exemplo.

Por que não dar uma oportunidade para o Biteco? Com certeza ele faria mais que o Leandro, que não consegue jogar com pouco espaço como aconteceu contra o Santos. Aliás, o velocista Leandro deveria entrar mais recuado, como fazia outro velocista, o Taison, em seus melhores momentos no Inter, quando o WC o comparou ao Messi.

O fato é que essa gurizada precisa ser testada, e nada melhor que seja neste momento em que não há opção melhor para entrar no time e mudar o jogo, como se fazia necessário domingo.

A continuar assim, Luxemburgo vai ficar marcado como o Mano Menezes, que deixava Anderson e Lucas na reserva de alguns jogadores que já nem lembro o nome, nem faço questão de lembrar.

Não sei se toda unanimidade é mesmo burra. Só sei que Luxemburgo, apesar do bom trabalho, não é digno de tanto entusiasmo, tanta exaltação.

Quem só consegue ter olhos para Marco Antônio, Marquinhos, Léo Gago, Leandro e André Lima como alternativas precisa urgentemente de uma reciclagem.

ELEIÇÃO

O caso da catraca bombou na internet. Ouvi um representante do MP dizer que o candidato a vereador que estaria envolvido na história corre o risco de não poder tomar posse caso seja eleito.

Já na eleição tricolor, duvido que cause algum dano à candidatura de Paulo Odone.

Aguardemos novos episódios. Dependendo do nível do processo eleitoral, talvez o time acabe sendo prejudicado.

ROSPIDE

Que notícia boa! Marcelo Rospide foi contratado para cuidar da base do Corinthians. Ele deveria estar no clube do seu coração, o Grêmio. Um grande profissional.