O Grêmio e sua imensa defesa

Depois de ver outro desempenho ofensivamente pífio do Grêmio começo a ficar preocupado.

É fato que os três pontos são o que realmente importa. É sempre melhor vencer jogando feio do que perder jogando ‘bonito’, como analisou tempos atrás do alto de seu despeito o argentino D”Alessandro.

O problema é que se não fosse Dida com duas grandes defesas e uma dose generosa de sorte o São Paulo teria vencido. Sem contar o lance de Kleber, que cometeu pênalti ao erguer o braço direito numa cobrança de falta.

Renato armou um esquema emergencial para o Gre-Nal. Veio uma série de vitórias. A proposta de jogar defensivamente, com marcação forte o tempo todo, deu certo, apesar de que desde então o ataque ter se tornado muito mais útil combatendo o adversário do que criando situações de gol.

O Grêmio, com três zagueiros ou três atacantes, parece ser uma imensa defesa. Começa no goleiro e termina no centroavante.

Eu imaginava que Renato aos poucos começaria a aperfeiçoar o esquema, mantendo a combatividade, mas acrescentando mais qualidade.

Estava convencido de que aos poucos Elano e principalmente Zé Roberto entrariam no time.

É complicado questionar a ideia de três volantes no meio de campo e três atacantes tão dedicados a marcar que mal conseguem entrar na área.

Hoje, no Morumbi, mais uma vez não vi o ‘centroavante’ Barcos dar um chute a gol sequer. Kleber ainda concluiu uma vez, por cima. Vargas agitou bastante e deu umas arrancadas que acabaram resultando em nada.

Numa das raras jogadas tramadas, no segundo tempo, logo após o SP reclamar pênalti de Kleber, Barcos enfiou para Alex Telles, que se esforçou para chegar na bola e fazer um cruzamento primoroso para Vargas mandar para a rede.

Salvo engano, o Grêmio teve 100% de aproveitamento, uma chance, um gol. Já o São Paulo levou muito mais perigo, mostrando que o sistema defensivo armado por Renato é eficiente, mas também vaza.

Então, está mais do que na hora de Renato dar equilíbrio ao time, mantendo marcação forte, mas fazendo com que o ataque produza mais a partir de um toque de qualidade e criatividade na ligação defesa-ataque.

Não tenho dúvida de que o time terá mais equilíbrio com um 4-4-2. Ele pode manter os três volantes de muita pegada, mas com o reforço de Zé Roberto.

Li uma entrevista com o técnico do Cruzeiro, Marcelo Oliveira. Ele considera Zé Roberto o melhor jogador do Brasileirão. Exagero ou não, o fato é que Zé Roberto não pode ficar mais ficar de fora.

Hoje, era jogo para Zé Roberto entrar no segundo tempo no lugar de Barcos ou até de Kleber, sempre muito combativo, mas nada criativo.

Apoiei muito Renato com seu esquema de três zagueiros e três volantes de marcação, um esquema forjado pelas circunstâncias.

Agora, porém, é o momento de avançar tática e tecnicamente.

INTER

O técnico Dunga, demonstrando um certo desespero, mudou demais o time. Sem D’Alessandro, aproveitou para escalar jogadores que andavam esquecidos, como o Alan Patrick. No banco, Forlan, Damião e Scocco, este de fora por uma suposta lesão.

Enfim, uma lambança.

Se desse certo e o Inter vencesse o Cruzeiro, Dunga poderia começar a dar a volta por cima.

Mas, como era de se esperar, a proposta fracassou.

Um dirigente colorado, penso que Marcelo Medeiro comentou que o time entraria focado para não repetir o que aconteceu muitas vezes no campeonato, sofrer um gol antes dos cinco primeiros minutos e depois ter que sair correndo atrás.

E não é que o Cruzeiro marcou logo no começo, aos 4 minutos?

Gol desse volante excelente, o Nilton.

Otávio, escalado de titular no ataque, empatou no minuto seguinte.

Depois, no segundo tempo, o Cruzeiro fez 2 a 1, e se mantém com líder absoluto do campeonato.

No final, vaias para o time e principalmente para o técnico Dunga.

Se o segundo jogo da Copa do Brasil fosse agora, Dunga seria mantido.

