Para Euclides da Cunha, o ‘sertanejo é, antes de tudo, um forte’.
Parafraseando o genial autor de um livro sensacional que eu nunca li, Os Sertões, eu afirmo:
– O torcedor é, antes de tudo, um crente.
Por ser um crente, é fiel ao seu time faça chuva sol ou faça chuva, com avalanche ou sem avalanche, com Luxemburgo ou sem Luxemburgo, com Marco Antônio ou sem Marco Antônio. Enfim, cabe ao torcedor, antes e acima de tudo, acreditar. Acreditar sempre.
Todos os torcedores sempre acreditam no seu time, seja em que situação for. “Não está morto quem peleia”, já dizia uma ovelhinha cercada de lobos.
O torcedor é assim, principalmente quando ele foi forjado em inesquecíveis conquistas e doloridas derrotas, caso dos torcedores de grandes clubes. Torcedores de clubes menores, inexpressivos, já não possuem o mesmo envolvimento e são, portanto, desprovidos de fé tão intensa. Não saborearam grandes títulos nem sofreram revezes imprevisíveis.
Existem algumas categorias de torcedor. Tem aquele que acredita sempre, tapa os olhos, os ouvidos e o nariz. E vai em frente, numa paixão cega, fanática, gritando o nome do seu clube, no caso, uma extensão de sua pessoa. São, sem ofensa, umas velhinhas de Taubaté.
Tem aquele que, ao contrário, critica e questiona sempre. É o torcedor cri-cri, aquele que fica nas sociais do estádio corneteando o tempo todo. Em alguns clubes são conhecidos como os da ‘turma do amendoim’. O técnico é sempre burro. O dirigente um incompetente, e por aí vai.
O problema é que hoje, com o advento das redes sociais, eles ficaram mais poderosos e até influentes. Portanto, podem ser perigosos. Mas, de certa forma, são úteis, porque não deixam ninguém se acomodar.
Numa terceira categoria – cada uma delas com subdivisões – estão aqueles que torcem, vibram, mas estão sempre com um pé atrás, um olho aberto e outro fechado.
Não há estatística que confirme, mas eu acredito que esse tipo de torcedor é maioria.
Eu próprio me incluo nessa faixa de ação. O bom é que transito sem pudor de um grupo para o outro. Tem horas que sou amargo como olina com limão e sal. Em situações assim eu fico com a certeza inarredável de que o Grêmio, com Luxemburgo de treinador, não será campeão da Libertadores.
Mas há outros momentos, mais raros, tipo aquele em que até os ateus clamam por Deus, ou seja, aquelas horas em que o cara se abraça a todos os santos, em que eu fico completamente crente no meu time. Sem um resquício sequer de racionalismo.
Neste exato momento, estou me encaminhando para encarnar a velhinha de Taubaté. Estou ingressando numa fase zen, tudo é paz e amor. A vida é bela. O Grêmio é imortal.
Até a hora do jogo contra o Fluminense já poderei ser confundido com um monge tibetano.
Nada irá me abalar. Nada irá abalar minha esperança e minha confiança na vitória.
E não estranhem se me encontrarem repetindo,em voz baixa mas firme, o mantra do torcedor:
– Vai dar certo, vai dar certo…
SUGESTÃO DE PAUTA
Os mesmos jornais que ignoraram o bate-boca do técnico Dunga com um torcedor no domingo, talvez se interessem em conferir o que está saindo na mídia do centro do país. Quem sabe até procurando ouvir as partes citadas, como manda o bom jornalismo.
http://www.blogremio.blogspot.com.br/2013/02/jornalismo-de-verdade-vai-atras-da.html
O mesmo material está sendo publicado em outros blogs, como o cornetadorw.blogspot.com.br