O Campeonato Gaúcho há muito tempo é tipo ‘me engana que eu gosto’.
O campeão sai faceiro, crente que tem time para ser campeão do Brasileirão. E aí acaba lá atrás.
Os jogadores, então, há que se ficar com um pé atrás. Toda cautela é pouca.
No jogo-passeio desta noite, no Olímpico, goleada do Grêmio: 5 a 1. Goleada, seja contra quem for, é boa para elevar a auto-estima, mas é preciso alguns cuidados antes de qualquer sentença.
Pará foi eleito pela Guaíba o melhor em campo. Não sei se outras emissoras fizeram o mesmo. O fato é que se trata de uma afronta a Zé Roberto e Elano, os homens que tornaram o jogo fácil o suficiente para até Pará brilhar.
O São José vinha precedido de uma campanha impecável. Quatro vitórias, três delas pelo que sei no carpete do Passo d’Areia. A grama sintética é sempre um fator a favor do Zequinha.
A goleada aplicada pelo Grêmio coloca as coisas em seus devidos lugares. Cada um com o seu tamanho. Em seu campo, o Zequinha será mais difícil, não tenho dúvida.
Pará foi bem. Claro, enfrentou um adversário do seu tamanho. É como o Léo Gago, quando joga no meio da garotada do time B. Ele vira um líder em campo.
Agora, Pará mostrou que sabe ir ao fundo e fazer um cruzamento com consequência. Não faz isso contra adversários mais gabaritados. O problema dele talvez seja emocional, falta de confiança, de moral. Ninguém melhor para trabalhar essas coisas que o Luxemburgo, padrinho do Pará.
De qualquer modo, como Luxemburgo não vai indicar nenhum lateral para o lugar de seu pupilo, o que resta é torcer para que Pará consiga fazer contra os grandes o que fez contra o pequeno, provando que não é um prevalecido.
Na outra lateral, Alex Telles já se sentiu mais à vontade. Mostrou que tem potencial para crescer, mesmo considerando a fragilidade do adversário.
A zaga com Saimon e Bressan se comportou bem diante de um ataque pouco abastecido pelo meio de campo.
Mais à frente, Marco Antônio foi quase um maestro ao lado do Souza. Tocando a bola, lançando. Não precisou nem sujar o calção, que, aliás, ele nunca sujou.
Na frente, o Willian José, por vezes, me fez sentir saudade de André Lima. Na maioria do tempo, aliás. Mas ele teve alguns lances que demonstram boa técnica, visão de jogo, chute forte.
Há muito tempo aprendi que é preciso cuidado para criticar centroavante. Ele está sempre muito perto do goleiro e o gol pode sair a qualquer momento. Fazendo o gol, tudo o mais é secundário.
Em síntese, vejo no W. José um centroavante com muito bom potencial. Só que considero arriscado liberar o André Lima assim sem ter a confirmação de que seu substituto é melhor ou similar.
Hoje, pela primeira vez, gostei do Mamute. No segundo gol, ele escorou muito bem para o Zé Roberto invadir a área e fazer um golaço. Depois, marcou o gol e participou de alguns lances. Está mais alto, mais esguio e mais veloz.
Por fim, o Bertoglio. Sempre gostei desse jogador. Fez um belo gol e mostrou que, se tiver sequência, sem novas lesões, será um reforço valioso para a campanha do tri da Libertadores.
É o Grêmio se ajustando aos poucos. A contratação de Adriano, um volante muito bom, e do atacante Welliton, goleador por duas temporadas na Rússia, são importantes.
O Grêmio começa a ganhar corpo com reservas do nível dos titulares.
E isso não tem nada a ver com a goleada sobre o Zequinha.
INTER
Pra quem não sabe, eu sou de Lajeado. Nasci em Santa Cruz do Sul, terra também do Paulo Cabrito, digo, Brito. Mas me criei em Lajeado, onde tenho velhos amigos como Ricardo Marmitt.
Um aparte: que mancada do Brito anunciar um jogador de nome Cabrito sem checar a veracidade da informação! Coisa de principante e também de afobado.
Pois o Inter desafiou os astros ao sonhar por algum instante que poderia vencer o meu Lajeadense.
Dunga, ao escalar os reservas, parece querer esconder a precariedade do time titular. Quer ganhar tempo pra ver se consegue formar um time mais entrosado e harmônico.
O time titular colorado fez duas apresentações modestas sob o comando de Dunga. Empate com o Novo Hamburgo e vitória sofrida contra o Grêmio, os reservas do Grêmio.
Uma hora o Dunga vai ter que encarar a realidade.