Mas como é mais adiante, penso que ele será demitido. É difícil resistir a três derrotas seguidas, sendo que duas delas em casa, diante de sua torcida.

CRUZEIRO

Ainda acredito que o Cruzeiro terá a sua fase de queda no campeonato. A questão é se haverá um concorrente para aproveitar esse momento. Não vejo Botafogo e Atlético PR em condições de ainda disputar o título. Apostaria no Grêmio se Renato conseguisse dar equilíbrio ao time, mas estou na iminência de jogar a toalha.

Grêmio e as crises imaginárias

Parece que está em curso uma tentativa de criar crise onde não há crise: no futebol do Grêmio.

A história com o Zé Roberto não vingou. É natural que um jogador desse porte se mostre irresignado com a reserva. O contrário, sim, é que evidenciaria algo preocupante.

Hoje, o volante Souza, colega de quarto de ZR, afirmou que nunca ouviu qualquer reclamação do companheiro. O próprio ZR tratou de esclarecer o mal entendido.

Então, não tem vestiário rachado.

Diante dessa tentativa frustrada de ‘esquentar’ uma entrevista do ZR, ouvi hoje, dia 27, algo que me causou perplexidade e até um certo constrangimento.

Um colega jornalista, homem curtido e conhecedor de futebol, levantou a suspeita de que os jogadores trazidos e ou indicados por Luxemburgo estariam sendo escanteados por Renato e que isso talvez não fosse coincidência. Essa hipótese explicaria, por exemplo, por que Elano e ZR são banco no esquema atual do Grêmio.

Ainda bem que na hora alguém lembrou que Dida, por exemplo, símbolo maior do período de Luxa pelo fato de ser contratação considera desnecessária na ocasião, segue como titular com Renato.

Também foi lembrado para o referido jornalista que Elano ficou lesionado longo tempo e Zé Roberto era titular até se lesionar, e agora busca recuperar seu espaço, o que irá ocorrer em breve, tenho certeza.

Assim, a marola não virou onda, embora o meu amigo RW, o da cortena, suspeite que ela ainda possa crescer numa ação orquestrada, algo que duvido porque seria uma ação odiosa e desonesta, uma afronta ao jornalismo.

Aqui do meu canto ainda lembro o Pará, este sim com todo o respaldo de Luxemburgo desde os primeiros dias de Grêmio. Pará não só é titular como melhorou sob o comando de Renato.

Enfim, a aparente tentativa de criar um ‘clima’ no Grêmio durou pouco, mas eu sigo aqui tentando buscar uma explicação para alguém levantar esse tipo de questão sem pé nem cabeça.

Um amigo gremista acha que matou a charada: seria para desviar um pouco o foco do técnico Dunga.

Será que é isso mesmo? Ou é apenas coincidência?

Quero acreditar que foi apenas um vacilo ao qual todos nós estamos sujeitos a qualquer momento.

Por via das dúvidas sigo vigilante.

Grêmio melhor que o Inter na CB

O Inter larga em desvantagem na disputa com o Atlético Paranaense. O empate por 1 a 1 e o fato de jogar em casa na volta, torna o time de Curitiba favorito.

É lógico que nada está decidido, mas no mata-mata a vantagem de jogar pelo empate sem gols e ainda por cima com apoio de sua torcida tem muito peso.

Quando o Grêmio voltou de São Paulo com o empate por 0 a 0 com o Corinthians, li e ouvi analistas esportivos avaliando que o resultado seria ruim.

Sou da antiga: no mata-mata, empate fora é bom, ainda mais quando o jogo da volta é em casa.

Um empate com gol, então, seria goleada.

Pois foi o que o Atlético conseguiu em NH. Empatou com gol. Decide em casa sabendo que a vaga é sua se ninguém fizer gol. É, portanto, uma grande vantagem.

Fora isso, o segundo ataque mais positivo do campeonato brasileiro dificilmente vai deixar de fazer um gol numa das piores defesas do campeonato.

As mesmas vozes que consideraram ruim o empate do Grêmio com o atual campeão do mundo, fora, agora dizem que ‘basta uma vitória simples’ para o Inter se classificar.

Essa afirmação não se sustenta pela realidade dos números.

