O Grêmio entregou o primeiro turno para o Inter. Não sei quem decidiu, se foi o treinador sozinho, a direção. Enfim, asfaltou o caminho para o rival maior ao escalar reservas sem necessidade.
Até agora encontro colorados convencidos de que Luxemburgo pipocou, teve medo de perder a disputa contra o noviço Dunga.
Agora, o Grêmio corre atrás, não do prejuízo como insistem alguns locutores quando determinado time está perdendo e precisa lutar para reverter. O Grêmio corre atrás do lucro.
Mas corre a passos de tartaruga baiana, com todo respeito aos baianos, e nada pessoal.
Ao empatar com o São Luiz e depois vencer nos pênaltis, o Grêmio deixou de decidir com o Juventude na Arena, perdendo uma boa grana. E ainda tem a desvantagem técnica.
Quando o jogo terminou no 0 a 0, eu confesso que larguei. Se Luxemburgo largou no primeiro turno, por que eu não posso jogar a toalha agora?
Melhor cair fora de uma vez do Gauchão para ficar só com a Libertadores do que ficar imaginando que é possível tirar o título do Inter com esse time que passa 90 minutos sem exigir uma grande defesa sequer do goleiro adversário. E o goleiro adversário não joga no Barcelona, no Chelsea, no Huachipato. Não, o goleiro joga do São Luiz.
O nome do goleiro: Oliveira. Prestei atenção nele quando cruzou com Dida. O Oliveira que me irritou fazendo tempo desde o primeiro minuto e que só levou o amarelo em função disso na metade do segundo tempo. Olhei para aquele rosto castigado, sofrido, e senti pena do Oliveira. Imaginei qual seria o seu salário, as dificuldades de jogar em clubes pequenos, de sustentar uma família.
No duelo com o goleiro vitorioso, milionário talvez, confesso que torci para o goleiro sofrido, quase heróico, que fez de tudo para evitar o gol do Grêmio. Fez o seu trabalho com muita dignidade. Se não foi punido logo no começo é por culpa do sr. Daronco. Oliveira fez a sua parte.
O mesmo não posso dizer do time gremista que o sr Luxemburgo não consegue ajustar. Nos últimos seis jogos, três gols. Um deles, contra.
Contra o São Luiz, foram raras as chances de gol. Comparando com o Inter domingo: o goleiro Eduardo Martini foi o destaque do jogo, fazendo grandes defesas. O Inter penou, sim, mas atacou e criou chances de gol.
A melhor chance do Grêmio foi aos 34 minutos, quando o excelente Guilherme foi ao fundo em jogada individual e cruzou para a área. Mamute – que está mais fininho mas continua sem mostrar talento maior a não ser o de ter Machado como empresário – dominou e teve lucidez para encostar para Kleber, quase dizendo: faz.
Kleber não fez. Foi a grande chance do Grêmio em todo o jogo, com a bola sendo desviada por um zagueiro.
O Grêmio, nesse momento, estava com um jogador a mais em campo. Um jogador a mais. O Grêmio seguiu jogando um futebol sem criatividade. Pressionou mais, mas sem organização.
Depois, nos pênaltis, a classificação. O jogo contra o Juventude será no Jaconi. Tivesse o Grêmio vencido, seria na Arena. Domingo à tarde?
Claro que não. A FGF decretou que a torcida do Grêmio poderá ver jogos do Gauchão em todos os dias e horários da semana, menos nos domingos à tarde. Nem mesmo nos sábados à tarde.
Por que? Difícil explicar, de entender, de aceitar. É muita restrição contra a Arena. É proibição de ocupar 9 mil lugares de arquibancada, de entrar com charanga, de tirar a camisa pra festejar.
É tanta proibição que o Grêmio parece acreditar que também é proibido jogar bom futebol em sua Arena.