O Grêmio está realmente priorizando a Libertadores. Não é meia prioridade, é prioridade por inteiro.
“…E que tudo mais vá pro inferno”, poderia cantar Luxemburgo, lembrando um antigo sucesso de Roberto Carlos.
Eu defendi que o Grêmio deveria ir para o Gre-Nal com o máximo de titulares possível, deixando fora o Barcos, o Elano e o Zé Roberto, os únicos realmente essenciais a meu ver.
Diante do que aconteceu no ano passado – Mário Fernandes e Kleber, expoentes do time, foram vítimas da violência no Gauchão – não posso criticar a decisão de jogar apenas com reservas – exceção de Dida e Werley.
A contusão sofrida por Alex Telles indica que cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Está certo, é mais um Gre-Nal perdido, e isso realmente não é agradável.
Mas, e se fosse o Barcos a sair de campo com o nariz estourado? Estaríamos todos agora lamentando sua escalação.
O risco existe em qualquer atividade. Lesões sérias acontecem em treinos, mas são mais comuns em jogos oficiais. O que o Grêmio fez foi reduzir o risco.
Pagou com uma derrota. Com um pouco mais de qualidade no time, poderia ter vencido o jogo. E este é um dos aspectos positivos. O outro, é que o time titular não conseguiu mais do que esse apertado 2 a 1. Cabe, portanto, o indagação do meu amigo Ricardo, lá de Cruzeiro do Sul: “Mas isso é tudo o que o time titular do Inter tem?”.
Realmente, o Inter tinha a obrigação de jogar mais, fazer mais, e vencer com mais facilidade. Quando fez 2 a 0 começou a trocar passes, estimulando a torcida colorada a gritar olé nas arquibancadas do Centenário.
Logo depois, o pênalti, aliás, surpreendentemente muito bem assinalado por Jean Pierre. Douglas Grolli sofreu um violento empurrão numa cobrança de escanteio. Nenhum repórter atrás da goleira viu. Mas Jean Pierre viu e, o que é mais importante, marcou.
Talvez até porque minutos antes Bertoglio havia invadido a área a drible pela direita, fundo de campo, e levava perigo mesmo desequilibrado, quando sofreu um empurrão de Moledo, que jogou sua barriga sobre o corpo do argentino, que acabou caindo porque estava mesmo tentando se ajeitar após driblar o zagueiro. Seria um pênalti de barriga, algo que dificilmente um árbitro marca.
Destaco esse lance porque a vitória colorada, do time titular colorado, esteve por um fio. Bastava um empurrão com a barriga para o desequilibrado Inter desabar no gramado.
Com mais dois ou três titulares, o Grêmio talvez estivesse agora na disputa do título do primeiro turno, podendo ficar mais tranquilo no returno.
Para ser mais claro: se o Grêmio tivesse um lateral melhor que o Tony e um meia superior ao M. Antônio, aumentaria sensivelmente suas chances de vitória. E mais ainda se tivesse alguém melhor para o lugar de Welliton, que perdeu um gol ‘feito’ ainda no primeiro tempo.
Agora, o Inter foi superior a maior parte do tempo. Mereceu a vitória, sem dúvida alguma. Mas seu futebol segue na linha do razoável, e isso contra um Grêmio B. É evidente que a direção colorada já viu isso, tanto que está em busca de reforços.
Não vi nenhum grande destaque no clássico. Alguns conseguiram ver grande desempenho de Forlan, que para mim foi apenas discreto. O melhor do Inter foi D’Alessandro, pelo conjunto da obra. Depois, Damião e Moledo. Gabriel também jogou relativamente bem, ainda mais comparando com Tony, que decididamente, está na divisão errada.
No Grêmio, destaco o zagueiro Werley e os volantes Adriano e Mateus Biteco, apesar do pênalti que cometeu. Bertoglio acrescentou qualidade ao setor ofensivo.
O torcedor colorado comemora. A direção colorada festeja dois Grenais vencidos em fevereiro, desprezando o fato de o Grêmio ter jogado com reservas.
Tudo bem, tem mais é que comemorar, mas continua pergunta:
– É só isso que o Inter tem?
COTAÇÃO DO ‘AVALIADOR DE FORA’
GREMIO
Dida – Um entregadinha que comprometeu – 6
Tony – Não adianta insistir com ele. 3
Werley – muito firme, liderando a zaga. 7
Groli – Grande chegada no Damião. 8
Bressan – Zagueiro com muito futuro. 7
Alex – Boa técnica e personalidade. 7
Adriano – Encarou o D’ale, marcou e deu bons passes. 8
Mateus Biteco – Apesar do pênalti desnecessário, foi bem. 7
M. Antônio – Um dia ainda vou descobrir por que ele está no Grêmio. 4
Welliton – O melhor que fez foi perder um gol de cabeça. 4
Marcelo Moreno – Nem gol de cabeça perdeu. 3
Bertoglio – Deu alma e vivacidade ao ataque. 8
Willian José – Mostrou que pode ser reserva imediato de Barcos. 7
Guilherme Biteco – Tivesse entrado antes… 8
INTER
Muriel – Não foi exigido. Por ter se fardado. 7
Gabriel – Boa partida, joga com inteligência. 7
Moledo – Muita imposição física. 8
Juan – Jogou basicamente na experiência. 7
Fabrício – Só falta conseguir pensar enquanto corre. 6
Igor – Marcou com eficiência. Cansou. 7
Josimar – Confuso. Cometeu pênalti imbecil. 5
Fred – Muita movimentação e iniciativa. 7
D’Alessandro – O maestro do time, apesar de nervosinho. 8
Forlan – Muito participativo, mas precisa jogar mais. 7
Damião – Sentiu a marcação, mas deu trabalho. 7
Elton, Gilberto e Vitor Jr. – sem nota.