Não disseram o mesmo em nenhum momento em relação ao Grêmio, que decide em casa, ao contrário do Inter, que ainda por cima jogará pressionado pela necessidade de fazer um gol.

Quer dizer, um prato feito para o rápido ataque do Atlético.

Aliás, no primeiro tempo, o goleador do campeonato, Éderson, perdeu uma das chances de gol mais claras que vi nos últimos anos. Ele ficou frente a frente com o goleiro, bola dominada, tranquilo, podia escolher o canto. E chutou para fora, rente à trave.

O Grêmio, portanto, vai para o segundo jogo em condições melhores que as do Inter.

Qualquer coisa diferente disso atribuo ao fanatismo, que cega e desvirtua os fatos.

Agora, sem dúvida, o caminho dos dois clubes gaúchos é árido e espinhoso, porque também não será fácil vencer o Corinthians mesmo na Arena.

CORNETA

O RW anuncia para hoje a composição do banco de reservas da tal IVI, que até camiseta já tem.

Parece que há um ‘azul’ nesse banco. Confira em cornetadorw.blogspot.com.

ELEIÇÃO

Não vou votar na eleição para o CD do Grêmio.

Nosso amigo Demian está concorrendo. Se fosse votar, votaria nele, que se mostra um gremista combativo.

Grêmio decide vaga na Arena

Grêmio e Corinthians protagonizaram um grande duelo. O empate por 0 a 0 foi justo. O Corinthians levou algum perigo no primeiro tempo; no segundo, foi a vez do Grêmio.

Os dois times são muito parecidos. Tão fortes na marcação, na briga incansável pela bola, que até esquecem de que futebol também é arte.

O empate deixa tudo indefinido para o jogo da volta. É a vez de a Arena fazer a diferença. A Arena terá de, pela primeira vez, rugir de forma a intimidar o adversário e tornar gigante cada um dos jogadores do Grêmio.

A gente sempre espera a vitória, mas é preciso considerar que o Corinthians tem um grande time, um grande grupo. Um grande técnico. Um grande poder político.

Neste aspecto, grande atuação do árbitro. O melhor em campo. Fosse outro, talvez se mostrasse mais simpático ao time paulista.

Destaco também o técnico Renato Portaluppi. Fez o que eu esperava dele: diante da impossibilidade de contar com Saimon, tendo como alternativo um guri da base sem qualquer experiência, optou por alterar o esquema. Sacou um zagueiro e colocou Vargas.

Eu preferia o Zé Roberto, mas Renato fez com que Vargas fosse um incansável combatente ao lado de Kleber, recuando para marcar com toda a disposição. Barcos mais adiantado, mas também ajudando na marcação.

No segundo tempo, Renato adiantou essa marcação, e foi aí que conseguiu ameaçar o goleiro Cássio, que é, pra mim, o melhor goleiro do país, disparado.

Renato está provando que amadureceu e que não perde pra ninguém em termos de tática e estratégia.

No duelo com Tite, o melhor treinador brasileiro depois de Felipão na minha opinião, Renato não ficou nada a dever, pelo contrário.

O objetivo era não perder. O Grêmio não perdeu e até teve chances de vencer no segundo tempo, quando Dida quase não trabalhou.

Além de Renato e do árbitro, destaco o atacante Émerson, muita qualidade, um perigo constante.

Pelo Grêmio, Souza foi um gigante ao lado do PGV, o Ramiro. Na zaga, Rodolpho e Bressan foram quase perfeitos. Bressan deu duas vaciladas no primeiro tempo, mas depois foi decisivo em alguns lances.

Está provado que o ponto forte do esquema de Renato não são os 3 zagueiros, mas sim os 3 volantes que marcam com pittbulls famintos e ainda sabem jogar.

Os dois alas atuaram mais com laterais, indo pouco ao ataque até para não abrir espaços atrás, já que o time estava com apenas dois zagueiros.

Na frente, Barcos foi útil taticamente, mas continua devendo se considerarmos que ele é para ser o centroavante, o cara que define, que chuta, que cabeceia, que conclui, enfim.

Kleber foi o melhor do ataque. Vargas mexeu pra lá, mexeu pra cá, mas pouco produziu realmente, até porque o Corinthians posiciona sua defesa mais atrás, o que contribui para neutralizar os velocistas.

