O Gauchão entra para a história como o mais exótico de todos os tempos.
Aconteceu de tudo. Só faltou dançar homem com homem e mulher com mulher. Ou não faltou?
Aquele abraço forte de um juiz no D’Alessandro pra impedir que o baixinho invocado se metesse numa briga – e acabasse expulso – até pareceu uma tipo de dança.
Não tem nada a ver, mas isso me faz lembrar o Luxemburgo, que gosta de fazer gracinha como se viu no Chile. Em 2006, Santos 1 x 3 São Paulo, Luxemburgo brincou que estava sendo paquerado por um juiz, Rodrigo Cintra. “O juiz apitava e olhava pra mim em toda a falta que marcava. Ele não parava de olhar. Eu não sou veado. Talvez seja pela minha camisa rosa”, disse o atual técnico do Grêmio após a derrota.
Resultado: indenização de 50 mil reais. Não faz nem cosquinha (cócegas pra quem não conhece essa palavra dos tempos dos meus avós) no bolso dele. Mas que incomoda, incomoda.
Feito esse aparte nada a ver, volto ao exotismo do Gauchão.
Para começar, é inaceitável que a FGF não tenha tomado o cuidado de marcar ao menos um jogo do campeonato num domingo à tarde, ou sábado, no estádio mais majestoso e imponente da América Latina e que está alojado em território sob sua jurisdição.
Tenho dificuldade para entender por que o Grêmio só jogou à noite em sua Arena quando o certo era a FGF privilegiar o local até como jogada de marketing desse campeonato que, apesar do marketing e da grana da televisão, continua sendo uma caravana da miséria.
Só o grande Lupicínio Rodrigues – em seu clássico Nervos de Aço – talvez possa explicar o sentimento do presidente da FGF – e muitos outros da praça – diante da Arena:
“Eu não sei se o que trago no peito. É ciúme, é despeito, amizade ou horror. Eu só sei é que quando a vejo. Me dá um desejo de morte ou de dor”.
Mas a coisa não termina aí. Vamos pra dentro de campo:
– o técnico Dunga reclama acintosamente da arbitragem, é expulso, insinua que existe armação contra ele, e recebe de ‘punição’ o pagamento de cestas básicas – algo inusitado nesse campeonato marcado pelo exotismo.
– em outro jogo, D’Alessandro se mete em confusão, e isso nada tem de inusitado, e é salvo pelo juiz do jogo, que decidiu abraçar o argentino para impedir uma provável troca de socos, pontapés, etc. Quer dizer, o juiz, sem querer, claro, evitou assim que fosse obrigado a expulsar o novo líder do vestiário colorado.
Infelizmente, para D’Alessandro e o Inter, acima do Mampituba não existe essa camaradagem. Em seu primeiro jogo fora do RS, D’Alessandro foi expulso depois de trocar ‘afagos’ com um jogador de um poderoso time acreano. Aqui, passou o campeonato todo sem um cartão vermelho sequer, embora tenha feito por merecer.
– Por falar em cartão vermelho, o Inter disputou todo o campeonato sem que um jogador seu fosse expulso – já seus adversários não tiveram a mesma sorte.
Imagino que seja um recorde, talvez mundial. Penso até que seja o caso de inscrever essa façanha no Guiness. Sugiro, ainda, que o Inter exija o troféu fair play da federação amiga.
– Quando eu penso que com o apito final em Caxias do Sul no clássico Inter x Juventude o Gauchão mais excêntrico de todos os tempos acabou, eis que surge a notícia de que o lateral Gabriel não assinou a súmula.
E tudo indica que vai ficar por isso mesmo.
Nada que mais uma cesta básica não resolva…