Um Grêmio monolítico e germânico

Foi rigoroso o tribunal carioca ao punir Vargas com quatro jogos. Assim como foi rigoroso o bandeira que informou ao árbitro ter visto uma agressão de Vargas no jogo em Criciúma.

Vargas não teve a sorte de D’Alessandro. O juiz não foi como Fabrício Carvalho que protegeu o argentino de si mesmo ao envolvê-lo num caloroso e fraternal abraço. E o tribunal carioca não teve a preocupação do tribunal gaúcho com a fome dos carentes ao ‘punir’ Dunga com o pagamentos de cestas básicas que nem cócegas fizeram no bolso do treinador, que denunciara publicamente um complô da arbitragem contra ele.

Coincidência ou não, o Inter terminou o Gauchão campeão e sem um jogador sequer expulso. Recorde digno do Guiness.

CRISE E OPORTUNIDADE

O fato é que Vargas está fora – por lesão e por punição, que espero tenha algum efeito em seu comportamento pouco profissional. Está fora também o Zé Roberto.

Apesar de bons jogadores, eles não estão resolvendo absolutamente nada.

Por isso, é difícil que o time consiga jogar pior do que vem jogando.

Lamento a ausência principalmente de Zé Roberto. Vargas nem tanto, porque ele não demonstra ser um jogador comprometido, responsável, apesar de possuir uma qualidade que prezo muito: o drible. É bem verdade que seus dribles não estão resolvendo absolutamente nada, mas ao menos ele tenta e por vezes acerta. Seria uma alternativa importante para Renato Portaluppi.

São em situações difíceis como essa que podem surgir grandes soluções. Renato terá de descobrir a forma de vencer um Inter completo, numa Arena lotada de gremistas, um trunfo que pode se tornar um pesadelo.

Afinal, 12 anos na fila por um título de expressão torna os torcedores pouco tolerantes e compreensivos.

O mínimo que o torcedor exige é doação, entrega, garra. Enfim, um time com alma, sanguineo, indignado, vibrante. Não essa coisa amorfa e gosmenta em que se tornou sob o (des)comando de Luxemburgo.

Um Grêmio assim até pode prescindir de um ou dois de seus talentos.

Cabe a Renato organizar um time que seja capaz de compensar essas perdas técnicas com jogadores com maior imposição física e vigor para enfrentar as agruras do Gre-Nal.

Falam no uruguaio Maxi. Considero arriscado demais começar com um jogador que nem foi realmente testado. Lembro do que houve com Bertoglio num Gre-Nal.

Eu começaria com um jogador já testado e curtido em Gre-Nal: Souza. Sim, minha índole defensivista aflora em momentos assim. Começaria com três volantes. Adriano proibido de cruzar a linha do meio de campo, e Riveros e Souza marcando e atacando. Mais solto, Elano.

Ah, importante: eu colaria um volante em D’Alessandro. Ninguém suporta uma marcação homem a homem, uma sombra o tempo todo. Ainda mais alguém explosivo e nervosinho.

O que eu quero dizer é que o Grêmio vai para o jogo inferior em termos de individualidades. E precisa assumir isso. Primeiro, neutralizar o adversário. Depois, avançar sobre o campo inimigo e buscar o gol.

Esperar um Grêmio veloz, com saída rápida da defesa para o ataque, é delírio. Se não aconteceu até agora, não será no Gre-Nal que isso pode ocorrer.

Portanto, o melhor é um Grêmio monolítico, germânico e mortal nos poucos golpes que um time assim consegue desferir.

No Brasil, o que mais se assemelha a esse Grêmio que projeto é o Corinthians.

Acho que isso significa alguma coisa.

INTER

O técnico Dunga está longe de ter os problemas de Renato, que tenha administrar a herança maldita que recebeu.

O Inter é um time melhor entrosado. Que tem a volta de D’Alessandro, seu mestre, seu maestro, sua estrela-guia.

Na frente, dois goleadores, Damião e Forlan – opostos de Kleber e Barcos.

Além dos mais, a motivação que faltou em Recife na goleada por 3 a 0, vai sobrar na Arena.

Será um grande jogo.

ARBITRAGEM

Espero que o árbitro Fabrício tenha em mente que o jogo não é de Gauchão, que não vale abraçar jogadores que queiram brigar, porque isso pode determinar o fim de sua carreira na CBF. Esse tipo de procedimento só é tolerado em âmbito regional. As expulsões, dos dois lados, também estão liberadas.

Desejo ardentemente que Fabrício tenha a melhor atuação de sua vida.