De qualquer modo, Vargas impõe respeito. Por isso, acho que Renato errou ao tirá-lo do time para colocar o jovem Paulinho, que é bom, mas ainda inexperiente. Paulinho parece ser uma espécie de amuleto de Renato.

Penso que o importante mesmo era não perder. Antes do jogo, eu disse que assinaria por um empate de 1 a 1.

Ficou no 0 a 0. Como os dois times são muito parecidos, o mesmo placar pode se repetir na Arena, e tudo acabar nos pênaltis.

Destacando, ainda, que Renato saiu dos 3 zagueiros para os 3 atacantes e o time continuou forte defensivamente e pouco produtivo no ataque.

Esquema bom é o que vence

Esquema bom é o que vence.

A frase é do Renato, defendendo o esquema com 3 zagueiros e 3 volantes que implantou muito mais por necessidade do que por convicção.

Em sua primeira passagem pelo Grêmio, ele jogou com 4-4-2 e se deu muito bem, inclusive sendo muito mais ousado taticamente, com alterações que deixavam o time mais ofensivo e atrevido no decorrer de alguns jogos e que, confesso, me assustavam. Mas davam certo.

Esquema bom é o que vence. Concordo.

Espero que Renato continue pensando assim. Se for este o caso, ele vai mudar o esquema, um esquema que defendi enquanto vencia, apesar de saber que algumas vitórias foram obtidas com pitadas generosas de sorte e em função de atuações muito seguras do goleiro Dida.

Espero que Renato e o pessoal da diretoria saiba por que venceu e também por que o time começou a patinar no campeonato.

Mesmo em seus melhores momentos, aquela sequencia de vitórias, o Grêmio ficou devendo qualidade. Uma qualidade que agora está mais evidente.

Se antes o trio de zagueiros bem protegidos por um trio de marcadores dava conta do recado, agora é diferente.

Sem seu melhor zagueiro, Werley, a zaga já não é mais tão eficiente. O goleiro Dida também andou vacilando e não salvou os gols que antes evitou. Afinal, água fria em pedra dura…

Agora, com apenas 3 zagueiros para escalar, sendo que um deles, Saimon, está meio adoentado, Renato deveria pensar numa alternativa para que sua convicção recente não se confunda com teimosia.

Não adianta Renato ficar repetindo como papagaio que ele está com no G-4. Outros já estiveram na ponta de cima e caíram. Nem precisamos ir tão longe.

Renato é inteligente, mas não tanto quanto ele pensa que é do alto de sua auto-estima.

Sinceramente, não sei se Renato sabe por que conquistou apenas dois pontos em nove. A seguir nesse ritmo, o G-4 logo ficará na saudade.

O esquema deu certo, mas agora está vazando. O sistema defensivo ainda se mantém em bom nível, mas a um preço muito elevado: a inoperância ofensiva.

O time cria poucas situações de gol. Cobra-se mais chutes a gol de seus atacantes, mas como exigir isso se poucas vezes a bola fica à feição para o arremate?

O esquema atual depende muito dos alas, já que os volantes titulares não são criativos, tem pouca capacidade de drible e estão mais preocupados mesmo é em marcar o adversário.

A questão é que os alas gremistas, que até aparecem seguidamente na frente, cruzam muito mal.

O blog cornetadorw aponta isso. Alex Telles tem um péssimo aproveitamento nos cruzamentos. O mesmo em relação a Pará.

Até escrevi outro dia que os dois parece terem combinado: tu cruza pra mim e eu cruzo pra ti.

Na área ficam os atacantes e algum volante ou zagueiro esperando a bola, que passa sempre muito acima de suas cabeças.

Então, o que fazer? Qualificar o meio de campo. Se não tem zagueiros suficientes e com melhor qualidade, troca-se um zagueiro por um jogador mais talentoso. Pode ser Zé Roberto ou Elano, que jogam como volantes, mas que sabem trabalhar melhor a bola para armar jogadas para Barcos e Kleber.

Penso que o time não terá perda significativa em termos de marcação, agregando experiência e técnica. No caso de Elano, uma bola parada que pode ser decisiva.

