A quem culpar? Preciso de alguém para culpar pela eliminação. Os foguetes da enorme comunidade colombiana que de repente apareceu em Porto Alegre não param de explodir nesta noite fria.
Estranhamente não sinto raiva. Só um sentimento de frustração, porque porque o meu lado emocional acreditava na vitória, na classificação, e até delirava na expectativa de um tri da Libertadores.
Já o meu lado racional há muito tempo previa que o resultado seria este: a morte no meio do caminho.
O Grêmio não jogou mal. Jogou o que vem jogando em média neste ano. Teve alguns raros momentos de um futebol reluzente e outros tantos de um futebol nada condizente com a qualidade individual da equipe.
Então, nenhuma surpresa. E isso é triste. Perder sem poder culpar o goleiro adversário por ter feitos defesas milagrosas; perder sem poder responsabilizar a arbitragem, por estar na gaveta ou por ser incompetente; perder sem poder cobrar dos atacantes uma série de gols perdidos; perder sem poder xingar o técnico que substituiu errado.
Enfim, quando não há ninguém especificamente para culpar pela derrota por 1 a 0 diante do Santa Fé é um indício de que o fracasso aconteceu ao natural, consequencia de um equívocos sucessivos que resultaram nisso: a eliminação.
Não dá nem para lamentar muito porque o Santa Fé jogou melhor. Poderia ter marcado seu gol bem antes não fosse Dida. Sim, o criticado Dida fez pelo menos duas defesas monumentais. Uma delas, pouco antes do gol colombiano, dificilmente outro goleiro em atividade faria.
Então, não dá também para culpar o goleiro. Pelo contrário.
Mas eu preciso encontrar um culpado. Poderia apontar a dupla de área que foi envolvida no gol colombiano e que em outros lances do jogo mostrou fragilidade.
Mas aí seria preciso responsabilizar também, por questão de justiça, os meias que quase nada criaram e os atacantes que pouco concluíram. Quem sabe culpar o Vargas, que perdeu o gol no minuto final?
Se é difícil apontar um ou mais culpados pela derrota nesse jogo na altitude – aliás, o time resistiu muito bem no aspecto físico -, não há maiores problemas para indicar o responsável pela trajetória vacilante e irregular da equipe nesta temporada: Vanderlei Luxemburgo.
Além de não ter conseguido dar um padrão de jogo ao time, Luxemburgo é quem trouxe o zagueiro Cris. E, como se sabe, Cris foi expulso no jogo em Porto Alegre após fazer um pênalti absolutamente dispensável, que resultou no gol dos colombianos.
O gol que tornou mais fácil a vida do Santa Fé e que, no final das contas, resultou em sua classificação.
Não fosse Cris, o Grêmio teria vencido por 2 a 0 ou até mais, porque não ficaria com um jogador a menos, e hoje estaria classificado o modesto Garcilasoper.
Chego ao final dessas linhas sem encontrar um culpado pela derrota na Colômbia, mas sem nenhuma dúvida de que o maior culpado pela eliminação prematura é o treinador Luxemburgo.
Já a minha culpa foi ter permitido que a emoção dominasse a razão. Foi ter acreditado no título mesmo tendo escrito já faz tempo que o Grêmio com Luxemburgo no comando não seria campeão da Libertadores.
Mas, o que fazer? No futebol, a emoção sempre fala mais alto.
Vem aí a Copa do Brasil e o Brasileirão. A vida continua.