O ataque de Sant'Ana e o livro do Rei

Algumas pessoas ainda conseguem me decepcionar mais do que já decepcionaram. Roberto Carlos, por exemplo. Tempos atrás, o ‘rei’ que embalou parte da minha vida e foi um companheiro solidário diante de desilusões amorosas com suas canções – como esquecer os ‘detalhes tão pequenos de nós dois’? – retirou do mercado um livro sobre sua vida, um livro que era antes de tudo uma homenagem.

Foi uma decepção. Agora, outra. Ele acionou seu advogado para impedir a circulação um livro sobre a Jovem Guarda, movimento que ele parece desprezar já que não participou de gravações com seus antigos colegas de programa, alguns deles com dificuldades financeiras.

O volume é resultado de uma tese de mestrado de uma admiradora. Motivo da ação: há uma caricatura de RC na capa ao lado de outros da turma. A autora não teria pedido autorização para usar a ‘imagem’ do cantor. Se fosse uma foto, ainda assim seria uma iniciativa ridícula, autoritária.

Já outras pessoas não me decepcionam mais, porque delas nada mais espero. Por exemplo, o colunista Paulo Sant’Ana quando se mete a falar de futebol, em especial do Grêmio. Sobre outros assuntos, como saúde pública, ele é imbatível. Gosto também quando ele se manifesta contra a Copa do Mundo no Brasil. Agora, quando o assunto é Grêmio…

Se dependesse dele, o Grêmio não teria conquistado o Brasileirão de 1981. Ele fez de tudo para afastar o técnico Ênio Andrade e o goleador Baltazar. Poderia citar outros exemplos desse tipo, mas fico por aqui. É claro que algumas vezes ele foi útil ao Grêmio, isso também é inegável.

O problema é que agora ele não poderia ser mais nefasto aos interesses do clube que ele realmente ama. Em sua coluna e em seus espaços no rádio, ele acusou Luxemburgo de não trabalhar, chegando a usar a palavra ócio.

Ora, tudo o que o Grêmio não precisa neste momento difícil é um colunista do porte de Sant’Ana atacar o treinador, que, na verdade, é trabalhador, cobra dos jogadores, dentro do seu estilo. Há quem goste de treinador ‘trabalhador’ que ofende os jogadores com palavrões de forma acintosa, conforme já foi gravado inúmeras vezes.

Sant’Ana diz que foi informado por um colunista que o técnico não trabalha, não treina, por exemplo, cruzamentos em dias de jogos. Se é verdade que um setorista disse mesmo isso, estaríamos diante de um caso de desonestidade profissional, porque se trata de uma inverdade.

Como eu conheço todos os setoristas, só posso atribuir tudo isso a um excesso de Sant’Ana na ânsia desesperada de tentar ajudar o Grêmio ao seu jeito que, como já vimos outras vezes, nem sempre é o mais acertado.

ARENA

O que deveria ser motivo de orgulho de todos os gaúchos, se transformou num pesadelo tudo por culpa da inveja.