Outra coisa: Renato não pode esperar tanto tempo para colocar em campo um jogador como Vargas se o time estiver com muita dificuldade ofensiva, que tem sido corriqueira nos jogos.

Nesse jogo contra o Corinthians, um time que marca tão bem quanto o Grêmio, mas ataca melhor, é preciso mesmo manter esses volantes que marcam forte, como Souza, Ramiro e Riveros. Afinal, um empate sem gols será um bom resultado.

Mais adiante, especialmente em jogos dentro de casa, acho que dá pra sacar o Ramiro, por exemplo, e colocar um volante/meia mais criativo.

O que não dá é para insistir com um esquema que serviu enquanto era vencedor.

Espero que Renato não tenha esquecido a sua frase: esquema bom é o que vence.

ALEX

Alex parece que é o líder do movimento para mudar o calendário do futebol, que realmente tem jogos em excesso. Mas sempre foi mais ou menos assim. Alex sabia disso quando voltou.

Um calendário puxado é pesado, e pesa muito mais para jogadores em final de carreira. É o caso de Alex e de alguns outros. Ele parece estar lutando em causa própria. Não importa.

O que interessa é que há jogos demais, e a maioria deles muito ruins.

Os jogadores querem uma reunião com a CBF. Nada mais justo. Mas na hora da negociação a reunião irá terminar assim que os velhinhos malandros da CBF fizerem a seguinte proposta:

redução de 20% no número de jogos e do mesmo percentual no salário de cada profissional.

A reunião vai terminar na hora.

A volta do boêmio e a crise colorada

Quando saí de Porto Alegre rumo ao paraíso baiano, o Grêmio era candidato forte ao título – a despeito de opiniões contrárias do centro do país e de muita gente da imprensa gaúcha.

Uma semana e três jogos depois, estou aqui no aeroporto de Guarulhos, numa conexão com cinco horas de espera, pagando caro para matar a saudade do teclado.

Fiquei alheio a tudo nesses últimos dias. Acompanhei o futebol gaúcho através dos emails do cornetadorw. Só fiquei sabendo da derrota para o Atlético Mineiro, ocorrida exatamente no dia em que iniciei essa viagem de férias, no final da noite de domingo.

Depois, o empate contra o Santos por 1 a 1. Soube dele só no dia seguinte ao ler um email do RW. Golaço de Elano após jogada de Vargas e uma falha de Dida, no gol de Willian José.

Sábado à noite, ontem, estava num restaurante à beira-mar, em Porto Seguro, enfrentando um filé de badejo armado de caipirinha e cerveja gelada, quando vi que estava iniciando o jogo do Grêmio.

A TV estava distante, mas deu pra ver que o time continua com extrema dificuldade para criar situações de gol.

Vi, também, que o bandeira errou ao marcar impedindo no gol do Grêmio. Foi um lance difícil para o auxiliar. Por isso, não vejo sacanagem na anulação da jogada.

Para encurtar esse papo de retomada, a conclusão é de que o técnico Renato precisa reencontrar o caminho das vitórias o mais rápido possível.

Ainda acredito no título. Lembro que o Grêmio chegou a liderar o Brasileirão com 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado e acabou perdendo o título para o São Paulo.

Então, nada está perdido. Ainda.

Que fique claro que o Grêmio é o único clube gaúcho ainda com alguma chance de impedir o título do Cruzeiro.

O Inter pode, no máximo, pegar uma vaga na Libertadores. No máximo.

Já o Grêmio, a seguir nesse ritmo, se encaminha para sair do G-4 e fazer companhia ao Inter.

Nos últimos três jogos o Grêmio somou dois pontos em nove. Ridículo.

Fez apenas um gol e levou dois.

Quer dizer, a defesa segue eficiente, mas a um preço alto, porque o esquema de Renato com jogadores de meio-campo bons de marcação e ruins na criação de jogada contribui para o péssimo rendimento do ataque.

Está na hora de mexer no esquema – talvez jogar com apenas dois zagueiros – e colocar mais qualidade no time.

Agora, o objetivo imediato passa a ser superar o Corinthians pela Copa do Brasil. Este é o título que está mais ao alcance tanto do Grêmio como do Inter.

