Concluída a novela “Em busca de um treinador”, protagonizada por Giovani Luigi – tem nome de ator de bang-bang italiano, tipo Django e O Dólar Furado -, com a contratação mais do que festejada pela mídia do ex-treinador da Seleção Brasileira, Dunga, o Inter está confirmando Paulo Paixão.
Se Dunga ainda é um técnico que precisa provar, embora os indícios de que tem tudo para dar certo, a transferência de Paixão neste caso é como jogo de seis pontos: soma três ao Inter, retira três do Grêmio.
Há uns oito anos aconteceu a mesma coisa: Paixão trocou o Olímpico pelo Beira-Rio. O Inter passou a acumular títulos.
Paixão parece ser aquele sujeito altamente qualificado, e também altamente pé-quente.
Lamento muito a saída de Paulo Paixão. Mas eu mesmo já havia comentado aqui que ele não renovaria com o Grêmio seja pelo salário que fosse.
Um profissional de tamanha envergadura não se acomoda, não aceita ser o número 2. Até questionei sobre o que ele pensaria a respeito do ‘pijama training’ tão ‘vestido’ pelo treinador Luxemburgo. Nenhum repórter teve essa curiosidade. Pena.
DUNGA
Dunga fez um bom trabalho na Seleção. Seu maior mérito, a meu ver, foi ter acabado com a bagunça, com a indisciplina, e ter sufocado o clima de festa que envolvia os jogadores. Armou um time à sua imagem e semelhança: mais compenetrado e aplicado taticamente, do que talentoso. Até por falta de jogadores mais qualificados.
Agora, trabalhar num clube é diferente. Na Seleção, o técnico convoca os jogadores que quer, dentro do perfil desejado; no clube, o técnico indica, e muitas vezes não é atendido plenamente. E aí precisa trabalhar com o que tem.
A questão das relações humanas também é diferente. O vestiário é diferente. O convívio no clube é constante, dia após dia, um ano inteiro. Na Seleção, Copa do Mundo, é tiro curto. Basta mobilizar para esse período e tudo bem. Foi o que fez Felipão, que recuperou Ronaldo para ser campeão do mundo. Ronaldo gostaria de continuar trabalhando com Felipão por mais tempo? Duvido.
Dunga começou bem. Como bem começou Falcão. Lua-de-mel com a mídia, que hoje parece um poodle, mas que pode se transformar num pitbull com facilidade. Falcão que o diga.
Mas não há mistério no futebol: venceu está bem, perdeu vai pra casa.
LUXEMBURGO
O mesmo vale para Luxemburgo, que teve seu nome gritado tão forte no Olímpico que não restou outra saída ao Fábio Koff. Teve que manter um treinador que não ganhou nada este ano, e que não vem ganhando nada há tempo, mas que realmente fez um trabalho bom no Grêmio.
O que eu vejo de mais positivo em Luxemburgo ter continuado é que a partir daí o Grêmio conseguiu manter Zé Roberto.
Luxemburgo é uma grife. Elano só veio para o Grêmio em função disso. Outros jogadores de alto nível também irão avaliar proposta do Grêmio com mais atenção só pelo fato de poderem trabalhar com Luxemburgo.
Não sei se há no futebol brasileiro outro treinador com esse prestígio perante os boleiros.
Um prestígio que chega aos gabinetes.
Não entendo por que fazer pré-temporada em Londrina. Foi decisão de Luxemburgo.
A direção acatou. Mas continuo sem entender.
REFORÇOS
Willian Jose e Alex Telles são boas contratações, oxigenação no vestiário. Willian é um atacante muito bom. Não entendi por que o São Paulo o liberou.
Alex Telles foi destaque no Caxias. Pelo pouco que lembro dele, trata-se de um lateral com jeito de ala, que ataca com velocidade e tem drible fácil.