Os raios de sol que clareiam este domingo – pelo menos no horário em que escrevo – ajudaram também a iluminar um pouco o nebuloso caso Arena.
Eduardo Antonini deu entrevista à rádio Gaúcha no final da manhã.
Foi esclarecedor, e também preocupante, para não usar adjetivos mais assustadores.
Há tempos estou convencido de que houve muita mentira e/ou meias verdades quando o projeto Arena/Implode Olímpico começou a ser ‘vendido’.
Dizia-se, por exemplo, que o custo de manutenção do Olímpico era muito elevado e que seria reduzido drasticamente na Arena. Olha, assim à distância, me parece exatamente o contrário. Mas isso é um detalhe, que só lembro agora a título de exemplo de quanta coisa foi dita e omitida durante todo esse processo.
Antonini, principal executor do projeto, sucedido depois por Adalberto Preis, começou dizendo que ‘é preciso pensar daqui para a frente’, e esquecer o passado.
Mas como ignorar o passado se tudo o que está acontecendo agora é resultado do que foi feito nesses anos todos?
Revelação importante: não há aditivo para esse processo de migração que custa aos cofres do Grêmio 41 milhões de reais por ano.
Segundo Antonini, o contrato estabelece que a OAS deve ser indenizada por qualquer desconto ou benefício que o Grêmio der ao associado.
Assim, em maio de 2012, foi apresentada ao Conselho Deliberativo a solução para a migração, que é a que vigora hoje e que praticamente deixa o clube sem fluxo de caixa.
Não houve votação porque não era tema para votação, segundo Antonini, citando decisão nesse sentido do presidente do CD, Raul Régis.
Agora a novidade, ao menos para mim: essa solução para “acomodar sócio” tem prazo de validade: um ano. Depois, pode ser alterada. Pode ser encontrado outro mecanismo para ressarcir a OAS. Menos mal.
Seria o caso de antecipar essa alteração.
Antonini disse que os problemas estão acontecendo porque é um ano especial, com “despesas extraordinárias que apertam o caixa”.
Ninguém havia alertado de que isso poderia ocorrer. Era tudo maravilhoso, um sonho, um novo tempo. Está provado que o caminho ao paraíso é coberto de pedras e espinhos, além de armadilhas e falsos atalhos.
Sobre os 65% do faturamento que devem voltar ao caixa – após deduzidas despesas -, Antonini fez a revelação mais importante e bombástica:
Nos primeiros sete anos – aí ele falou algo sobre o período de custos relativos ao financiamento – grande parte do dinheiro sai como despesa, restando pouco para o clube.
Sete é um número cabalístico. Sempre me faz lembrar a Bíblia com ‘os sete anos de vacas magras…’
Quando se ‘vendia’ a história dos 65% que voltam ao clube, ninguém esclareceu esse detalhe ‘insignificante’ de que o retorno se dará bem mais adiante.
Agora entendo a preocupação, quase desespero, que tomou conta da diretoria atual.
Não tenho dúvida, contudo, que Fábio Koff e seus companheiros saberão encontrar uma saída para essa enrascada. Aliás, é PRECISO encontrar uma saída.
Eduardo Antonini encerrou assim a sua entrevista: precisamos encontrar uma solução para oxigenar as finanças.
Temos, então, que a pílula realmente não é tão dourada como se dizia.
GERDAU
O empresário Jorge Gerdau criticou o governo Dilma pelo excesso de ministérios e secretáriass, 39, um recorde talvez mundial. Afinal, é preciso acomodar a companheirada e os novos ‘amigos’:
– É burrice, irresponsabilidade ou loucura.
Acho que a definição cabe também para todo esse processo envolvendo OAS e Grêmio.
Há quem diga que cabe mais um adjetivo em toda essa história da Arena…