DUNGA

Acabei de chegar em casa depois de sobreviver a uma viagem com muita turbulência. Levei um cagaço, com o perdão da palavra. Borrei-me pierna abajo.

Ainda na esteira, esperando a bagagem, recebo um email do Adriano, parceiro aqui do blog.

Pelo teor, deduzi que o Inter havia empatado ou perdido o jogo contra a Portuguesa.

No caminho, o taxista, coloradaço, me disse que foi empate. Ele quer a contratação de Abel.

Eu retruquei que “Celso Roth vem aí…”. Não, ele não aceita o Roth. Quer o Abel.

O fato é que os dias de Dunga estão contados.

Ao chegar em casa, ligo o rádio: o Inter havia levado um gol no final. Perdeu por 1 a  0, em casa, para um dos candidatos ao rebaixamento. Vexame.

Por essas e outras que empatar com o Vitória não é mau resultado. Ruim mesmo é perder em casa para o Atlético Mineiro.

A rodada está repleta de resultados surpreendentes. Até o Cruzeiro desta vez não somou três pontos.

Acredito que o Cruzeiro também terá uma queda no campeonato. O Botafogo perdeu, e insisto que ele não ficará entre os quatro da ponta de cima.

Está tudo muito indefinido, embora o time mineiro seja mesmo favorito ao título, consagrando o treinador Marcelo Oliveira, que há tempos vem fazendo bons trabalhos e que sugeri ao Grêmio antes da nefasta contratação de Luxemburgo.

O que me parece inevitável é a queda de Dunga, apesar da blindagem armada por setores da mídia em torno dele.

A Copa do Brasil é o fio tênue que prende Dunga ao Inter.

Ah, o presidente Luigi garante Dunga até o fim do ano. Então tá.

ÍNDIO

Jogadores do Inter ainda não se deram conta. O Brasileirão não é igual ao Gauchão.

No Brasileirão, cotovelada é punida com expulsão.

O Clube que Nasceu Imortal

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“Aos quinze dias de setembro de mil novecentos e três…” nascia o Grêmio.

O Boteco do Ilgo e a WComm – Comunicação e Marketing –  não poderiam deixar de exaltar os 110 anos de fundação do Grêmio, o primeiro clube do RS a conquistar o título mundial de futebol.

Assim, depois das consagradas 1983 – A Cerveja Campeã, Mazembier, Kidiaba e Olímpico, está chegando agora a 1903.

Uma cerveja mais do que especial, elaborada com o melhor malte alemão, leveduras e lúpulos selecionados.

1903 – Reserva Especial.

Aguarde!

Obs: o rótulo é criação do Diretor de Arte e gremista, claro, Ricardo Lopes, utilizando foto da primeira formação do Grêmio em jogo disputado dia 6 de março de 1904.

ATENÇÃO – As cervejas ainda estão fermentando.

Passo a passo de uma demissão

Passo a passo do caminho que leva à demissão do treinador de futebol:

1 – após uma série de resultados insatisfatórios começam a surgir manifestações discretas de desagrado entre torcedores e cronistas esportivos, em especial os simpatizantes do clube em questão;

2 – diminuem os defensores do técnico, que passam a fazer críticas em tom crescente de irritação, destacando que depois de meses de trabalho o time segue mal organizado taticamente;

3 – a situação começa a ficar grave mesmo quando um dirigente afirma, logo depois de um resultado negativo, que o time tem potencial para render muito mais, numa crítica ao trabalho do treinador;

4 – o treinador, sentindo-se acuado e sob pressão, muda seu comportamento e começa a ser mais atencioso e gentil nas entrevistas mesmo depois de empate ou derrota;

5 – no jogo seguinte, depois de novo resultado frustrante, outro dirigente afirma que o treinador está garantido até o final da temporada, insistindo que o torcedor é passional e o dirigente precisa ser racional;

6 –  o dirigente diz ainda que seria fácil jogar para a torcida e trocar o treinador, porque existem muitos bons treinadores disposição;

7 – o presidente do clube comparece a um treino simples logo após ao resultado negativo para mostrar que está ao lado do treinador e da comissão técnica;

8 – a situação começa a ficar insustentável quando após nova derrota e outra atuação ruim o presidente proclama com falsa serenidade que não há motivo para preocupação e que o treinador tem total confiança da diretoria e está PRESTIGIADO.

