Mais do que vencer, o Grêmio não podia perder em Salvador. Uma derrota, e a marola contra Renato, Koff e Rui Costa se transformaria numa onda, num tsunami. Por isso, Renato tratou de armar um esquema primeiro para não perder; depois, para especular um golzinho.
Se eu gostei do que vi no primeiro tempo? Claro que não. Acho que Renato radicalizou. Poderia ter mais um meia para ajudar Elano. O Guilherme Biteco ou, de preferência, o Maxi Rodriguez. Mas exercitei minha tolerância ao nível máximo. Fiquei ali meio deprimido, meio esperançoso, acreditando que o Grêmio voltaria melhor para o segundo tempo, um pouco mais ousado, sacando um volante.
Renato, aquele não conhece nada segundo os ‘bois cornetas’, mudou não mudando. Adiantou a marcação e começou a chegar à área do Bahia, o que não aconteceu no primeiro tempo. Eu me perguntava se até o fim do jogo o Grêmio chutaria uma bola em gol. O fato é que o Grêmio melhorou no intervalo sem trocar jogadores. Se isso não é mérito do treinador, não entendo mais nada.
O que mais leio e ouço, inclusive de gremistas, é que o Grêmio ganhou por sorte.
Então ficamos assim: quando Grêmio ganha é por sorte; quando perde, é por mala suerte. Esse é o Grêmio de Renato para quem não consegue admitir que Renato, apesar do seu jeitão de ‘coroa de Ipanema’ e de sua fala meio desajeitada, é um treinador tão bom quanto aqueles considerados de ponta e que são festejados até nos fracassos.
Ouvi um veterano analista dizer depois da rodada de hoje, para justificar o empate do Inter no ‘caldeirão’ de Camp Nóia, que Dunga tinha como atenuante o fato de não poder repetir o meio de campo.
E Renato que não consegue repetir o time e perde jogadores importantes como Zé Roberto, Kléber e Vargas?
Curioso, Renato dificilmente recebe comentários assim tão compreensivos.
Pois Renato vislumbrou no momento crítico a oportunidade para colocar em campo a gurizada. E não venham me dizer que ele não tinha outra alternativa. Souza ficou no banco, por exemplo. Jogou Ramiro.
Depois de um primeiro tempo deprimente em termos ofensivos, mas eficiente defensivamente, o Grêmio equilibrou o jogo no segundo tempo com as mudanças de posicionamento feitas por Renato, ressalto.
O Grêmio melhorou. Continuou seguro atrás e passou a atacar. Aos 26 minutos, o árbitro não quis marcar um pênalti em Barcos, que, a meu ver continua parecendo uma tia velha, sem arranque, sem força, sem agilidade e lento. Se o jogo fosse em câmara lenta ele se destacaria. Até minha mulher que não entende de futebol constatou isso. “Como é lento esse jogador’, comentou ela quando Barcos recebeu de Elano para marcar e se enrolou todo.
Bem, ao menos Barcos foi um guerreiro e até fez alguns lances aproveitáveis, o que pode ser um sinal de que ele não é uma fraude como centroavante como está me parecendo.
Agora, o que dizer de Riveros? Enfiou a cabeça numa bola mesmo diante de chuteiras sanguinárias. Ramiro cruzou da direita. Elano apareceu como atacante, tomou a frente do zagueiro e cabeceou na trave. No rebote, Riveros mergulhou corajosamente para fazer 1 a 0. Inacreditável. O Grêmio estava vencendo.
Depois, Maxi Rodriguez invadiu a área, chutou meio desajeitado, a bola bateu no zagueiro, bateu na trave, tomou efeito e entrou. Sinal de que as coisas podem estar mudando, porque normalmente uma bola como essa atravessa a área e não entra. Pois entrou. Aí, sim, sorte.
Elano, sistematicamente criticado por uns e sistematicamente defendido por outros, como eu, cavou a expulsão do zagueiro Titi, que o agrediu e vai pegar um gancho interessante.
Depois, Guilherme Biteco e Matheus Biteco entraram para oxigenar o meio de campo e dar um alento aos gremistas.
Matheus roubou uma bola no meio de campo, avançou com elegância, cabeça erguida. Chegou perto da área e não chutou, como poderia. Preferiu rolar a bola na esquerda para o mano mais velho.
– Toma Mano, faz – , deve ter dito mentalmente. E Guilherme aproveitou o presente: 3 a 0.
Como tem ‘sorte’ esse Renato!
CRISTÓVÃO
Quando li na ZH uma reportagem de DUAS páginas com o treinador do Bahia, o Cristóvão, estranhei. Achei demais para um técnico que ainda não provou nada no futebol, embora seja promissor.
Interpretei como um sinal: quando eles enchem a bola de alguém, sempre dá gol contra.
O pé-frio funcionou novamente.
O CALDEIRÃO
O modesto estádio do NH foi apelidado de ‘caldeirão’ pelos mais apressados. Não funcionou. Claro que o gol em menos de um minuto foi um golpe. Mesmo assim, o Inter reagiu e conseguiu o empate a poucos minutos do final. Não vi o jogo, mas li que o argentino Scocco foi bem, mas não empolgou.
Quem deu excelente resposta foi o jovem Otávio, que a 3 minutos do final evitou a derrota colorada.
Otávio, como os irmãos Biteco, promete.