Para quem está acostumado a perder na Vila Belmiro, o empate por 1 a 1 no sábado até foi um bom resultado.
Segue valendo a receita ‘vitória em casa, empate fora’ para ficar na ponta de cima da tabela.
Agora, se um clube ambiciona algo mais, é fundamental obter vitórias também fora. E o jogo contra o Santos sem Neymar e Muricy seria para somar três pontos, mesmo considerando o fator local.
Por isso, um sentimento de frustração com o empate e a sensação de ter perdido dois pontos, não de ter ganho um, o que em condições normais – Santos completo – seria ótimo.
Se a frustração fosse apenas pelo resultado, até seria mais suportável. O problema é que o Grêmio comandado pelo consagrado Vanderlei Luxemburgo continua jogando uma bolinha de dar dó.
Afora alguns lampejos de Vargas, Zé Roberto e Elano, o Grêmio reafirmou suas característica de time que parece não ter sangue correndo em suas veias.
A cada jogo, o que se vê é um grupo de jogadores cumprindo sua obrigação como o funcionário que bate o ponto, faz a sua parte sem olhar para o colega do lado, sem se envolver realmente com o trabalho, cumpre o horário e vai embora contando os dias para pegar o contra-cheque no final do mês.
É assim que eu vejo esse Grêmio do Luxemburgo: um time de profissionais corretos, alguns até interessados e mais esforçados, mas a maioria sem envolvimento com a causa da ‘empresa’.
Fora isso, é inegável que alguns desses profissionais não são tão eficientes no cumprimento de suas funções.
Então, a meu ver, está cada vez mais claro que além de falta de qualidade individual há um comando débil, que até agora se mostrou incapaz de mobilizar os profissionais para atingir as metas traçadas.
O grupo não é o ideal, mas está no nível dos demais grandes clubes. Portanto, um comando mais ativo, mais agregador, mais focado, com certeza teria condições de extrair mais de cada profissional.
Em resumo, o Grêmio está precisando de um choque de gestão no futebol.
INDIVIDUALIDADES
Dida: sem culpa pelos gols que vem sofrendo e não pode ser condenado por não defender pênaltis; o que está acontecendo não passa pelo goleiro, assim como não passava por Marcelo Grohe e Victor.
Pará: é um jogador esforçado, útil, que até poderia ser titular de uma equipe melhor organizada e compenetrada, o que não é o caso do Grêmio desde a campanha com Renato Portaluppi no Brasileirão de 2010;
Werley: um zagueiro eficiente pedindo um companheiro no mínimo de seu nível;
Bressan: zagueiro jovem que está dando uma resposta boa, mas ainda não à altura de titularidade;
Alex Telles: outro jogador jovem, com enorme potencial, mas que corre o risco de se perder, assim como outros, se o time continuar desorganizado e pouco unido em campo;
Temos, então, uma defesa instável, inexperiente. É preciso contratar ao menos um grande zagueiro, um Lugano, alguém para colocar ordem na cozinha.
Adriano: um volante correto, bom marcador, interessado e brigador.
Souza: é outro que está se perdendo num esquema se não se firma e que acaba prejudicando individualidades;
Elano: a impressão que ele passa é de ser o típico funcionário se limita a fazer a sua parte, sem maior envolvimento, sem dar aquele 110% necessário muitas vezes.
Zé Roberto: joga mostrando indignação diante dos erros que vê em seu entorno. Luta muito, se entrega, joga quase todo o tempo acima dos 100% de aplicação. Mas é um só.
Barcos: é outro que faz a sua parte, o resto não é com ele. Quem o viu no Palmeiras sabe que ele joga muito mais do que vem jogando. A continuar assim, deve ir para a reserva buscar a motivação e o entusiasmo que se perderam logo após a sua estreia.
Vargas: driblador, atrevido, ligeiro. Enfim, um atacante perigoso, mas estou cada vez mais convencido de que está muito próximo de ser mais um peladeiro. Agora, num esquema mais ajustado e com um Barcos mais participativo e eficaz, ele pode render mais. Sábado, ele driblou dois e quando podia recuar a bola para Kleber que vinha de trás, livre, chutou de esquerda, muito mal. Coisa de jogador fominha e peladeiro.
A conclusão é que o time precisa de reforços, que podem encontrados na base, mas não mais no Juventude. Um clube de terceira divisão não pode ser transformado em principal fornecedor do Grêmio.
INTER E A LIPOASPIRAÇÃO
Se o Grêmio merece críticas pelo que jogou no empate com o Santos, o que resta ao Inter?
Perder em seu reduto para um dos mais fortes candidatos ao rebaixamento é algo muito próximo de um vexame.
Os colorados que aqui neste espaço gorjeiam quando o Grêmio vai mal, hoje silenciam como sabiás envergonhados e, o que é mais importante, preocupados.
A tal projeção de acumular gordura nas primeiras rodadas contra adversários fracos – o próximo é a Portuguesa – sofreu uma rápida lipoaspiração.
O Inter chegou a estar perdendo por 2 a 0 para o modesto time do Bahia. Um time modesto com um treinador que merece muita atenção, o Cristóvão.
Muriel falhou no segundo gol. Mas o que dizer da zaga tão festejada no Gauchão. Foi só melhorar um pouco o nível dos adversários, e de arbitragens longe da influência de Noveletto, para que problemas aflorem ao natural.
A rodada termina com gremistas e colorados preocupados.
SELEÇÃO
Já escrevi e repito: Felipão repete o erro de Mano. Escala um time faceiro. O Brasil vive uma crise de valores individuais. Por isso, o mais sensato, é armar um meio de campo forte na marcação com alternativas para jogar em velocidade nos contra-ataques.
Se Felipão continuar traindo sua biografia de técnico que sabe armar sistema defensivo como poucos vai seguir rumo ao abismo, e com ele a Seleção.