9 – pronunciada a palavra mágica, a senha mortal, a demissão é questão de horas, e pode ocorrer ainda no vestiário, na viagem de retorno ou após a chegada, por telefone ou pessoalmente.

10 – confirmada a demissão, todos lamentam, principalmente os jogadores, todos ficam chorosos, repetindo que o ‘professor’ não tinha culpa pelos maus resultados.

A descrição acima pode sofrer variações de forma e conteúdo, inclusive com algumas etapas sendo queimadas, mas em linhas gerais é o que costuma acontecer.

Qualquer semelhança…

PAIXÃO

Interessante a entrevista de Paulo Paixão à Guaíba no final da tarde desta sexta-feira. Ele diz que no primeiro gol do Vitória o jogador entrou para dividir a bola e teve sorte. Na verdade, o jogador já foi determinado a encobrir o goleiro colorado, até como último recurso na jogada.

Mas o principal é que Paixão ficou ao lado de Renato Portaluppi, ao afirmar que o importante é vencer e não jogar ‘bonitinho’. Com isso, contraria o D’Alessandro. Paixão ainda lembrou do Barcelona que perdeu para o Bayern. Os vitoriosos é que entram para a história, concluiu Paixão.

O preparador colorado ainda comentou que o time do Inter tem faixa etária elevada, o que pode influenciar no rendimento físico da equipe especialmente contra equipes jovens como a do Vitória.

HOMENAGEM

Belo texto do Mauro Beting sobre o Grêmio:

http://blogs.lancenet.com.br/maurobeting/

FÉRIAS

Domingo estarei me retirando por uns dias, uma semana mais exatamente.

Se eu conseguir largar por alguns instantes a água de coco, a caipirinha, o chopp e os petiscos à beira-mar, à sombra dos coqueirais, prometo dar uma atualizada no blog.

A chave do boteco deixo com o Francisco, aquele ranzinza que fica lá no canto, na última mesa à direita, empinando um 12 anos, sempre se vacinando contra eventuais novas frustrações no futebol.

Comportem-se.

Celso Roth vem aí?

Se o Walter não comer antes, a batata do Dunga vai assar. E vai assar muito rápido.

Por campanha até superior a esta, outros treinadores foram escorraçados do Inter. Não vou citar nomes porque a lista é longa.

Dunga só não caiu porque ainda é respeitado e, sem dúvida, temido pela maior parte da imprensa.

Mas agora a situação mudou de figura. Ninguém esperava um empate com o Vitória depois de estar vencendo por 2 a 1, jogando com o apoio de sua torcida, que, aliás, foi em número reduzido a NH. Medo das arquibancadas móveis ou desânimo com o time? Ou as duas coisas?

Dunga foi chamado de burro. Quando isso acontece é o começo do fim. Toda a revolta nem é tanto pelo empate, mas principalmente porque o Inter escapou de ser derrotado. Sim, derrotado.

E olha que o Vitória tem um time que entra em campo pedindo pra perder. O Inter apertou cinco minutos e fez dois gols, ambos com D’Alessandro.

Aqui entre nós, o argentino é um dos poucos que realmente parece integrar a ‘família Dunga’.

Aquela história de que Dunga tem o controle do vestiário pode ter acontecido em algum momento, mas passou.

Os jogadores não abraçam mais a causa Dunga. Não, não fazem corpo mole. Só não são mais Dunga Futebol Clube. Com exceção do D’Ale e mais uns dois ou três, entre eles o Índio, que é ‘cavalo cansado’, expressão que um luminar do Grêmio usou certa vez referindo-se a Mauro Galvão. O ‘cavalo cansado’ foi dispensando e acabou ganhando tudo e mais um pouco com a camisa do Vasco. Mas Dunga, este sim, está muito próximo da aposentadoria.

Aliás, no começo do ano eu disse aqui e em alguns programas que o Inter tem uma defesa fraca. Que ficou pior com a saída de Moledo. Então, penso que hoje ninguém mais questiona esse fato que apontei há muito tempo, recebendo em troca o desprezo de colorados.

Mas voltando à batada do Dunga.

O vice-presidente Marcelo Medeiros é candidato à sucessão de Luigi, chamado de ‘seminarista cansado’ por um seu desafeto rancoroso.

Marcelo disse depois da derrota para o Santos que o Inter tem time para obter melhores resultados.

É a senha. O treinador não está sabendo explorar o potencial do time maravilhoso que a direção montou. Sim, os dirigentes na hora do aperto sempre dizem que o time é bom e que o treinador é que não sabe tirar proveito disso.

Numa comparação com Renato, que pegou o bonde andando e quase saindo dos trilhos, Dunga está perdendo, e feio.

Essa comparação sem dúvida está sendo feita nos bastidores do clube. A mídia faz de conta que não vê. Evita a comparação porque aí teria que enaltecer Renato e diminuir Dunga.

O fato é que Marcelo Medeiros não vai permitir que sua candidatura naufrague por causa do treinador.

E Luigi, especialista em ganhar tempo, talvez tenha que agir rapidamente desta vez.

A torcida pediu Abel Braga, que ganhava R$ 1,1 milhão por mês no Fluminense.

Desconfio que ‘Celso Roth vem aí’.

Três pontos e os dribles que iluminaram a noite

O drible é das coisas mais bonitas do futebol.

Um drible que deixa descadeirado o marcador vale o ingresso. E se esse drible vier acompanhado de uma vitória, então, em meio a um futebol áspero e sem criatividade, mais merece ser valorizado, festejado, saudado.

Por isso, presto minha homenagem ao jovem estreante Wendel, um neguinho arisco, ousado, driblador. Uma grata revelação. Depois dele, Maxi Rodriguez, que parece ter aprendido que toda a chance que se recebe deve ser aproveitada ao máximo, sem temor, sem medo de ser feliz.

Esses dois foram a cereja do bolo dessa vitória do Grêmio, que bateu o Náutico por 2 a 0 – vingando o coirmão colorado que levou 3 a 0 também em Pernambuco – jogando um futebol angustiante. Mais uma vez um futebol que dá esperança aos secadores, porque fica naquele 1 a 0 e não cria chances de gol para ampliar. Fica-se com a sensação de que a qualquer momento os três pontos podem se tornar apenas um.

O segundo tempo, depois de livrar vantagem com gol de Barcos cobrando pênalti, foi preocupante. No futebol, hoje, qualquer bola alçada na área é perigo de gol, com qualquer ataque e qualquer defesa. Tudo pode acontecer.

Quando Maxi Rodriguez entrou, o Grêmio se limitava a garantir a precária vantagem no marcador. Uma vantagem ameaçada por um jogador apenas, o atacante Hugo, que levou pânico ao sistema defensivo algumas vezes. Está aí um jogador que merece ser melhor observado.

Em sua primeira bola, Maxi não foi aquele jogador tímido e inseguro de outras vezes. Ao contrário, ele fez o que Renato fazia em seu começo de carreira no Grêmio: partia pra cima da marcação como se estivesse jogando uma pelada na beira da praia.

Maxi teve um começo avassalador. E só foi parado com um pontapé que deveria determinar a expulsão do zagueiro, mas que ficou apenas no cartão amarelo.

Mais adiante, Maxi deu uma puxeta de leve para Paulinho, outro jovem promissor que Renato está lançando; Paulinho aparou e chutou forte, a bola desviou no zagueiro e entrou.

Com os 2 a 0, faltando uns dez minutos para terminar, tudo ficou mais tranquilo.

Os 3 pontos estavam garantidos. E isso é o que realmente interessa, jogando feio ou bonito, com dribles ou chutões. Mas com dribles sempre fica melhor.

A noite só não foi melhor porque o Cruzeiro virou contra o Goiás e o Botafogo venceu o Corinthians por 1 a 0, com gol já nos acréscimos. Já o Atlético Paranaense ficou no empate.

Destaco, ainda, em contraste com a habilidade de Wendel e Maxi, o zagueiro Gabriel, que me lembra muito o Wander Wildner. Gabriel foi decisivo. Foi punk como o cantor. Com ele não tem brincadeira. É um seguidor fiel de um velho ditado: bola pro mato que o jogo é de campeonato.